Estampada em um muro do outro lado da avenida, a onça pintada espreita, matreira, o movimento da Arena Amazônia. Marcos Sonek, autor da ilustração bancada por um dos maiores patrocinadores do Mundial, faz o mesmo com a realização da Copa.
Embora na certidão de nascimento conste o Rio de Janeiro, o artista que também atende por Quinho se preocupa mesmo é com os rumos e as escolhas recentes de Manaus, a cidade que chama de sua.
Ex-professor de grafite, sabe que os quatro jogos que os manauaras sediam renderam 10 trabalhos que, para ele e seus amigos, valeram por 100. Ao mesmo tempo, a consciência o faz se indignar com os desvios de verba que resultam na precariedade da saúde, sucateamento da educação e a construção de uma ponte que custou o suficiente para duas. Mas se o coração de alguém pode ser grande o suficiente pra duas cidades, também pode ser para dois sentimentos.
Para alguém que lida com muros, a esperança é que a parede entre um tipo de investimento e o outro, menos colorido mas mais duradouro, seja derrubada logo.
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Uma Copa do Mundo se faz com pessoas.
As que entram em campo, as que viajam para testemunhá-la, as que enchem as ruas, as que se voluntariam, as que torcem e as que veem no evento uma oportunidade para garantir seu sustento ou para extravasar.
A seção “Álbum de Figurinhas” pretende contar, com um microrrelato artesanal e um retrato por dia, a história de algumas dessas pessoas, muitas vezes invisíveis, que povoam os bastidores da Copa do Mundo do Brasil.
Para ler todos os textos, basta entrar no nosso Álbum de Figurinhas.
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