Todos os dias, quando o estudante de direito Marcos Brandão coloca a sunga ou a bermuda para ir à praia, não é na água em que ele pensa. É em uma quadra de areia, uma rede pendurada entre dois postes e um punhado de amigos, com quem vai dividir uma partida de futevôlei.

Com ingresso para os dois melhores jogos que a sua cidade vai sediar –, o garoto de 21 anos acredita que o legado do Mundial poderia e deveria ser melhor, mas também vê os dividendos da Copa do Mundo com bons olhos. “As ruas, antes da Copa, eram bem mais esburacadas. Os refletores e a sinalização também melhoraram bastante”, acredita, justificando seu otimismo com o resultado de obras de infraestrutura.

futevolei
A Fifa também detém o futevôlei: quadra foi absorvida pelo área dedicada à Fan Fest

A cena inicial, que também inclui as torres dos condomínios que margeam a orla na qual Brandão vive, poderia acontecer em Copacabana, Ipanema ou outro bairro do Rio de Janeiro.

O endereço correto é a Ponta Negra, região nobre de Manaus.

A conversa foi curta, mas foi interessante o suficiente para me fazer entender que precisamos sempre botar em perspectiva os pequenos ou grandes privilégios que cada um de nós carrega consigo, muitas vezes sem perceber.

Na maior parte do tempo, a quilometragem ou distância são o que menos importam na hora de formatar nossa visão sobre algo. Dependendo das histórias que nos cercam e do mundo que somos capazes de enxergar, o lugar em que estamos é idêntico não importa qual seja o canto do País.

* * *

manaus

Uma Copa do Mundo se faz com pessoas.

As que entram em campo, as que viajam para testemunhá-la, as que enchem as ruas, as que se voluntariam, as que torcem e as que veem no evento uma oportunidade para garantir seu sustento ou para extravasar.

Leia também  12 filmes para assistir em agosto

A seção “Álbum de Figurinhas” pretende contar, com um microrrelato artesanal e um retrato por dia, a história de algumas dessas pessoas, muitas vezes invisíveis, que povoam os bastidores da Copa do Mundo do Brasil.

Para ler todos os textos, basta entrar no nosso Álbum de Figurinhas.

Ismael dos Anjos

Ismael dos Anjos é mineiro, jornalista e fotógrafo. Acredita que uma boa história, não importa o formato escolhido, tem o poder de fomentar diálogos, humanizar, provocar empatia, educar, inspirar e fazer das pessoas protagonistas de suas próprias narrativas. Siga-o no <a>Instagram</a>."