Você conhece a Angelina Jolie.
Símbolo sexual predileto de 93,65% da população mundial e consenso entre homens e mulheres, a filha de Jon Voight ostenta uma carreira bem sucedida como atriz (e diretora), uma prole multiétnica de filhos, um marido bonitão e, claro, várias tatuagens, longos cabelos negros e a definição do Aurélio para o que são lábios carnudos.
Mas você também não conhece a Angelina Jolie. Pelo menos não mulher que fez o mundo saber hoje, em uma matéria publicada pelo New York Times, que tomou a difícil decisão de fazer uma dupla mastectomia para sobreviver aos 87% de chances de ter câncer de mama.
Depois de perder a mãe após sete anos e meio de luta contra um câncer no ovário — a atriz Marcheline Bertrand faleceu em 2007 aos 56 anos de idade — e de conviver com as perguntas dos filhos sobre a ausência da avó, Angelina procurou um serviço de análise genética para descobrir quais as chances de, como portadora do gene BRCA1, também ser vítima da doença.
Com as respostas em mãos, 87% de chances da ocorrência de câncer de mama e 50% de probabilidade de câncer nos ovários, a atriz tomou uma decisão difícil de mensurar. Retirou de forma preventiva, em fevereiro de 2013, os dois seios.
Eu sei: há quem duvide dos métodos científicos e da responsabilidade do médico que lhe fez tal revelação. Existem aqueles que prefeririam torcer pelos outros 13%. Há também quem enxergue a retirada como uma amputação da feminilidade.
Para mim, o que Angelina Jolie conseguiu foi ficar uma mulher ainda mais do caralho.
Acostumada a trabalhar com sua imagem, a atriz permitiu que a saúde superasse a vaidade. Mãe, diz estar feliz em poder contar aos filhos que faria de tudo para estar com eles o máximo de tempo que conseguir. E em um período infestado por paparazzis, conseguiu manter privacidade o suficiente para recuperar-se das cirurgias de retirada e reconstrução da mama em um momento complicado de sua vida para depois se abrir, de forma clara e objetiva, em um relato que pode colaborar para as difíceis decisões que marcam a vida das quase 500 mil pessoas que morrem de câncer de mama a cada ano.
Uma combinação de força e feminilidade para escapar de qualquer estereótipo.
“Não me sinto menos mulher. Me sinto mais poderosa por ter feito uma escolha forte que em nada diminui minha feminilidade”
É, Brad. A nêga vale — e muito.
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