Relacionamentos. Salvo raras exceções, eles acabam. Salvo raras exceções dentro desse grupo, eles acabam mal.

Para falar em nome de toda essa nossa "experiência", convidamos nossas ex-namoradas (as que se dispuseram, ao menos). A missão dada foi clara: podem meter o pau.

Com vocês, nosso passado.

 

Rob Gordon - Alta Fidelidade
Putz

 

Rodolfo Viana matou a devoção de uma mulher com apenas uma frase

por Ex Anônima

"Quando nos conhecemos ele quis me entrevistar para uma matéria na VIP, revista em que ele trabalhava antes de começar no Papo de Homem. Ele quis me entrevistar para uma matéria porque eu era (e ainda sou) blogueira, mas por algum motivo a matéria não saiu. Acho que a revista queria que eu tirasse fotos de calcinha. Achei que fosse me prejudicar no trabalho e não quis participar da matéria.

Eu acabei me encantando pelo Rodolfo e mantendo contato. Na época ele namorava, e eu não tinha como investir mais. Além disso, ele está em São Paulo, eu estou no Sul.

O Rodolfo era incrivelmente sedutor escrevendo. Sempre dizia a coisa certa, na hora certa. Sabia a hora de dizer algo extremamente malicioso, também a hora de deixar tudo em uma enorme reticência e ainda sabia a hora de dizer algo bastante inteligente, que me deixava perplexa. Do tipo de coisas que só o Rodolfo é capaz de dizer. Eu fiquei completamente louca por ele.

Viramos amigos e, quando ele ficou solteiro, a amizade virou um tesão incontrolável. Afinal, eu gosto de homens inteligentes, mais do que de homens ricos, mais do que de homens bonitos. Mas não nos conhecíamos pessoalmente – eu tinha 21 anos, ainda era estagiária e não tinha grana para ir para São Paulo conhecê-lo. E ele não queria se dispor a vir me visitar.

Mas eu fazia tudo que podia daqui dos meus 1100km de distância.

Ouvi incontáveis horas dos problemas dele, da vida dele, era carinhosa, mimava ele como toda menininha boba, apaixonada e fazia qualquer coisa para deixar ele feliz. Perdi as contas de quantas vezes ele me dizer que teve um dia particularmente ruim e eu dizer “que tal um strip?” na webcam. Eu faria qualquer coisa para deixar ele feliz, qualquer coisa.

Eu não ficava com ninguém na minha cidade. Eu queria ele, era platônico. E idiota, mas quem não é imbecil quando gosta de alguém? Que mulher não é bobinha quando se apaixona?

O tempo foi passando e um belo dia eu fui promovida. Pensei “finalmente posso ir ver o Rodolfo”. Esperei alguma promoção de passagem aérea e fiz uma surpresa. Comprei a passagem para vê-lo.

Fiquei uma semana na casa dele. Raramente saíamos do quarto. Mas não rolava só sexo não, também conversamos muito, nos acariciamos. Eu achei que estávamos começando algo ali porque o Rodolfo me tratou como uma mulher única.

Rodolfo mandou bem

Voltei para São Paulo mais uma vez, e a coisa toda se repetiu. Para mim, estava claro que tínhamos algo. Depois de um tempo, avisei que iria passar um fim de semana na casa dele, se ele me receberia. E começou a colocar 1 milhão de poréns e soltou a frase:

Rodolfo mandou mal pra caralho

COMO ASSIM?

Não tem como eu encontrar você, Rodolfo, sem planejar. Eu não vou ali na padaria comprar um pão e vou te ver, eu não vou estar na livraria lendo Kundera e você com um exemplar raro de Lolita e vamos nos esbarrar. Eu não vou te encontrar na torcida do Colorado em alguma Grenal. Eu moro no sul, você mora no sudeste. NÃO TEM ESPONTANEIDADE COM 1100KM DE DISTÂNCIA.

Você foi um babaca comigo, Rodolfo.

OBS.: Eu ainda tenho aquele nosso vídeo. Cuide-se."

 

Fabio Bracht fala merda e depois "esquece"

por Érika Akemi

"O Sr. Fabio Bracht é um típico cara legal. Sabe aquele? Fofo, sensível, engraçado? Sempre tem uma frase de efeito pra te falar, sempre tem uma banda bacana pra te indicar, sempre te faz rir. Além de tudo, tem uma voz linda e faz músicas pra derreter corações.

Eu o conheci pela internet. É. Caí de amores por ele na hora. Mas depois veio a vida real, na qual chegamos a morar juntos por muito tempo. Não vou chegar ao ponto de dizer que ele é um babaca – afinal, bem ou mal nós namoramos por seis anos e até hoje ele é meu melhor amigo – mas, bem, posso dizer que ele sabe ser rude, insensível e cuzão em várias situações.

Ele é muito sincero. Muito. Muito mesmo. Excessivamente. Já ouvi da boca dele coisas como "Desiste de aprender francês. Você nunca vai conseguir pronunciar direito aquelas palavras". Uma vez, quando estava feliz por finalmente ter conseguido fazer minha primeira pestana no violão, mostrei para ele e ele disse: "Desculpa, mas isso que você fez é qualquer coisa menos um fá". E a melhor: "Eu acharia você mais gostosa se tivesse mais peito". Um amor, não?

Tenho certeza que ele vai ler isso e falar que não lembra de nada. E o pior é que não vai ser mentira. A facilidade que ele tem para esquecer qualquer coisa é admirável. É o tipo de coisa que rende boas risadas na maior parte das vezes, mas como isso pode ser irritante! Pagou aquela conta? "Não, esqueci." Limpou a caixa de areia dos gatos? "Não, esqueci." Trouxe o que eu te pedi do mercado? "Putz."

E os momentos em que eu me senti ignorada porque ele ficava com aqueles dedos todos no iPhone, tuitando ou facebookando ou fazendo sei lá o que enquanto a gente deveria estar juntos? Ele jura que parou com isso, mas na minha época incomodou demais.

Mas tem algo mais irritante: fazer a criatura acordar de manhã. Ele simplesmente não acorda. Toda manhã era a mesma história. Eu com toda a paciência do mundo, tentando convencer o bonito que era hora de sair da cama, e ele pedindo os tradicionais "só mais cinco minutinhos". Resultado: os cinco minutos se tornavam cinco horas, e o namorado fofinho se transformava no monstro do mau humor reclamando da falta de tempo para fazer o que precisava. Todo santo dia.

Ex-namorada falar mal de ex-namorado é fácil. Ainda mais quando ele pede e dá carta branca. Mas para cada defeito dele eu aponto o duas qualidades. Se existisse uma carta de recomendação para as futuras namoradas, eu escreveria, assinaria e reconheceria em cartório. Sou fã do cara.

(Depois dessa propaganda você fica me devendo um milkshake de milho, viu?!)"

 

Scott Pilgrim
Nem sempre precisa rolar um Game Over completo

 

Alberto Brandão é emocionalmente surdo

por Helena Magaldi

"Sinceramente, sou meio suspeita para falar (mal) do Beto. Por mais que, com os anos, o amor que eu sentia como namorada tenha se transformado em uma espécie de amor fraternal, eu posso dizer que hoje em dia eu o amo e respeito como nunca.

Fiquei tentando escrever isso de uma maneira "jeitosinha", mas não deu certo. Como não tive muito tempo para pensar no que gostaria de escrever (e a culpa é toda dele, que só me avisou sobre o texto poucas horas antes do prazo-limite para entregar), vai tudo curto e grosso: esse cara é um poço de orgulho e teimosia.

Essas características me enlouqueciam enquanto namorávamos, mas hoje em dia considero-as louváveis (muito provavelmente por eu não ter que lidar com ele no dia-a-dia). A grande maioria das pessoas orgulhosas e teimosas o são sem motivo algum. Normalmente são pessoas mesquinhas, inseguras e desrespeitosas. O Beto me mostrou que era uma exceção por lidar com a vida com uma fluidez ímpar. É inteligentíssimo, esforçado, bem humorado e autodidata em praticamente tudo, além de ter a humildade de reconhecer o esforço e trabalho alheio e sempre tentar se colocar no lugar dos outros.

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Mas aí vem o pior defeito dele: não sei se ele assim só comigo ou com todo mundo, mas ele não ouve. Não me ouve quando dou conselho, não me ouve quando dou elogio. Acho até que a grande maioria das coisas que estou falando aqui soem novas a ele.

Ele é o único ex com quem eu tenho contato até hoje, e um dos únicos caras que olhou nos meus olhos e me deu um abraço quando contei que tinha apanhado do cara que namorei depois dele – e que se ofereceu para dar uma surra no rapaz, mas acho que isso foi resultado do alto nível etílico no seu sangue no momento, então nem levei muito em conta. É uma das poucas pessoas que eu tenho orgulho na vida, e não tenho dúvidas de que isso só vai aumentar com o passar dos anos. Todos poderiam aprender com ele, não como ser um namorado, mas como ser um Homem. Homem este cheio de defeitos, porém com todas as qualidades requeridas para se formar um ser humano formidável."

 

Luciano Ribeiro invade o espaço do outro

por Ex Anônima

"Só aceitei falar sobre o Luciano porque estava livre para falar o que quisesse, inclusive sobre hábitos ruins. Nos conhecemos um dia através de um amigo em comum e ficamos sem nos falar pelos próximos quatro anos, sem motivos. Até então éramos apenas conhecidos. Um dia eu estava desorientada e resolvi falar oi para um dos meus contatos do MSN que vivia colocando frases sobre meditação. E desde então não paramos mais de nos falar.

Acredito que por ser bastante conflituosa com meus sentimentos, eventualmente nos afastamos de novo. Mas dessa vez foi diferente, já que podemos dizer que tentamos e não deu certo. Não foi uma separação conflituosa, porque ele não permitiu que assim fosse.

Apesar de não ser nada muito grave, existiram sim algumas coisinhas que incomodaram naquela época. O Luciano é, por exemplo, expressivo demais. A ponto de invadir o espaço do outro. É teimoso a ponto de não aceitar ou sequer ouvir as críticas. Se algo não for do jeito que ele acredita ser o certo, ele mal considerava.

Vejo que ele tem uma força de vontade grande, seja apaziguando seus conflitos internos ou tentando construir a cada dia o futuro que ele imagina ser o seu. Isso é inspirador. Mas bem que ele poderia ser mais flexível."

 

Alex Castro chama as amigas de amor

por Diane Almeida

"Quando no início do nosso namoro o Alex disse que gostava de umas determinadas séries de TV das quais eu nunca tinha sequer ouvido falar, eu entendi exatamente isso: que ele gostava. Que assistia de vez em quando. Moderadamente. Nunca imaginei que ele se mostraria mega viciado, do tipo que não saía de casa por nada no sábado a tarde para assistir àquilo. Foi esse tormento até precisarmos cancelar a TV a cabo. Isso que dá namorar nerd.

Outro grande problema eram as amizades. Melhor dizendo: as amigas. Tudo bem, um homem pode ter amigas…mas várias, e que insistem em chamar e ser chamadas de "amor"?! O cúmulo!

Demorei anos e muitas indiretas para conseguir mudar essa situação. Não aconselho ninguem a ter namorado que tem na bagagem amigas, já que para você elas podem ser as piores inimigas. Quando ele for chorar e desabafar alguma crise do relacionamento, não é do seu lado que ela vai ficar, né?"

 

Rodrigo Cambiaghi quis duas, perdeu a uma que tinha

por Natacha Orestes

"Tudo começa aqui: eu não queria namorar. Tinha prometido a mim mesma que ficaria um ano solteira, e aí conheci o Rodrigo por causa do PapodeHomem. Nos encontramos num boteco na Augusta e nos pegamos. Eu não queria mais do que aquilo. Ele foi me cercando, me cercando. Até o dia em que roubou flores de uma formatura em outra cidade e bateu na porta da minha casa de madrugada, com elas na mão. Não gostava de flores (só de rosas amarelas), mas achei fofo demais. Baixei a guarda e aí fodeu. Ele me pediu em namoro. Aceitei.

O gostoso do namoro durou pouco tempo. Ele me levou a uma casa de swing porque sabia que eu também curtia meninas, foi só uma vez. Isso foi um passo para ele querer pegar uma mulher que eu só queria como amiga. Passamos a discutir demais, porque éramos bem diferentes e não sabíamos lidar com isso. Eu, uma meninoca que veio do interior com a cara e a coragem pra fazer um estágio de redação e ganhar 500 merréis por mês, que ralou pra pagar a faculdade de Letras sem ajuda do pai nem da mãe, namorando um playboyzinho que fez intercâmbio, estudou na ESPM, ganhou carro do pai e queria pegar eu e a minha amiga juntas.

O Rô deu uma forçada na barra dessa vontade dele de pegar a minha amiga, e eu fui nutrindo por ele uma certa repugnância. A gente podia pegar outra mina, não precisava daquilo. Ao mesmo tempo que gostava dele, eu o desprezava.

Um belo dia estávamos no carro e tocou o celular. Era uma amiga. Marcaram um jantar. Nunca fui uma pessoa ciumenta e acho totalmente normal jantar com amigos. Mas dessa vez, não sabia como, mas sabia que tinha. Ele tava falando diferente no celular, respondendo monossilabicamente à menina. Pressionei até que ele, contrariado, confessou que já tinha tido a intenção, mas que naquele momento não tinha nada a ver. No dia seguinte, ele me pediu um tempo que eu não quis dar e terminamos ali.

Tivemos uma briga extremamente feia, que incluiu ameaças de processos e B.O. das duas partes.

Nesse nível.

Ficamos alguns meses sem nos falar. Ou foi um ano? Não me lembro. No início eu não conseguia ter sequer uma boa lembrança de nós dois. Só das discussões, da raiva que passei no final. Me sentia inconformada por ter cedido ao pedido de namoro dele. Obviamente eu havia sido apenas mais um de seus desafios, era o que eu pensava. Até que ele me mandou um e-mail querendo conversar pra não guardarmos mágoa um do outro e ficarmos amigos.

Achei legal essa atitude da parte do Rodrigo. Foi só então que lembrei, de repente, que ele era uma pessoa. Ele não era o playboyzinho: era eu quem o rotulava, o definia, o reduzia, impregnada de preconceito de classe às avessas. Ele era uma pessoa, podia não ter enfrentado o que eu enfrentei, mas, assim como eu, tinha uma história única, referências únicas, conflitos pessoais particulares. Voltei a lembrar da sensação gostosa que eu tinha quando ele fazia carinho na gatinha dele, de quando ele lavava a louça pra ajudar a mãe na cozinha, de quando ele falava da irmã e do irmão com orgulho e brilho nos olhos. Voltei a enxergá-lo como um ser humano e a ver que aquela que tanto tentava defender as pessoas do preconceito também estava carregada de conceitos cristalizados com os quais precisava romper. Me vi humana também, cheia de querer enquadrar as pessoas ao meu redor de forma tosca. Da minha maneira teimosa.

Aprendi com esse namoro que não enxergar a profundidade do outro tem mais a ver com a minha superficialidade, com a minha incapacidade de enxergar além do que as minhas referências me permitem, do que com a capacidade do outro em ser profundo.

Do que tivemos, isso é o que vou carregar sempre comigo. E, por ser leve, estou bem feliz com a bagagem."

Equipe PapodeHomem

Identidade coletiva do PdH.