Quando você pergunta para um gringo qual imagem ele faz de um brasileiro, na média, ele dirá que imagina uma pessoa feliz, simpática, extrovertida, disposta. Mas se uma pequisa recente da ONU revelou que o Brasil está caindo no ranking de países mais felizes do mundo, agora, uma outra pesquisa realizada pela Universidade de Stanford também nos classificou como um povo preguiçoso.
Isto porque os pesquisadores concluíram que o brasileiro anda pouco no seu dia a dia. Eles compilaram dados de mais de 717 mil usuários do aplicativo Argus que conta os passos do dono do smartphone. Foram mais de 111 países listados, dos quais 46 entraram para a lista por ter mais de mil usuários e o Brasil ficou na 7ª posição se você contar de baixo pra cima.
O resultado é preocupante porque o brasileiro com seus 4.289 passos ficaram bem abaixo da média mundial de 4.961. Para ter uma ideia, Hong Kong ficou na topo do ranking com 6.880 passos diários, seguido pela China, com 6.189, e Ucrânia, com 6.107.
Na parte de baixo, os seis países que foram pior do que o Brasil foram: Catar (4.158), África do Sul (4.105), Filipinas (4.008), Malásia (3.963), Arábia Saudita (3807) e a lanterninha Indonésia com 3.513.
Influência
Apesar dos dados confirmarem o crescimento da obesidade no país segundo o que apontou o Ministério da Saúde em abril, os pesquisadores responsáveis pelo estudo publicado na conceituada revista científica Nature afirmaram que o número de passos é uma variável menos importante para o estabelecimento de uma população obesa do que outras.
Eles se basearam em outro dado para apontar que, por exemplo, a diferença no número de passos entre o grupo mais ativo e o mais sedentário conta mais para dizer se aquele país tem muitos obesos ou não. O exemplo apontado por eles para justificar isso foi o caso de Estados Unidos e México. Apesar dos países vizinhos terem médias de passos parecidas (4.774 vs 4.692) existe entre os americanos um grupo de "super-ativos" maior que puxa a média pra cima, enquanto entre os mexicanos, a quantidade de atividade é distribuída mais igualmente o que faz com que na parte de cima da fronteira haja mais gordinhos.
Outro fator analisado pela pesquisa é a diferença de atividades entre homens e mulheres. Segundo eles, em países como o Japão, as taxas de atividade são muito parecidas, mas já em lugares como a Arábia Saudita, as mulheres ficam muito atrás, o que eleve o índice de obesidade entre elas.
Alternativas
Os cientistas comemoram o fato de conseguirem fazer esse tipo de pesquisa com base no Big Data e, para além das más notícias, propuseram soluções para combater a preguiça e o sedentarismo.
Há um consenso sustentado em estudos preliminares de que um dos principais fatores que desencadeiam a acomodação é a dificuldade que algumas cidades impõem para que os pedestres caminhem. Com foco nos Estados Unidos, eles avaliaram que em cidades como Nova Iorque e São Francisco, há pavimentos e toda uma arquitetura urbana mais amigável aos pedestres se compararmos com Houston ou Memphis, por exemplo. Esta hipótese preliminar, mais uma vez foi confirmada pelo aplicativo que contou os passos das pessoas.
Sendo assim, os pesquisadores sugeriram aos governantes pensarem em alternativas para que a cidade se torne mais caminhável. Segundo eles, esse tipo de investimento é mais saudável e barato do que o tratamento de doenças como hipertensão e diabetes originados pelos hábitos sedentários.
Mas há também mudanças de hábito que podem ser adotadas pelos indivíduos que quiserem cuidar melhor do seu corpo, entre elas algumas já famosas como: subir e descer escadas ao invés de tomar um elevador, descer um ou dois pontos de ônibus antes da parada desejada e caminhar mais, optar por opções de restaurante mais distantes na hora do almoço ou mesmo levantar para tomar água durante o dia em detrimento de deixar uma garrafinha d'água na mesa do escritório.
Assim, quem sabe o Brasil dê um passo a frente e ganhe algumas posições no ranking dos preguiçosos.
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