Pergunta: “Preciso muito de uma opinião sobre o meu caso.
Há um mês conheci um cara, em um curso que estava fazendo. Eu tenho 21 anos e ele 29 anos. Na semana seguinte ele me ligava quase todo dia, saímos algumas vezes, e sempre que estávamos sozinhos, rolava uns amassos mais quentes.
Aí ele sumiu por uma semana, liguei e ele disse que teve uns problemas na casa que ele tava morando, e teve que se mudar.
Aí, a gente se encontrou de novo, e ele sumiu de novo por uma semana! Achei uma falta de educação.
Ele me ligou falando que tava cheio de trabalho e blá-blá, combinamos de sair, ele desmarcou e marcou para outro dia. Fomos num barzinho onde ele me apresentou a uns amigos dele. Mas, aí, óbvio, ele sumiu! Isso me esgotou a paciência e como ele não vem atrás, e adora sumir sem dar notícias, terminei (se é que tinha alguma coisa para terminar entre a gente) com ele por e-mail.
Não gosto desse tipo de coisa, terminar por internet, mas sempre que eu ligava para a gente se ver, ele sempre desmarcava….achei melhor não correr o risco dele desmarcar de novo, e eu perder a chance de falar tudo. Eu gosto dele, mas gosto mais de mim.
As minhas dúvidas são:
– não entendi até agora qual é a dele.
– se ele me responder (o que eu duvido) o e-mail, o q devo fazer?
Não precisa publicar o meu e-mail, mas gostaria de ter uma resposta sua sobre o meu caso, pois adoro a sua perspectiva sobre as relações.
Atenciosamente,”
– Gina
Minha querida,
mulheres, por sua natureza eminentemente verborrágica, prolixa e confusa, tendem a supervalorizar o valor das palavras. Qualquer pênis que consiga estabelecer contato com uma virilha feminina e coordenar dois ou três diálogos coerentes é visto como bom “material”.
O ponto mais importante de toda a pergunta acima, e que nenhum de vocês percebeu, tenho certeza, é a seguinte frase:
“Na semana seguinte ele me ligava quase todo dia”
Internamente, toda mulher solta fogos de artifícios quando se depara com um pau falante. Elas possuem uma brecha genética que as torna vulneráveis a homens com capacidade intermediária+ de comunicação, que conseguem manter diálogos agradáveis. Os famigerados PFs.
Encontrar um desses, para elas, é como levar a Quadra na Megasena, ela sabe que não está milionária, mas “sente algo diferente dessa vez, esse pode realmente ser um dos bons, o suficiente para que minhas amigas, familiares e manicure sintam inveja.”
Isso dispara uma série de pensamentos, inconscientes, e imagens mentais nas quais os dois estão… tomando sorvete no parque domingo à tarde rindo do ganso mais magrinho que tem dificuldade de acompanhar os amigos; rindo em conjunto publicamente, de forma ridícula, de uma piada interna que só tem significado para vocês; transando em público pela primeira vez após aquela grandiosa festa de casamento do seu tio-avô mulherengo, para a qual você resolveu convidar o seu peguete porque diz sentir o tal potencial nele sendo que estava só louca de tesão mesmo. E o rumo aparentemente desconexo tomado por esse parágrafo é nada mais do que um preview de 5s de uma típica linha de pensamento feminina, ainda que não tenha qualquer coerência com a realidade futura ou com o que ela de fato pretende fazer.
Gina, a resposta curta é: ele não está afim de você.
A resposta babaca tem 174 páginas e está a venda por R$33 no Submarino. Não acompanha sorvete nem comédias românticas do Hugh-comedor-de-putas-Grant.
A resposta Mastercard segue abaixo.
Homens, ao longo da história, aprenderam a operar guiados por máximas simples, com eficiência otimizada para cada situação, seja ela afetiva, profissional ou etc. Reconhecer esses conjuntos lógicos, e seus respectivos padrões de comportamento, deveria ser uma habilidade inata a toda mulher, se não gastassem tanto tempo falando, cuspindo vento.
O pau falante é o resultado evolutivo do sistema lógico conhecido como PAU-TESÃO, que visa maximizar os momentos de prazer propiciados por seu falo.
O bom PF descobriu que a maneira mais eficiente de completar essa triangulação reside na capacidade comunicativa, em dominar o uso certeiro das palavras. Sendo assim, se torna um expert.
Entenda, isso nem de longe confirma o estereótipo de que homens só querem sexo, ou de que pensam somente com a cabeça de baixo e não ligam para os sentimentos. Isso significa apenas que, na maioria do tempo, é mais proveitoso para nós agirmos dessa maneira. Evitamos transtornos, queimaduras emocionais e, o mais importante, temos uma ferramenta de seleção natural cruelmente eficaz.
Acompanhem.
O sistema P-T é como um piloto automático, o mantemos ligado e ele nos leva até onde queremos chegar. Objetivo completo, o SP-T reajusta nossa rota com maestria, rumo a novos e não-explorados destinos. Mentalmente, estamos dirigindo um iate com os pés na mesa de comando e saboreando uma dose dupla de Whisky on the rocks. A vida é boa lá fora, nada nos incomoda muito além de uma coceira nas costas.
Se a mulher não consegue quebrar nosso piloto automático, ela nunca será algo além de um prospecto afetivo secundário. Podemos nos tornar P.A.s, podemos nos tornar amigos de breja, confidentes de aventuras sexuais frustradas com terceiros, mas fica nisso.
E a querida Gina teve a oportunidade de fazer isso exatamente aqui:
“Aí ele sumiu por uma semana, liguei e ele disse que teve uns problemas na casa que ele tava morando, e teve que se mudar.
Aí, a gente se encontrou de novo, e ele sumiu de novo por uma semana! Achei uma falta de educação.”
Ele sumiu sem sequer abanar o rabo, e, ao retornar, foi prontamente atendido em seus desejos. Em nenhum momento precisou desativar seu script, apenas seguiu maximizando o prazer obtido.
Havia um leque de opções disponíveis:
a) pagar com a mesma moeda, sumindo por um tempo sem dar satisfação.
b) dando um chá de buceta nele e sumindo na sequência. arrisca te colocar na categoria fuck buddy somente.
c) aceitar o encontro, desmarcar na última hora e sair com outro
d) dar um sentada com elegância, nas linhas de: “Gostei muito de você e do modo como nos conhecemos e nos sintonizamos tão rápido, mas não quero me envolver com o tipo de homem que me trata como se fosse um cachorrinho pronto a abanar o rabo assim que o dono volta pra casa. É uma pena, pois tinha planejado uma surpresa que ia te deixar com sorriso de orelha a orelha… bom, fica pra próxima, querido, bjs e passar bem!”
—
O seu término via e-mail de um relacionamento inexistente vai soar apenas como o último respiro inseguro e desesperado de uma garota que já estava na lista C dele. Qualquer continuidade na interação vai ser persistir no erro, se sujeitar ao mesmo tratamento que vem recebendo, alternado com eventuais necessidades de sexo. Ignore e vire a página, Darwin agradece.
Dr. Love, espalhando amor pelo mundo
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