Já tinha lido aqui no PdH a respeito da arte incontrolável de reclamar e sobre o quanto esse hábito se apodera da gente. Sem percebermos, já estamos envoltos em maldizeres, redemoinhados por frustrações, chafurdando nas mais inúteis e vãs reclamações.
Aqui em São Paulo há um costume estranho. Quando duas pessoas conversam, o inofensivo e vazio “tudo bem?” vem acompanhado da resposta “correria”, que é um gatilho pra descarrilar a conversa para falta de tempo, falta de dinheiro, incompetência do governo, no país que tem problemas culturais e na corrupção dos governantes. Muita gente aqui conhece o script sem precisar de um desenho, né? E vai lembrar facilmente de um punhado de vezes que isso acontece.
Não é que essas coisas não precisam ser discutidas, comentadas, analisadas. Não é sobre a importância do assunto que estou falando, mas sim sobre o automatismo da reclamação, comum e imperceptível.
O curta “Quando Parei de Me Preocupar com Canalhas”, dirigido por Tiago Viera, faz uma caricatura divertida disso tudo, independente da ideologia política por trás.
Talvez nos faça pensar e enxergar que os pensamentos estão bastante polarizados, mas as ações nem tanto.
Bom filme, e bom 2017!
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