Quem diria que, depois de muitos anos ouvindo as nossas mães dizerem “Menino, sai do videogame que isso não te leva a lugar nenhum!”, o sermão fosse perder o sentido.
Começou, em São Paulo, a etapa nacional do World Cyber Games, o maior campeonato de jogos eletrônicos do mundo. Além de distribuir prêmios aos vencedores, a etapa nacional selecionará a delegação que vai representar o brasil na final internacional, que acontecerá em Los Angeles no final do ano. A concentração de viciados começou hoje no shopping Eldorado e vai até domingo.
Os videogames fizeram parte da infância, adolescência e vida adulta da maioria das pessoas que acessam o PapodeHomem, sobretudo, daqueles que nasceram na década de 80 em diante. São poucos os que não tiveram a oportunidade de conhecer as aventuras do Super Mario e do porco-espinho Sonic.
Mesmo existindo as frases de repreensão dos pais para os moleques que ficavam horas na frente da TV com o controle na mão, sempre houve a formação de gamers viciados, que deixavam até de ter vida social para melhorar suas habilidades no mundo virtual – uma realidade que talvez persista nos vencedores desses campeonatos.
Ao final do World Cyber Games 2009, o gerente de marketing da Samsung, empresa que patrocina o evento mundialmente, disse que montaria, em outubro, um centro de treinamento para os representantes do Brasil no evento mundial.
OK, eu sou bem adepto do vídeo-game, aqui na república onde moro fazemos campeonatos de jogos de luta e corrida, a gente sempre se diverte… Mas, porra, centro de treinamento?! Que equipe apoiaria o desenvolvimento dos “atletas”? Outros viciados em videogame? Médicos ortopedistas e fisioterapeutas pra cuidar das lesões por esforço repetitivo (LER) de tanto jogar Guitar Hero?
Link YouTube | Campeã de Guitar Hero (em outra competição, claro) treinando em casa.
Mas fica evidente que é mais uma jogada de marketing mesmo, já que esse evento sempre atrai a atenção de milhares de curiosos. Se eu estivesse andando por aí e visse um campeonato de videogame, com direito a show de rock (sim, o Andreas Kisser vai dar uma passada por lá) e um estardalhaço em efeitos especiais e luzes, pararia para ver com certeza.
Pra fechar, deixo uma resposta para o sermão materno, na época impensável para nós:
“Leva sim, mãe. Se você me deixar jogar bastante, posso ir pra Los Angeles ganhar dinheiro e representar o Brasil, tá? Mas só se você deixar eu jogar bastante mesmo!”
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