Todo homem passa por poucas e boas (ou péssimas, como quiserem) na vida.
Achava que já tinha visto de tudo, apesar da minha pouca idade. E olha que já presenciei muita coisa bizarra por aí. Mas quando a gente acha que não dá pra piorar, ou então que já viu tudo, vem algo e muda a história toda, e, quem sabe, a velocidade da rotação da terra também.
Agüentam o baque? Então segurem essa. Luís, meu primo, agora é com você!
A história do meu primo
…Todo homem se depara com alguns ritos de passagem ao longo de sua vida: o primeiro banho sozinho, a substituição do penico pelo vazo sanitário, são alguns exemplos.
Não diferente desses ritos, e também não menos importante, tem o momento em que deixamos o colégio, e vamos para a faculdade. Momento tão sonhado por nós, por causa das lendárias “festas de facul”.
O Vestibular e a grande preparação
Eis que eu acordei e pensei “Porra, semana que vem já tem vestibular, vamos beber pra relaxar”, e lá fui eu e uns amigos pro bar.
Essa foi minha rotina de preparação incansável para a famigerada prova, para a qual eu sempre estive cagando e andando.
Juntei-me a um grupo de amigos, e fomos fazer a prova na cidade mais próxima, pois na cidade em que morávamos não era possível. Fomos em 4 pessoas para a cidade, e ficamos no apartamento de um conhecido.
Como íamos ficar lá durante alguns dias, pensamos “precisamos fazer compras!”, e lá foram 4 adolescentes para o supermercado.
Chegando ao mercado, pegamos rapidamente alguns frios, pão de forma, arroz, ovos, mistura, e chegou a hora mais desesperadora onde ninguém sabia o que fazer: a seção de bebidas!
Como pessoas bem responsáveis que somos, compramos para a primeira noite 2 fardos de cerveja, e 1 litro e meio de pinga, limão, e açucar.
No dia seguinte, regados a base de muita caipirinha e cerveja, fomos todos de ressaca fazer a prova. Segunda fase da FUVEST… quem se importa?
Segundo dia, decidimos fazer o mesmo, porém mudamos um pouco as bebidas, e de novo a maldita ressaca… e a prova.
Terceiro e quarto dia, igual. E voltamos para nossas casas, com a cara de quem cumpriu com o seu dever, com cara de pessoas responsáveis. E assim esperamos ansiosamente a divulgação da lista de aprovados.
Um dos meus amigos passou em Ciência da Computação na UFScar, e eu fiquei na lista de espera da USP, em farmácia e bioquímica.
Contente da vida porque estava bem classificado na lista, e tinha grande chance de ser chamado, larguei a minha vaga em Matemática na Unicamp, e esperei.
Então fui chamado na USP. Pensei comigo “Nenhuma ressaca é mais forte que eu mesmo”, e fui feliz da vida fazer minha matrícula. Levei trote do pessoal do cursinho, rapei a cabeça e tudo mais.
Então fui fazer minha matrícula.
Mas numa bela manhã de sol, uma bombinha de São João estourou ao meu lado e eu fiquei completamente surdo! ESPERA, PORRA! Confundi um pouco a história, pois tenho tanta sorte quanto o Joseph Climber, que a partir desse dia tornou-se meu ídolo. Afinal, como muita gente, eu teria desistido na congestão!
Enfim… cheguei lá na USP, e entreguei toda a papelada, quando de repente o tiozinho (que eu passei a odiar depois daquele dia) vira e me diz que havia um dado errado na minha ficha de inscrição, e que por isso eu não poderia fazer minha matrícula. Meus caros, eu escutava aquela voz ecoando “você não vai poder fazer matrícula!”.
Então ele me disse que eu teria que enviar um requerimento para a Reitoria, e que eles me dariam uma resposta.
Lá fui eu e fiz isso. Mandei esse requerimento em Março, e já estamos praticamente em Novembro, e até hoje espero uma resposta!
Aí parei pra pensar em como eu estava com sorte nesse começo de ano.
Sucessão de alegrias
Ligam em casa dizendo que meu irmão foi seqüestrado, depois passo em 2 vestibulares, abro mão de um para ir para o outro e perco minha vaga do outro, minha saúde piora e fico com suspeita de tuberculose, tive que encarar todos os amigos que me deram trote no cursinho de novo, virei alvo de um elefante voador e fui cagado 5 vezes em 3 meses (que pela quantidade de merda, aquilo não era uma pomba), me apaixonei por uma mulher que me usou e me fez de gato e sapato, e quando cansou de mim (uns 2 ou 3 meses) me deu uma bota, e descobri que estou com problemas hepáticos devido ao excesso de bebida durante meu vestibular…
Comecei a pensar “CARALHO! NEM VOU JOGAR NA LOTERIA, QUE CASO EU GANHE É CERTEZA QUE VOU PERDER O BILHETE!”.
Mas o pensamento que mais me corroia mesmo era “Por que tanta merda acontece comigo de uma vez só?”.
Você pode estar querendo me dizer “Cara, o jeito é beber pra esquecer…” mas nem isso eu posso, até esse fígado regenerar!
Sabe, eu era um cético dos mais infernais. Mas depois disso, eu acredito em tudo… fui me benzer, comprei amuletos, anéis, e tudo o que dizem que dá boa sorte. E comecei a ver as coisas de maneira positiva agora.
As coisas pararam de piorar. Viu só que bom? Não, nem tente me dizer que eu continuo na merda, por favor. É difícil tentar ser otimista nessas horas, e eu estou tentando me convencer que eu ainda tenho sorte! É, eu tenho sorte sim! Eu tenho sorte! Tenho sorte sim! É!
Bom, agora que tive que parar de beber, quem sabe eu num erro mais na minha ficha de inscrição, e consigo finalmente passar por mais esse rito de passagem, e me tornar um homenzinho universitário, né?
“Boa sorte, cara… você vai precisar de toda a sorte que existe”
É, eu sei, valeu! Esse ano vai. Se não for, eu me depilo, viro travesti e vou tentar a vida na prostituição. Que não vai ter como ficar pior!
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