O mindmap é uma forma diferente de representar ideias em formato mais gráfico do que aquele relatório feito no Microsoft Word. O aspecto visual é, de acordo com Tony Buzan, mais intuitivo e alinhado com a forma de funcionamento do cérebro.
Quando comecei a usar mapas mentais, eu gostava de rabiscar no papel usando canetas de diferentes cores, separando os braços principais do mapa conforme o tema ou importância.
Para ganhar mais eficácia, hoje em dia faço os mapas mentais no computador, pois podem ser indexados com facilidade e também integrados com o Evernote, um serviço de armazenamento e organização de informações com sincronização online.
Ao invés de gastar palavras descrevendo, resolvi fazer um mapa em tempo real no vídeo abaixo, anotando sobre uma animação da RSA Animate da palestra do Sir Ken Robinson sobre paradigmas de educação. Pra quem gostou do conteúdo, recomendo também essa no TED (“Escolas matam a criatividade”), com insights complementares e ótimas sacadas de humor.
Fiz questão de reforçar que essa não é a única maneira de se fazer um mapa mental e tenho certeza que existem outras formas muito mais visuais do que o resultado final, que compartilho em formato de imagem no fim do texto. Por exemplo, na abordagem proposta por Tony Buzan, existem elementos que não aparecem no meu mindmap, como por exemplo ilustrações que funcionam como recurso mnemônico.
No livro Mapas Mentais – Métodos criativos para estimular o raciocínio e usar ao máximo o potencial do seu cérebro, Tony Buzan utiliza a primeira parte para esclarecer modos de funcionamento do cérebro, como a clássica divisão entre o hemisfério esquerdo e direito. Se o hemisfério direito está ligado a cores, dimensões, imaginação e consciência espacial, o hemisfério esquerdo é ligado a palavras, lógica, números, linearidade, análise.
Porém, não é positivo se definir como uma pessoa “destra ou canhota cerebral”. Ao invés de dizermos que somos deficientes em uma determinada característica mental, temos de desenvolver o que ainda não foi suficientemente explorado. Não devemos nos limitar por determinismos. Esse foi o caminho de exemplos mencionados por Buzan, como Picasso, Einstein, da Vinci e Darwin, que aplicavam os princípios de mapas mentais e pensamento radiante de modo intuitivo.
A falha no sistema de anotações de aula
A parte central do livro de Buzan é que nossas anotações no formato de texto corrido, tópicos (bullet points) ou listas numeradas é que, ao final, temos um caderno com um emaranhado de palavras chave mal escritas em uma única cor.
A falha desse sistema é que muitos elementos do raciocínio são ignorados, como o ritmo visual, cores, imagens, dimensão, consciência espacial, gestalt e associação. Por isso que o processo de anotação muitas vezes se torna frustrante e chato. As palavras e ideias se perdem no meio do texto entediante que pode até induzir a mente a um estado de transe semi-hipnótico.
Isso tudo pode gerar uma frustração do estudante, conduzindo a uma espiral negativa em que o aluno perde a confiança em sua capacidade mental. Esse assassinato precoce de talentos é um dos maiores crimes praticados pelo nosso sistema de ensino atual.
Funções das anotações
Por que fazemos anotações? Ao responder essa pergunta, Tony Buzan facilita esclarecer qual a finalidade buscada para alterarmos as técnicas utilizadas.
Mnemônica: função de recordação. Os mapas mentais possuem benefícios por não sofrerem das limitações lineares monocromáticas.
Analítica: para elaborar o mapa mental, a primeira coisa é identificar a estrutura subjacente de informações apresentadas em forma linear.
Criativa: as melhores anotações são as que não apenas nos ajudam a lembrar e analisar informação, mas que funcionam como um trampolim para o processo criativo. Combinar informações recebidas do ambiente externo (palestra, livros) com anotações do mundo interno (referências, tomada de decisões, pensamento criativo).
Conversativa: idealmente, os mapas mentais não apenas capturam informações da fonte consultada mas também os pensamentos espontâneos que surgem durante o processo, em dialética entre autor e leitor.
Algumas dicas rápidas para o preparo dos mapas mentais
- Relaxe o corpo para aumentar a criatividade e percepção do que está sendo feito.
- O mapa deve ser agradável visualmente – evite caos, complexidade e poluição.
- Utilize imagens sempre que possível para as principais idéias.
- Use cores diferentes para subtópicos distintos e setas quando há conexão de idéias.
- Siga seu estilo pessoal.
- Bons materiais: utilize papéis e canetas de qualidade para tornar a experiência agradável, caso esteja usando papel.
- Bom software. No meu caso, gosto do Mindmanager da da empresa Mindjet, mas os meus amigos @gusfune e @gutomezencio me responderam pelo Twitter que usam o serviço gratuito MindMeister, que inclusive permite compartilhar arquivos e colaborar de forma muito interessante. Recomendo!
- Não deixe o perfeccionismo atuar como inimigo. Caso o mapa não saia como esperado, continue praticando e a experiência e tempo trarão bons resultados com a paciência.
Para assimilar os conceitos dos mapas mentais, Tony Buzan recomenda uma revisão após meia hora, um dia, uma semana, um mês, três meses e seis meses. Moleza para quem tem incorporado um Google Calendar ou uma agenda simples de telefone celular. Só adicionar um lembrete, coisa que o Elefante também faz muito bem.
Como eu faço mapas mentais sempre que participo de alguma reunião, meus colegas costumam de me chamar de MindMap Ninja. O que foi apresentado aqui é apenas uma versão do meu estilo pessoal, mas é importante seguir a dica do Buzan em cada um encontrar a forma que funciona melhor conforme sua personalidade e recursos.
Você tem outras dicas de criação de mapas mentais ou links interessantes pra compartilhar?
Para quem gostou do mapa que criei, segue abaixo o link para download do mapa feito, em formato imagem PNG:
Caso queira me ajudar com uma pesquisa que estou realizando sobre Lifestyle Design para 2011, prometo agradecer enviando por email a versão em PDF do mesmo mapa mental para quem responder sete perguntas rápidas aqui.
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