Nota do editor: A Garagem é a nova coluna do PdH, feita especialmente para quem gosta de carros, motos e esportes motorizados. Deem as boas vindas ao Lucas Rizzollo, autor da coluna e, como sempre, deixem suas impressões, elogios e sugestões nos comentários. A casa agradece e muito. 🙂

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Você finalmente decidiu, seu novo companheiro de garagem foi escolhido.

Porém, não basta apenas entrar pela porta e apertar a mão do primeiro vendedor que aparece oferecendo um cafezinho. Nas entrelinhas deste mercado vamos te dar as melhores dicas antes de fechar negócio no tempo certo.

Voz de locutor: "O melhoooor carro do mundoooo…!!!"

1. A primeira e mais importante lição é sair de casa preparado

Não, não é de desse tipo de preparação que estamos falando, né, Macgyver.

Estar preparado é sair de casa sabendo exatamente o que vai comprar e o preço médio praticado.

Hoje a maioria dos sites já disponibilizam um aba “monte o seu”. Nela é possível selecionar o modelo, cor e opcionais e obter o valor final. Se sobrar um tempo livre dá até pra montar a Porsche dos seus sonhos. Não que eu tenha feito isso, e não que seja preto com rodas douradas e pinças de freio vermelhas capota escura; enfim.

Outra informação importante é o preço do seu usado – caso for uma troca. Um dos melhores lugares para isto é o Webmotors, um site com venda de de carros de todo o Brasil, separados por modelo e ano. Além, é claro, da tabela Fipe, usada atualmente como base de preço pelas seguradoras.

No caso da troca é importante saber que financeiramente sempre será mais vantajoso vender seu usado no particular do que na concessionária. Isso porque os lojistas têm gastos com a transferência e também lucram com isto, é claro.

Mas se a compra tem urgência, saiba ao menos o preço médio do seu usado. Assim, na hora da negociação, você saberá se aquele mega desconto no carro novo não “surgiu” diretamente da desvalorização do seu usado.

2. Faça o Test Drive

Isso geralmente não acontece em um test drive, você sabe, né?

Se antigamente era burocrático e raro, agora já tem loja oferecendo café da manhã e test drive juntos. Até mesmo marcas de luxo oferecem o teste antes da venda. Para aproveitar ao máximo é preciso saber avaliar o carro como um todo. Abra o porta malas, veja o espaço dos bancos, os controles, experimente também o banco de trás. Se você anda sempre com o carro cheio, leve amigos junto ou família. Se não vive sem ar condicionado (Celta preto feelings) faça o teste com este equipamento ligado. Pegue subidas, lombadas, estacione, se conseguir pegue um trecho de estrada para sentir o comportamento do carro. E, principalmente, busque simular o uso mais comum no seu dia a dia. Só não precisa ficar parado na avenida para simular engarrafamento, ok?

Outro hábito que tenho é ler o espaço Teste do Leitor do site BCWS, onde os próprios donos escrevem avaliações dos respectivos veículos. É inacreditável ver como alguns reclamam do banco, do porta malas, dos porta objetos ou da pegada do volante! É típico de quem comprou o carro sem testar ou, pasmem, até mesmo sem ver antecipadamente; comprou só por foto ou por ouvir falar. Fique atento também que – em sua maioria – o carro de teste é a versão mais completa, equipada, potente e cara do veículo.

3. Compare

Cara, comprei um Land Rover e paguei super barato! Será?

Pode parecer meio óbvio, mas não veja carro em apenas uma loja. Procure uma concorrente, outra concessionária em uma cidade próxima ou mesmo uma loja multimarcas.

Por favor, me promete que não vai acreditar em promoções que acabam hoje!

Não acredite que se não fechar negócio nos próximos 30 minutos a promoção vai acabar e o carro vai se evaporar do pátio. O vendedor tem interesse em fechar a venda, afinal é o trabalho dele. Porém compre sempre com calma, bastante calma.

Eu mesmo nunca fechei negócio no primeiro dia de negociação. E não foram raras as vezes que duas ligações bastaram para que uma concorrência simples fizesse o valor final baixar.

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Outra dica é comprar no final do mês. Geralmente é o momento em que as metas de vendas estão sendo concluídas e os gerentes costumam ser bem mais flexíveis.

4. Fique atento sobre mudanças de ano/modelo e reestilizações

É, acho que desta vez exageramos um pouco no exemplo

Com um número cada vez maior de modelos concorrendo pelo mesmo consumidor, ser novidade é sempre um diferencial de venda para os fabricantes. Alguns carros recebem pequenas mudanças estéticas – chamadas de “facelift” a cada dois anos ou até menos. Além, é claro, de novas tecnologia e motores ou novas gerações.

Neste momento, quem acabou comprando o carro com o visual anterior terá mais dificuldade na hora da revenda. Então, se o carro que você escolheu está para mudar temos duas opções aqui: ou negociar um desconto do modelo atual ou esperar o lançamento da versão mais nova. Dependendo da sua prioridade.

Fique atento também nas letras pequenas do ano/modelo. Hoje um carro à venda pode ser basicamente 2017/2018, 2018/2018 ou 2018/2019. O primeiro número é o ano de fabricação do carro e o segundo é o modelo – geralmente o mais importante acaba sendo o segundo. Contudo são números fáceis de se confundir e cada carro muda de modelo e ano em momentos diferentes. Isto quando não temos como agora em Abril lançamentos de carros já modelo 2019. Tudo para fazer o consumidor trocar de carro cada vez mais cedo.

4. Vendas especiais

Uma conquista de liberdade

Existe alguns casos de vendas especiais ou também vendas diretas que garantem bons e polpudos descontos. A venda para empresas também chamada de “frotista” tem uma tabela especial – depende de quantos carros serão comprados, tamanho da empresa e o modelo escolhido – e a compra é feita diretamente da fábrica apenas intermediada pela concessionária.

Nesse caso não é raro descontos de 5% ou até 20%.

Outras categorias são taxistas e produtores rurais – que também tem descontos por categoria. Por fim, outro tipo de venda que está crescendo muito atualmente é a chamada PCD (pessoas com deficiência). Nela, além dos descontos, existe a isenção de certos impostos, baixando e muito o preço final do veículo. Até mesmo familiares tem descontos e algumas versões de carros são exclusivas para este tipo de consumidor.

5. Reta final –  cuidado com os acessórios/pintura

Vai um extensor de caçamba na conta senhor?

Na hora de concluir a compra, cuidado com as cores e acessórios. Já reparou que a maioria dos carros usados para trabalho são brancos e com pintura sólida?

Sabe aquele Uno com escada no teto a 140 km/h na estrada? Então, ele nunca é prata, chumbo ou vermelho. Isso acontece porque branco sólido é geralmente a opção mais barata de acabamento. A pintura metálica ou até mesmo perolizada pode subir facilmente em Três Mil Reais ou até mais na conta final de um mesmo veículo.

E ainda temos os acessórios vendidos como opcionais depois que o carro já está na loja. Alguns de instalação mais complexa e que acarretam a perda da garantia se colocados fora da concessionária não existe opção tem que ser instalados por lá. Porém outros acessórios mais simples como tapetes, películas escurecidas, e protetores de portas chegam a custar até quatro vezes mais nas concessionárias do que em lojas especializadas em acessórios.

Em suma, assim como qualquer outra compra, é preciso ter paciência, conhecimento e pesquisar, saber fugir de certas armadilhas e duvidar sempre quando a oferta parece ser boa demais para ser verdade.

E aí, apareceu mais alguma outra dúvida? Tem alguma dica você também? Entre na Garagem PdH e fique à vontade nos comentários.

Lucas Rizzollo

Jornalista especializado em carros e motos. Nascido com gasolina nas veias e fanático pelo o assunto desde sempre. Quando não está lendo ou escrevendo joga Poker e também Futebol Americano. Você pode seguir no <a>Instagram</a>."