Primeiramente, fora Trump.

A madrugada acompanhando a apuração dos resultados das eleições nos Estados Unidos foi longa, senhora e senhores. Longa como prometem ser os próximos quatro anos enquanto a cadeira do Salão Oval da Casa Branca estará sendo ocupada pelo empresário e magnata, Donald Trump.

Sim, nós vivemos pra ver isso.

A essa altura você que se interessa pelo assunto já deve ter lido todo tipo de análise política local e internacional com, certamente, muito mais competência do que qualquer coisa que nós possamos fazer por aqui. E essa nem é nossa intenção. Apenas queremos ressaltar um único ponto que nos chamou a atenção: o impacto superestimado que a mídia pensa ter sobre o poder político.

Melhor do que colocar isso nas minhas palavras, espaço para a opinião de Pedro Burgos, parceiro da casa e estudioso da comunicação que está imerso na sociedade norte americana há alguns anos:

"Mais de 99% dos jornais americanos endossaram oficialmente a Hillary. Todas as TVs, fora a Fox, (ainda que extra-oficialmente) fizeram o mesmo, assim como os maiores sites de notícias, com exceção do Breitbart e o Drudge Report, mesmo assim ela perdeu. Se 2016 provou algo que já deveria estar abundantemente claro há anos é que a 'mídia' tem muito menos poder político do que pensa que tem – e 100 vezes menos do que os críticos/acadêmicos acreditam." 

Na velocidade com que os fatos políticos se sucedem atualmente e diante de uma campanha completamente fora dos padrões, protagonizada por um outsider que se vendeu como um não-político na política (pera aí, já ouvimos essa história?), parece evidente que a mídia já não consegue dar conta de acompanhar a velocidade da realidade e está incapacitada de compreender a complexidade da trama política que envolve as pessoas e as leva a decidir por este ou aquele candidato na hora de votar. E como disse Burgos, se a mídia está atrasada e superestimada, o que dizer então da academia?

Leia também  E você, tem uma Mulher ou Labrador?

É por isso que se torna um exercício interessante avaliar hoje, no day after, a capa dos principais jornais norte americanos, todos incapazes de prever ontem, no day before, uma vitória maiúscula, ainda que não esmagadora, de Trump. Mas a análise dessas manchetes reunidas pela Vox, eu deixo com vocês.

Good night, America.

The Montgomery Advertiser: “Believe It.”

"Pode acreditar"

The Arizona Daily Sun: “Trump Elected in a Stunner”

"Trump eleito num susto"

The Los Angeles Times: “Stunning Trump Win”

"Vitória assombrosa de Trump"

The Denver Post: “It’s Trump”

"É Trump"

The Washington Post: “Trump Triumphs”

"Trump triunfa"

The Tampa Bay Times: “It’s President Donald Trump”

"É o presidente Donald Trump"

The Press Journal: “Florida’s Choice”

"Escolha da Flórida"

The Des Moines Register: “He’s Hired”

"Ele está contratado"

The Times Picayune: “Trump Towers”

"Torres de Trump"

The Star Tribune: “Trump Wave”

"Onda Trump"

The Winston-Salem Journal: “Election Shocker”

"Eleição chocante"

The New York Times: “Trump Triumphs”

"Trump triunfa"

The Wall Street Journal: “President Trump”

"Presidente Trump"

The Philadelphia Daily News: “I Can’t Look”

"Não posso olhar"

The Dallas Morning News: “Trump Triumphs”

"Trump triunfa"

The Milwaukee Journal Sentinel: “Trump Wins”

"Trump vence"

The San Francisco Chronicle: “Holding Our Breath”

"Segurando nossa respiração"

The Chicago Tribune: “Cliffhanger”

Algo do tipo: "Final surpreendente"

Ther Birmingham News: "Madam President"

E por último, o jornal de Birmingham que imprimiu a capa antes da apuração, estampou a tendência na capa e se deu mal, muito mal.

"Madame presidente"
Breno França

Editor do PapodeHomem, é formado em jornalismo pela ECA-USP onde administrou a <a>Jornalismo Júnior</a>