“Eu prometo estar contigo na alegria e na tristeza; na saúde e na doença; na riqueza e na pobreza; amando-te, respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe.”
Se essa frase sai da boca de um marido para a esposa ou vice-versa em nossa era de amores líquidos pode ter certeza que pelo menos um dos presentes à igreja há de duvidar. “Sei”, eles dirão. Mas se essa frase sai da boca de alguns jogadores como Totti, Terry e Buffon, só resta uma coisa a dizer: Amém!
O tipo apegado
Totti dedicou – até agora – 27 dos seus 40 anos de vida ao clube vermelho e amarelo da cidade de Roma. Recusou o Milan ainda criança, se profissionalizou aos 16 anos e, no auge, disse não ao galático Real Madrid de 2004. Desde então, Roma, a cidade e o clube, são a casa de Totti.
“Os homens do Milan queriam que eu jogasse pelo clube. Uma oportunidade em um grande clube italiano. O que eu escolheria? Bom, não era minha decisão, claro. Minha mamma era a chefe. Ela ainda é a chefe. E ela era muito apegada aos seus meninos. Como uma mãe italiana, ela era super-protetora. Ela não queria que eu saísse de casa por medo de que alguma coisa pudesse acontecer. Foi difícil dizer não para o Milan. Significaria muito dinheiro para nossa família. Mas minha mãe me ensinou uma lição naquele dia. Sua casa é a coisa mais importante da vida”
Totti – numa carta publicada no Player’s Tribune.
Apesar de ter sido eleito cinco vezes o melhor jogador da Itália, il Capitano só faturou duas Copas da Itália e um campeonato nacional pela Roma, na temporada 2000-2001. Mas ganhou algo que os peregrinos da bola, por mais geniais e vencedores que sejam, só podem almejar em sonho: o de ser tratado por seus torcedores como símbolo e, ao mesmo tempo, como um igual.
O tipo atrevido
Já John Terry é um daqueles caras que, se for chamado de desleal, não pode reclamar muito. Além de chegar duro nas divididas, o zagueirão, que é casado com uma paixão da adolescência, já traiu a esposa e um companheiro de time e seleção da Inglaterra em uma jogada só: teve um caso com a ex-esposa do lateral Wayne Bridge.
Apesar das confusões passionais e da pulada de cerca famosa fora dos gramados, a torcida do Chelsea não tem do que reclamar. Terry é o segundo jogador há mais tempo em atividade por um clube grande da Europa, atrás apenas de Totti: são 18 anos no Chelsea. Ele está lá desde muito antes do período de vacas gordas trazidas pelo bilionário Roman Abramovich.
O tipo vivido
Buffon, por sua vez, passa longe de ser odiado por alguém. Considerado por muitos o melhor goleiro do mundo, o italiano de 39 anos está na Juventus desde 2001. Ele é um dos únicos três jogadores que conseguiram disputar cinco edições de Copa do Mundo (venceu em 2006), e é um atleta daqueles que enfileira títulos: 7 campeonatos italianos pela Juve, várias Supercopas da Itália, algumas Copas da Itália e inúmeros prêmios individuais. Mas apesar de tudo isso, ainda falta uma coisa na carreira de Buffon: a Liga dos Campeões da Europa.
Ele até já foi campeão da antiga Copa da UEFA (atual Liga Europa) pelo Parma, mas seria um pecado se um jogador desses encerrasse sua carreira sem jamais levar uma orelhuda para casa depois de quase 16 anos defendendo a camisa alvinegra — inclusive quando o clube caiu para a série B italiana por envolvimento no escândalo de manipulação de jogos.
Afinal, é na alegria e na tristeza, certo?
Todo tipo
No Brasil, os jogadores mais longevos no mesmo time, Rogério Ceni e Marcos, já pararam. Fábio, do Cruzeiro, está na reserva e, com a carreira se encaminhando para o fim, pode deixar vaga a “vaga” de jogador de uma só camisa entre nós.
Na Europa, Andrés Iniesta, do Barcelona, e Roman Weidenfeller, do Borussia Dortmund, também encarnam o exemplo de lealdade. Recentemente eliminados na Champions, eles também têm outro dado em comum: estão há 14 anos e meio em seus respectivos clubes.
Jogadores como esses tem o poder de criar um hábito entre seus torcedores. Os fãs levantam da cama num dia de jogo sabendo que tem alguém que ri junto com ele quanto o time vai bem, mas que também sofre e chora quando as coisas vão mal. Eles sentem, sem precisar de promessas ou beijo na camisa, que no próximo jogo o sujeito vai estar ali, junto dele, como sempre. E no final de tudo, chegará o dia em que, certamente, o ídolo se tornará mais um irmão de arquibancada.
Afinal, amores românticos vem e vão, mas o amor à camisa é um só.
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Pensando nessas e em outras histórias marcantes, queremos que você divida conosco nos comentários: que outros jogadores você admira pela lealdade que demonstraram a um clube ou a uma cidade, seja no seu time de coração ou fora dele?
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