Nos últimos 5 anos, aplicar na bolsa tem sido um excelente negócio. O iBovespa teve uma valorização de 237%, bem acima da renda fixa ou da poupança (argh!). E quem teve competência, ou bola de cristal, para antecipar a valorização de alguns ativos, ganhou muito mais ainda.

As ações das Lojas Americanas, no período, valorizaram 3.700%. Isso mesmo, você não leu errado. Quem comprou 10 mil ações da empresa em janeiro de 2002, quando valiam R$ 3,30 e vendeu em janeiro de 2007, cotadas a R$ 127,61, saiu com a módica quantia de R$ 1,27 milhões. Nada mal, hein?

O mérito é todo do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os mesmo que fundiram a Brahma e a Antárctica na Ambev e depois venderam o negócio para a Interbrew por 70 vezes o valor investido inicialmente. Aliás, uma boa estratégia pode ser tentar seguir os passos desses “midas” e aplicar uma parte de sua carteira em projetos onde eles estão à frente.

Entretanto, apesar da valorização fantástica, a Americanas não foi a única empresa a alavancar consideravelmente o capital dos investidores na bolsa de valores. Petrobrás, Vale do Rio Doce e diversas outras também tiveram rendimentos superiores a 400% no período.

“Entrar ou Não Entrar, eis a questão…”

A questão agora é: “devo entrar na bolsa agora”?Entrar na bolsa em períodos de alta é a receita perfeita para se perder dinheiro. Um grande empresário, do qual não lembro o nome, dizia que o segredo do sucesso está em comprar bem e não em vender bem. Se você comprar um produto por um preço muito abaixo do mercado, suas chances de ganhar um bom dinheiro na venda são muito maiores. O mesmo raciocínio vale para a bolsa. Ao comprar um papel sobrevalorizado, você precisa que ele continue subindo muito acima do seu valor real para poder ganhar com ele. Dessa forma, para reduzir os riscos de “entrar numa furada”, existem três alternativas:

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1. Avaliar os papéis que possuem bom potencial de valorização, usando para isso a Análise Fundamentalista;

2. Procurar estimar, através da Análise Técnica (ou Gráfica), quais são os melhores momentos para comprar e vender as ações;

3. Esperar uma forte realização de lucros para encontrar “pechinchas”;

Independente da estratégia que se deseja seguir, é importante ter sangue frio durante as quedas da bolsa (que invariavelmente ocorrem de tempos em tempos), para não entrar em desespero e vender em um momento de baixa.

Ao mesmo tempo, é muito importante possuir uma metodologia pra tentar estipular se alguma das ações da sua carteira tem pouca possibilidade de se recuperar no médio prazo. Nesses casos, deve-se avaliar se a não é melhor assumir o prejuízo e investir em outras ações que possuem maiores chances de trazer uma boa rentabilidade no curto prazo e que tragam um lucro maior do que o prejuízo do ativo que você vendeu. É o que se chama de “custo de oportunidade”.

Previsões para 2007

Para alguns analistas, há uma boa possibilidade de que várias blue chips tenham uma rentabilidade entre 20% e 30% nesse ano. Isso significa um retorno muito superior a renda fixa.
Também estão sendo previstas novas realizações de lucros, como a que ocorreu na primeira semana de janeiro, onde a bolsa se desvalorizou quase 10%. Existe um movimento de saída dos investidores internacionais, que apesar de pequeno, pode estar impedindo a recuperação mais forte do iBovespa.

Assim, para os que não conhecem bem o mercado, há uma boa possibilidade de se perder dinheiro se quiser apostar no curto prazo. Entretanto, para os que pensam em aplicações para médio e longo prazo, esses solavancos não deverão afetar a rentabilidade dos seus papéis.

Conclusão

Estude o máximo que puder sobre o mercado de renda variável, assine os diversos boletins gratuitos existentes e veja as carteiras que as melhores corretoras recomendam manter. Afinal, é o seu dinheiro e ninguém melhor que você para saber o quanto custou juntá-lo.

Ramon E. Ritter é o dono do blog Salada de Bits e autor convidado da PapodeHomem.

Ramon E. Ritter