Um negócio pode ser visto por suas características mais concretas, sua parte grosseira, como o número de funcionários, quanto gera de lucro, o tamanho da sede ou quantas filiais possui. Essa unidade de medida costuma ser a mais mencionada em jornais e sites de notícias. Não é raro ouvirmos que uma determinada empresa cresceu x% e, por isso, hoje representa alguma nova tendência.
Mas para além disso, há um aspecto muito mais profundo que às vezes passa batido. Todo negócio parte de uma ideia.
Essa ideia pode ser uma visão, no sentido mais amplo da palavra, como a visualização de um futuro. Ou pode partir de um olhar clínico que identifica um determinado problema e consegue decupar isso em um processo que o soluciona de forma simples e replicável, tornando a medida utilizável por muitas pessoas.
Essa visão industrial costuma ser associada a empresas com fama predatória, mas quando somada a um certo senso de empatia e uma forte motivação interna, negócios bastante benéficos podem surgir. Se pudéssemos resumir o modus operandi do Facundo Guerra, certamente passaríamos por algo nessa linha, mesmo considerando que sua principal área de atuação é a de entretenimento. “O entretenimento fornece uma válvula de escape sem a qual a dimensão humana não existe”, afirma Facundo.
Para ele, toda relação de trabalho é pessoal e vinculada a uma dimensão ética que não pode excluir também os aspectos humanos e implicações para além da linha de produção. “Eu não consigo entender quando alguém fala ‘é só business’”.
Ainda assim, e mesmo considerando sua fama de rei da noite paulistana e as atuações em espaços como o Mirante 9 de Julho – querendo ou não, um espaço aberto que muito contribui pra paisagem da cidade -, ele se nega a ser considerado um patrono, mecenas ou benfeitor. “Eu não sou poder público, não sou mecenas, não sou o bonzinho do pedaço, nem quero ser visto assim. Meu trampo passa por investigação de se perguntar o que é São Paulo.”
“O mal de todo empreendedor é querer conquistar o mundo. Eu não estou preocupado com o mundo. Eu estou preocupado com o meu bairro, com o centro da cidade. É esse o meu universo.”
Facundo prefere se posicionar em algum ponto entre o velho mundo da corporação e o novo empreendedorismo, atuando de um jeito que, sim, gere lucros, mas que também seja bom para quem consome e para quem trabalha.
Para além dos lucros, ele sabe que há outras moedas em jogo e é categórico: “reputação é a coisa mais importante que eu tenho”.
Índice
0:20 – Como você se define em meio a tantas facetas diferentes? “Uma característica que sempre cultivei foi ser curioso.”; “O primeiro impulso de cursar engenharia foi por pressão econômico”; “Cursar engenharia me emburreceu, eu me achava muito desinteressante”.
3:25 – “Quando você tem um diploma, seja ele de universidade ou de pós, ele é muito mais importante pra quem não tem do que pra quem tem”;
3:43 – Como define um dia de sucesso?; “Eu me apaixono pelo desafio que representa encontrar um problema, um problema que é muito íntimo, muito meu, e encontrar uma solução pra esse problema.”
6:03 – “A gente se descarrega no fracasso do outro”;
7:33 – O que deu errado?; “Tudo dá errado. Os pontos de falência às vezes você consegue empurrar pra frente ou pra trás. Mas dá errado. O que é dar errado? É parar de dar dinheiro? Eu tenho vários negócios que pararam de dar dinheiro.”; “Tudo o que a gente faz na vida tem várias dimensões”.
9:19 – Seu ideal passa por São Paulo?; “Eu não sou poder público, não sou mecenas, não sou o bonzinho do pedaço, nem quero ser visto assim. Meu trampo passa por investigação de se perguntar o que é São Paulo.”
14:00 – Você se blinda pra ter tempo de trabalhar? Como você se organiza pra implementar o que você se propõe?; “Consumir alguma coisa pra mim é um ato político.”; “Eu resolvi silenciar”.
16:12 – Sobre entretenimento; “O entretenimento cumpre uma função social importante.”; “O entretenimento fornece fuma válvula de escape sem a qual a dimensão humana não existe.”;
20:15 – “O mal de todo empreendedor é querer conquistar o mundo. Eu não estou preocupado com o mundo. Eu estou preocupado com o meu bairro, com o centro da cidade. É esse o meu universo.”
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Nota do editor
Com esse vídeo, terminamos o canal do Papo com apoio de Chivas. Ficamos muito felizes por termos conseguido dar andamento a esse projeto e também pelo resultado que rendeu ótimas conversas.
Estamos com intenção de continuar a série, então, é muito importante ouvirmos o feedback sincero de vocês sobre o que acharam até aqui e quais sugestões teriam.
Para quem ainda não viu, aqui estão as outras três edições publicadas até agora:
- Camila Achutti: empreendedorismo para conectar tecnologia e pessoas | O Papo #1
- Juca Kfouri, para não desistir do futebol, política e jornalismo | O Papo #2
- Pedrinho Fonseca: a memória, o afeto e a família | O Papo #3
Mecenas: Chivas
Acreditamos que o empreendedorismo, lazer e as boas conversas tem o poder de nos ajudar a vencer do jeito certo, por isso, Chivas será o Mecenas da primeira temporada d’O Papo: Conversas que realmente importam.
Vamos trazer pessoas que estão fazendo a diferença para dividirem suas ideias, provocar, questionar e porque não, brindar conosco.
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