Esses dias estava lendo os textos “das minhas colega” daqui do Ladies Room (todos ótimos, parabéns mulherada) e me deparei com o texto da Mirian Bottan, chamado “Sobre Mulheres e Amizades”. Ela toca no assunto, abordando as trairagens que rolam entre os seres humanos que usam saia e termina dizendo, com alguma reserva, que “Uma boa opção é amizade com homens”.
Terminei de ler o texto, fui até a geladeira e abri uma Bud Light. Senti falta de um amigo. Homem.
E comecei a digerir o texto, juntamente com a cevada gelada que começava a se acumular no meu corpitcho. Burp! Em determinado momento, a bela Mirian ganhou uns 50 kg e se transformou no Sr. Siqueira – pai, provedor e melhor amigo desta que lhes escreve – e nessa mudança de cenário bizarra, ele dizia: “Amizade é um privilégio masculino”.
Cresci escutando essa sabedoria popular “de pai”. Acho que a primeira lembrança da voz do sábio deve ter sido lá pelos meus 13 anos, quando a garota bizarra de óculos, aparelho nos dentes, bota e gordinha se transformou na maior bonitona-gostosona que todos os caras queriam comer. Desculpa, sem querer me achar a Angelina Jolie, mas é verdade.
Sabe a estória do patinho feio? Então…Fiquei melhor, sim. Mas essa estória não tá na pauta, então…Continuando. Escutei isso do meu pai, após uma corneada de “amiga” forte. Inveja e ciumera brava, sabe como é, né? Bom, primeiro fui chorar no colo no meu pai. Após escutar sobre o grande insight do velho sobre amizades e afins, comecei a querer procurar outros colos. Sim, masculinos.
Decidi que só iria ser amiga de gente que tem o gene Y no DNA. Eu já era – e ainda sou – meio moleca, então…Why not?
Sou tão desbocada quanto, xingo e grito assistindo o Palmeiras detonar o São Paulo e não curto meninice de nenhum grau. Claro que com o passar dos anos, eu baixei a guarda e tenho amigas que usam calcinha (até sob o vestido apertado em dia de festa, porque somos finas, tá pensando o quê?!)
Mas a verdade é que eu sou corpo fechado pra amizade com mulher. Se você não for aquelas 5 escolhidas que irão carregar o meu caixão, Honey…Saiba que saímos pra beber juntas, você paga a minha caipirinha, eu te chamo de “querida”, mas tenho os 2 pés calçados no Manolo Blahnik salto 10 atrás contigo.
A verdade é que eu adooooro essa “falsa amizade” que existe entre homens e mulheres. Tenho uns 20 bons amigos. E sei que não tenho amigo nenhum. Claro que depende em como você define amizade. Mas a real é que mesmo mantendo o respeito e tudo o mais, sempre rola uma sacanagem. E sacanagem é bom. Não tem como. E quem falar que não rola… Ah, fofolete, vai ver Pollyanna que você ganha mais. Nem aquele que eu achava ser o meu amigo mais brother escapou. Um dia, “dançando e rodando” em uma festa, lá pelas tantas, ele me solta:
. Amigo mais brother: E aí Ju!! Mas me conta, como é que está o seu namoro com o cidadão sem nome?!
. Ju após 3 caipirinhas: Hã?! Ah, tá ótimo…Indo…E vc?! Tá tudo bem com a cidadã “A”?
(detalhe, o cidadão sem nome estava praticamente do lado. É nessas horas que agradecemos o barulho infernal que rola nesses inferninhos, como diria a vovó)
. Amigo mais brother: Então, tá beleza, mas…Pô Ju…Vc tá a maior gostosa com esse corpete vermelho. E aí, vamos pra algum lugar depois?
Eu nunca, NUNCA, N-U-N-C-A dei uma brecha com esse meu amigo. Queria que ele fosse o cara que representasse a exceção que não deixaria eu escrever esse texto agora. É claro que nem todos os meus amigos viraram pra mim e falaram deliberadamente que queriam me comer. Mas enfim, eu sei.
Pra não correr o risco de criar polêmicas com iniciais, aí vai:
Tinha o “1” na ESPM, que vivia querendo brincar na sala de edição de vídeo; o “2” que ficava com aquelas brincadeiras de “trocar energia” quando eu era freqüentadora de rave (energia, sei!? A Policia Federal dá outro nome pra esse tipo de substância); o “3” que é amigo de um ex-namorado meu e não consegue desenvolver uma conversa pelo msn sem segundas intenções…Ah! E pra provar como essa tendência atravessa fronteiras, tem o “4” aqui nos USA (moro na Terra do Tio Bush) que é só beber um copo de Red Punch pra esquecer que a namorada dele é minha amiga e perguntar se pode ficar na minha casa no dia em que ele vier ao Brasil.
O pior é que eu gosto de verdade de ter amizade com homem. Vivo entre a cruz e a espada, literalmente (ahahahhaha) Gosto de conversar sobre mulher na mesa do bar, adoro dar conselhos – todos eles me pedem, me sinto importantíssima em momentos como esses -, adoro a amizade que existe entre os caras. E não, já respondendo a sua pergunta, nunca transei com um amigo meu.
Prefiro manter a paixão platônica de alguns, e viver como a Julia Roberts em “O Casamento do Meu Melhor Amigo”. (Ok, ela transou com o “Michael”, mas e daí? Vale a comparação)
As pessoas falam em limites. Mas somos homens, mulheres, gays e simpatizantes. Todos feitos de carne e osso. E alguns, até de alma, olha só. Pulso firme? Se tivesse que ter pulso, e além do mais firme, não seria amizade.
Hum….“Uma boa opção é amizade com homens”? Sinceramente, não sei. Mas com certeza – e seja o que for – esse é o relacionamento mais deliciosamente confuso que uma mulher pode ter.
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