Desde que comecei essa coluna dividi com vocês receitas e histórias de drinks que considero fodas por critérios absolutamente pessoais. E hoje escolhi alguns que inclusive já fiz aqui, pra falar da minha relação com eles e porque eles dão sentido à minha vida.
Como aficcionado por mixologia que sou, cada gole vem sempre carregado de muitas traduções de sabores, histórias, lembranças e ideias.
Com vocês os cinco drinks:
1. Daiquiri
Link para receita do Daiquiri com vídeo.
Esse drink me recorda muito minhas raízes. Morei muitos anos na última praia do litoral brasileiro, lá no extremo sul do país, onde o aroma da maresia carregada pelo vento sul, o Minuano, sopra das águas salgadas e frias do Atlântico podendo ser sentido por toda a cidade.
Essa combinação simples de rum, suco de limão e açúcar tem um sabor que remete muito ao clima de cidades litorâneas. Então beber um bom Daquiri é como fazer uma viagem ao passado encontrando lugares e pessoas da minha infância. Essa é a grande magia de um drink: me levar de volta a períodos longínquos da vida sem que necessariamente fizessem parte dela nessa época.
2. White Russian(floater)
Link para receita do White Russian com vídeo.
Talvez o que mais tenha tomado até hoje. Sua composição simples de vodka, licor de café e leite (ou creme de leite) me cativa tanto que escolhi este como meu último do período de homem solteiro. Tomei antes de sair de casa para meu casamento, representando toda a certeza que tinha de saber quem eu era e como fazia sentido à minha vida tudo que estava acontecendo.
O aspecto emocional de um drink é dado por quem o bebe no momento que o pedimos para registrar com mais ênfase um fato de nossas histórias. Assim ele deixa de ser o drink de um instante para tornar-se um ponto de referência em nossa narrativa pessoal.
3. Dry Martini
Link para receita do Dry Martini com vídeo.
Tenho uma ligação espiritual com ele, pois seus ingredientes me despertamm sentimentos muito distintos.
O gin, que é o destilado que mais admiro por sua incrível complexidade de aromas e sabor marcante. Uma verdadeira obra-prima da destilaria. E o vermute, bebida da qual meu avô – minha maior inspiração – era um grande entendido. Passou a vida com prazer atrás do balcão e deixando clara sua satifação pelo que escolheu fazer da vida a cada copo servido.
Meu velho conhecia centenas de ervas usadas em sua composição e criava suas próprias infusões em vinho, fazendo vermutes artesanais que só ele tinha. Assim, aprendi o doce prazer da exclusividade doss ingredientes.
4. Singapore Sling – essa receita ainda não fizemos por aqui, aguardem…
Link para receita do Singapore Sling.
Não tenho muita disposição para cocktails tropicais, principalmente os que vêm em copos long drink pra lá de enfeitados.
Gosto da simplicidade. Além de apreciador da coquetelaria old school sou adepto da filosofia Groupiana, “menos é mais”.
Mas isso não se aplica nesse caso. Esse drink oriental realmente me fascina pela bomba aromática que é e pelo harmonioso casamento do Benedictine com abacaxi e gin. Esse sem-fim de misturas fez o drink conquistar minha simpatia naqueles momentos de romper com o padrão. Tem pra mim o mesmo efeito de cantar uma música do Wando, Odair José ou Falcão. Breguinha, mas na medida certa torna tudo mais alegre e necessário.
5. Shiva:
Link para receita do Shiva com vídeo. (essa é uma receita original da casa, então nem o Google tem foto dela)
Esse drink tem uma simbologia muito simples no contexto: foi o primeiro drink que fizemos nesta coluna. E hoje, após pouco mais de um ano, surge uma feliz coincidência. Irei para a Ásia nesta quinta-feira em uma viagem com alguns blogueiros de outros países que, como eu, fizeram parte do Nightlife Exchange Project da Smirnoff, que passará pela Thailândia e acaba na a Índia, berço da receita original do drink. Por isso ele se tornou tão importante na minha vida, representou o primeiro passo de uma caminhada que chegará ao outro lado do mundo daqui alguns dias…
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Acredito ter conseguido ilustrar um pouco do fascínio e da presença que a mixologia tem em minha vida. Além disso, uma forma pensante de se relacionar com a bebida, ao invés de simplesmente “virar o copo pra ficar doidão”.
E vocês, quais drinks têm uma relação direta com momentos de suas vidas? O que acha necessário para que um drink venha a representar um marco em sua história? Como fazem essas associações? Contem aqui embaixo como se dá essa relação, mesmo que seja com cerveja.
Se quiserem acompanhar em real time minha viagem pela Asia, fiquem ligados no meu twitter e no meu facebook. Caso queiram falar diretamente comigo, mandem e-mail para drdrinks@papodehomem.com.br.
Semana que vem tem mais, um beijo!
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