Estava na balada quando percebi uma movimentação de homens em volta de duas meninas. Elas se roçavam uma na outra ao som de house e olhavam para os lados para ver quem admirava a performance.

Cheguei a tempo de ver o desfecho, um roçar de lábios sutil, disfarçado por puxadas tímidas no cabelo. Durou uns dez segundos, o suficiente para causar frisson entre os caras, que logo se apinharam em volta delas assim que a encenação acabou. Depois disso, nem mais um beijinho.

E eu, que já beijei mulheres com a mesma vontade com que já beijei outros homens, fiquei morrendo de vergonha. Afinal, roçar na amiga e fingir que pega mulher, apenas para chamar a atenção de um bando, é a mesma coisa que ler “1001 maneiras de agradar ao seu homem” e esquecer de agradar a si mesma.

Natalie Portman e Mila Kunis em “Black Swan” (que estreia em dezembro nos EUA).

Lesbianismo, só ser for pra valer.

Sou radicalmente contra experiências fake. Se você não sente tesão por mulher, não beije uma porque está na moda e, por favor, não encare um ménage à trois apenas para passar de moderninha. Ser moderna é bancar os próprios desejos e, sobretudo, respeitar o limite que eles têm.

Agora, se já imaginou uma mulher enquanto se diverte sozinha, se repara em corpos femininos com uma malícia difícil de admitir até para si mesma, então talvez esteja na hora de considerar a hipótese. Não é fácil. Se você não se banca emocionalmente, pode ter uma mega crise existencial pós ato. Além disso, ficar com alguém do mesmo sexo é como voltar aos tempos de adolescência e não saber o que e como vai rolar.

Já imaginou como seu corpo poderia se encaixar com um corpo mais, assim, parecido?

Minha primeira vez com uma garota

Na primeira vez em que beijei uma mulher, fui com tanta sede ao pote que, não contente com isso, a chamei para o meu apartamento. Apesar de eu estar empolgada, minha inexperiência deixou a desejar. Enquanto ela tinha uma técnica incrível de sexo oral – chupava enquanto fazia movimentos vibratórios com o meu quadril (leitores homens, guardem essa) –, eu, coitada, mal sabia onde colocar a língua.

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Devia, certamente, ter treinado mais nos amassos, com umas e outras, antes de partir para o vamos ver. Flávia, o meu primeiro beijo feminino, uma moça morena, de coxas grossas, cabelos lisos e longos, não parece ter ligado tanto assim. Ficamos juntas mais umas duas vezes e eu até tentei a técnica dela. Sem sucesso – era muito difícil – mas, pelo menos, tentei.

O fato é que tudo fica mais gostoso quando a gente explora as fantasias que tem e não as que os outros costumam ter com a gente.

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O primeiro beijo dela

Há cerca de um ano, passei por uma situação engraçada sendo o primeiro beijo de uma menina. Depois de ficarmos, ela me chamou para ir ao banheiro e, lá dentro, com uma cara assustada, me perguntou:

“Ai, será que eu sou lésbica? Nunca fiz isso antes.”

Eu estava sem saco para dar uma de psicóloga, mas se ela estiver lendo, vamos à resposta: eu não sei, mas certamente deu um belo passo para descobrir. Seja para se descobrir ou, como eu, apenas para se divertir, o que importa é ter coragem para fazer o que se quer.

E aí, hoje é o dia de pegar uma mulher?

P.S. para o leitor homem: se sua namorada tomar esse texto como pontapé de muitas aventuras, não precisa agradecer. Ele faz parte do nosso trabalho de formação de cultura por um mundo melhor.

Melissa Slaviero

Jornalista, acredita em duendes, viaja para procurá-los pelo mundo e enquanto você vai, ela está voltando.