Quando estava na faculdade, costumava chegar cedo para não pegar trânsito e arrumar um lugar livre no ônibus. Sempre ficava balangando beiço com alguém por vários minutos, vendo todo mundo chegar para o turno da noite. Como gosto de ficar olhando as pessoas, analisava cada pessoa que passava.
“Que menina linda, adoro mulher de cabelo curto.”
“Que menina linda, adoro mulher baixinha…”
“Humm, adoro morena…”
“Ahh eu não resisto a um cabelo cacheado…”
“Acho que tô amando, adoro…”
…
“PORRA PEDRO! Cê gosta de mulher igual o Wando, já entendi!” — essa frase veio de uma amiga que, junto comigo, falava do povo que ia e vinha. Eu ia um pouco contra a corrente da maioria dos amigos que, pelo visto, gostavam de capa de revista.
Haylie Noire é uma dessas garotas que você vê no ponto de ônibus, carregando um caderno ou uma mochila. Daquelas que é sua vizinha de porta ou a menina que faz bico naquele barzinho que você vai às quintas-feiras. É uma daquelas garotas pé descalço na terra batida, banho de mangueira no terreiro, uma garota panquecas com frutas vermelhas, se é que me entende.
Eu não poderia dizer nunca, que ela é comum. Ela, assim como toda mulher, é um universo inteiro, pronto não para ser explorado, mas admirado.
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