O bêbado chega em casa.
Fala alterada a mulher: “Miserável, bebeu de novo?”
Grunhe pensativo o bêbado: “Eu tava…eu tava (sabe que bêbado fica repetitivo)”.
Fala ainda mais alterada a mulher: “Vai inventar qual desculpa, agora?
Grunhe o bêbado que acabou de lembrar-se o que ele tava: “Eu tava fazendo caridade, mulherrrrr” (lamentavelmente o bêbado baba porque é muito “r” pra falar).
Sobe nas tamancas a mulher: “Seu safado! Que desculpa mais deslavada!” (mulher brava estica uma vogal!)
Grunhe atônito o bêbado: “Numtomintindo (nessa hora a língua do bêbado sempre embola) cada cerveja que bebi ajudou, é… (bêbado quando não sabe o que dizer diz sempre “é” – deve ser um tipo de conclusão dele para com ele mesmo).
O pobre bêbado tinha razão! Ele acabara de encher a cara com cervejas Trapistas Belgas. Trapista é o nome popular dos monges pertencentes à Ordem dos Cistercienses de Observância Estrita, ou Trapa. Os religiosos do monastério Notre-Dame de la Trappe deram origem a essa nova Ordem em 1664. Contrários à vida cheia de ostentação de muitos monges poderosos da época, os trapistas resolveram optar por uma vida mais simples e totalmente reclusa, preparando seu pão, queijo, plantando sua própria horta e árvores frutíferas.
Na França as abadias cultivavam vinhedos e produziam seus vinhos, mas na Bélgica plantar uva era complicado. A solução foi produzir cerveja! Os monges estavam reclusos, mas não mortos, né? Era preciso alegrar aquele povo de batina de algum jeito!
Como a cerveja pulou o muro dos monastérios belgas, ninguém sabe, ninguém viu. O fato é que pulou e após a Segunda Guerra Mundial passou a ser comercializada profissionalmente. Existem apenas sete abadias trapistas que produzem essas cervejas no mundo, uma está na Holanda (Koningshoeven) e as outras seis na Bélgica: Westmalle, Westvleteren, Chimay, Orval, Rochefort e Achel.
As Trapistas têm um método singular de fabricação: são de fermentação alta e as escuras feitas com malte escuro e muito lúpulo. Durante o engarrafamento, açúcar cândi e levedura são acrescentados à cerveja, dando início a uma segunda fermentação, responsável pelo resíduo sedimentado no fundo da garrafa. Devem ser guardadas sempre na posição vertical e servidas lentamente, para que o fundo não se misture. Sua graduação alcoólica é bem alta de 7% a 11,5%. Devem ser tomadas à temperatura entre 8 e 12 graus.
Curiosidades
Porque o bêbado tinha razão? Porque grande parte do lucro com as cervas vai para projetos assistenciais na Índia, no Zaire e no Congo.
A cerveja tem um padroeiro: Santo Arnold. Um beneditino belga que no século XI estimulou os fiéis a trocarem água por cerveja. A água contaminada, causadora de tantas epidemias e mortes ao ser fervida para a produção de cerveja ficava limpa. Sem contar que as missas passaram a ser alegres que era uma beleza! (essa última parte coloquei por minha conta ta!)
Visite sem moderação
Além dos links pra todas as cervejarias listadas, fica uma dica final aos beberrões de plantão, Beer Paradise, é um site com várias informações sobre as cervejas belgas. Para acessar digite o ano em que nasceu – se mentir já viu, né?
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