Uma viagem para os EUA ou Europa continua sendo o principal sonho de turista da maioria das pessoas. Mas quer saber? Do ponto de vista de alguém que já mochilou a Europa, hoje em dia o meu primeiro destino para uma grande trip seria a América do Sul, sem dúvida.

Faz sentido querer conhecer outros continentes, só não faz sentido ignorar o seu. Ainda mais quando ele tem tantos destinos sensacionais. Sem contar que é bem mais barato e mais próximo — passar menos horas em aviões é sempre um enorme ponto positivo. Sejamos sinceros: o que é o Stonehenge pra quem tem Machu Picchu?

Se você tem dúvidas de que o nosso pedaço de América está cheio de lugares massa para a sua próxima viagem, separamos as dicas do pessoal aqui do QG. Vários de nós já tiveram experiências fodas aqui pelos arredores do Brasil. Quer saber quais?

1. Estrada da Morte, na Bolívia

por Rodrigo Cambiaghi

Imagine a pior rodovia por onde você já andou.

Agora substitua o asfalto por terra e pedregulhos para deixar o piso mais escorregadio. Acrescente trechos íngremes, curvas por toda parte e pedaços estreitos por onde mal passa um veículo de passeio. Remova qualquer tipo de sinalização, acostamento, proteção ou guard rail. Coloque essa estrada no meio de uma serra que corta a Amazônia Boliviana. Acrescente bastante neblina e chuva.

Essa é a receita para o antigo trajeto La Paz – Coroico, também conhecido como “A Estrada da Morte” — já considerada a mais perigosa estrada do mundo.

Hoje a estrada (reformada e levemente mais segura) serve ao propósito do turismo de aventura, para ciclistas em busca de um downhill insano. O passeio começa a 4.700 metros de altitude, em trecho com neve, e termina a 1.200 metros, em clima tropical, depois de 5 horas de descida.

Link YouTube | O final do Downhill termina em um bar com uma cerveja gelada e um rango delicioso

Com certeza é um dos melhores destinos que fui na minha vida, com paisagem natural incrível e trechos emocionantes.

Recomendo a qualquer um que tenha um pouco de experiência com bike e um tanto de juízo na cabeça.

2. Colômbia

por Felipe Ramos

A Colômbia é o típico país desacreditado da América do Sul. Quem não conhece e não se informa, “não dá nada” por lá. Muitas pessoas pensam na Colômbia apenas como aquele país dominado pelo tráfico. Mas não é bem assim.

Fiz uma viagem histórica em 2010, passando pelas cidades de Bogotá, Cartagena de Indias e San Andres, e fiquei apaixonado pelo lugar. Cheguei inclusive a escrever um artigo sobre a minha viagem aqui no PapodeHomem. Está cheio de fotos lá.

Link Vimeo | Olha esse pôr-do-sol, meu amigo

Depois do meu relato, dois casais de amigos foram para lá em suas Luas de Mel e relataram a mesma coisa. Aquele país embriaga a todos. Não só pelas suas belíssimas e calientes mulheres ou por seu mar azul, mas pelo povo, muito hospitaleiro, e por suas inúmeras opções de esportes e lazer.

Aconselho fortemente a todos os brasileiros que queiram se aventurar em um lugar novo e não tão conhecido por essas bandas.

3. Machu Picchu

por Felipe Franco

Não sou muito de escrever, então resumi a minha viagem à Machu Picchu nesta ilustração:

4. Aguas Calientes (Q’uñiyaku)

por João Pedro Braconi

Sempre falam de Machu Picchu, mas o que quase ninguém comenta é sobre a cidade que fica na base da montanha, de onde chegam as pessoas que vão de trem para o local. Estou falando de Aguas Calientes (Q’uñiyaku).

Para chegar lá, saindo de Cusco, é só pegar um taxi até Ollataytambo e depois o trem (que tem – ou tinha – até 1ª classe, com tudo incluso. Até ferromoças), que demora 1h30 até a Aguas Calientes. A viagem de trem é lindíssima, passa por paisagens fodas e difíceis de descrever, sempre ladeando o rio Urumbamba, onde fazer rafting seria uma boa maneira de cometer suicídio.

E então, Aguas Calientes! Uma cidade pitoresca, cheia de escadas imensas e tortuosas – que as vezes levam ao nada -, literalmente cravada nas montanhas. Todas as suas construções estão ao longo de um vale, com o rio passando ao lado. Fui para lá um dia antes de subir a cidade Inca e pude desfrutar de um belo hotel, com camas excelentes e, mais importante, uma vista incrível. A cidade, muito maior do que parece, pois se esconde dentro das montanhas, foi construída apenas para o turismo e para a estação de trem (ao menos foi o que os moradores me informaram).

Cheia de pequenos restaurantes, hostels, hotéis, uma grande feira de artesanato (onde a mulherada se divertia e barganhava muito) e as termas naturais com cara de sujas (mas onde, claro, entrei mesmo assim), é uma cidade interessantíssima. Você vai até lá só para ter onde dormir no caminho até a cidade Inca, e acaba se encantando.

5. O altiplano boliviano (e a melhor Coca-Cola da minha vida)

por Alex Castro

1991. Eu e alguns amigos estávamos em uma van, percorrendo o altiplano boliviano, em direção a La Paz. Aquele planalto árido se estendia por todos os lados, uma estrada que não acabava mais, a poeira subindo, tudo rigorosamente plano, montanhas só muito ao longe.

E eu morrendo de sede.

Precisava parar para tomar alguma coisa. Mas não havia nada. Nem loja, nem posto de gasolina. Não tinha nem sinalização. Andávamos horas sem nenhum sinal de presença humana.

Finalmente, surgiu ao longe uma casinha perfeitamente quadrada na beira da estrada..

Era um bar. Ou o equivalente local que mais se aproximava disso. Entrei.

Estava quente, escuro, empoierado. Havia um balcão, um sujeito com uma cara de índio imperturbável e, atrás dele, uma estante com várias garrafas. Nenhuma que eu pudesse reconhecer. Finalmente, distingui, entre as garrafas, uma milagrosa garrafinha de vidro de Coca-Cola. Era algo conhecido, pelo menos. Era como estar em casa.

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Pedi.

Para minha imensa surpresa (pensando bem, não deveria ter me surpreendido), o boliviano não abriu nenhum freezer ou geladeira. Ele pegou a mesma garrafa de Coca-Cola que eu tinha visto, imóvel ali há sabe-se lá quanto tempo, espanou cuidadosamente a poeira acumulada, abriu e me passou. Sem copo.

A sensação de estar vivendo um anúncio da porra da Coca-Cola era inescapável. Se eu não estivesse com tanta sede, teria procurado as câmeras escondidas. Até hoje, imagino que deve haver um outdoor em Cochabamba com minha cara sedenta.

Mas eu estava realmente morto de sede. E caí de boca.

Aquela Coca-Cola boliviana, quente e empoeirada , foi certamente a melhor Coca-Cola da minha vida.

Literalmente, a última Coca-Cola do deserto.

6. Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira, no Paraná

por André Costa

Batman é um cara esperto. Apesar do frio insano, não tem lugar mais calmo e silencioso do que uma caverna.

Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira, o “PETAR”
PETAR

Fica ali na divisa do estado do Paraná, não é muito longe de Sampa.

A receita é simples: acorde cedo, ande muito debaixo de um sol de rachar. Entre na mata, ande muito mais, chegue a um grande portal de pedra. Entre na caverna, acenda sua lanterna, ande ainda mais, só que agora dentro de um rio de água gelada dentro da caverna.

Um adendo: imagine uma piscina de água de geladeira. Esse é o frio que você vai passar. Há várias etapas do desafio de entrar nessa água:

  • Primeiro as canelas. Na água gelada, vão doer bastante.
  • Depois os testículos. Você terá certeza de que irá morrer. Relaxa, não vai.
  • Por fim, o diafragma. Você vai ficar sem respirar durante um bom tempo.

Conforme você anda para dentro da caverna, o escuro, o frio e o cansaço serão apenas detalhes. O escuro, o silêncio, a tranquilidade vão fazer você começar a entender a mente do mano Bruce Wayne.

Da próxima vez que você estiver em uma festa lotada de crianças pentelhas, você vai ter uma lembrança especial e tranquila para se refugiar dentro da sua cabeça.

7. América Latina como um todo

por Jader Pires

Na América Latina foi como me encontrei como pessoa e como escritor. Fui pra Bolívia, Peru, Chile, Argentina, Uruguai e estou prestes a embarcar pra Colômbia. Foi na América Latina que aprendi as diversas línguas espanholas, os sotaques, os maneirismos. Vi as Tcholas bolivianas andando com um saco cheio de filhos nas costas, vi os argentinos querendo ser europeus (e quase conseguindo).

Na América Latina, me aproximei de Garcia Márquez, de Eduardo Galeano, de Neruda, do incomparável Jorge Luís Borges, escritores que me fazem inveja até hoje.

Vi montanhas, praias geladas, desertos, praças verdes e bem cuidadas, pessoas pobres tentando a vida, vi o amor que todos nutrem pelo Brasil.

Na América Latina, aprendi a ser brasileiro, a amar Caetano, Raduan Nassar, as nossas refavelas, as nossas refazendas, o nosso Brasil. Lá, nas terras do hermanos, aprendi o que é ser brasileiro.

8. Rio Negro, na Amazônia

por Guilherme Valadares

Em novembro de 2010, embarquei rumo a Manaus para participar do TEDx Amazônia, cujo tema foi qualidade de vida para todas as espécies do planeta.

Entre os palestrantes estavam um construtor de oásis, um ativista do meio ambiente que seria assassinado brutalmente meses depois, um pesquisador florestal, um investigador forense, o Lama Padma Samten, um capturador de sons, um viajante falando sobre merda, um designer inventor, um surfista em busca de recorde impensáveis e até mesmo um palhaço. Não me lembro de todos, apenas da sensação de muito a se fazer no mundo e mais pessoas incríveis soltas por aí do que se imagina. Foram dois dias fervilhantes, sobrecarga sem igual de novas ideias.

Ao fim, a maior parte dos 400 participantes voltou pra casa. Eu fiquei, junto a outros poucos; formamos um grupo que, liderado pela Aoka, viajaria quatro dias Rio Negro adentro.

Relatei a expedição em detalhes aqui no PdH.

Foi uma das viagens mais impactantes de toda minha vida. Sem luxo, sem wi-fi, sem tecnologia. Nós, o barco, o rio e a selva. Inesquecível.

Os outros 92 destinos são os seus

Nós somos menos de 15 homens numa casa aqui em São Paulo. Vocês são mais de um milhão de leitores espalhados por todos os cantos do Brasil e do mundo. Com certeza há muitas histórias malucas de grandes destinos aqui na América do Sul.

Fica a proposta: descreva nos comentários a melhor viagem que você já fez para qualquer lugar da América do Sul. Faça de conta que você acabou de voltar e está contando da viagem ao seu melhor amigo. Estamos ansiosos para ouvir.

Mecenas: Hotel Ibis

Agora que você tem uma lista dos melhores destinos da América Latina sugeridos pela equipe e pelos leitores do PapodeHomem que tal começar a preparar as malas?

A rede Ibis acabou de atingir a marca de 100 hotéis e para comemorar eles estão fazendo um concurso cultural, pelo twitter @ibishotelbr, para eleger um vencedor para ganhar uma viagem a qualquer lugar do Brasil ou América Latina que tenha um Hotel Ibis.

Para participar, siga o twitter @ibishotelbr e fique ligado!

Fabio Bracht

Toca guitarra e bateria, respira música, já mochilou pela Europa, conhece todos os memes, idolatra Jack White. Segue sendo um aprendiz de cara legal.rnrn[<a>Facebook</a> | <a href="http://www.twitter.com/FabioBracht">Twitter</a>]"