“Imagine se, por algum estranho motivo, a música parasse de tocar e pudesse ser consumida apenas através de partituras. O mundo ia ficar mais triste, bem mais triste. Pois isso aconteceu com a poesia: afastada do corpo e da fala, confundida com a escrita, passou a ser monopólio de um estreito círculo de iniciados. Mas isso está mudando.”

Assim falou Chacal, em uma de suas leituras. Partindo desta provocação, este texto de agora tem duas pretensões: dobrar a meta e se tornar um ponto de retorno.

A duplicação da meta corresponde aos 26 convites já feitos aqui no PdH, que se efetivaram a partir da poesia como presença escrita. Agora, ela decola do papel, encontra uma leitura possível na voz de alguém e a mágica acontece.

Retornar, aqui, é tornar a ver, tornar a escutar. Às vezes nos pegamos, real ou virtualmente, automatizados, acelerados demais quanto ao conteúdo que nos chega. E isso acontece a tal ponto que não é raro perceber que um sem número de diálogos que nos cercam – no elevador, no jantar de família, na página famosa do Facebook – não passam de monólogos intercalados.

Expressas em vozes que as inflamam, as poesias nos convidam a desativar uma escuta mecânica e encontrá-las de um jeito que, a cada repetição, deixa entrever algo de novo. Elas também nos convidam a encontrarmo-nos diferentes: mais atentos, mais intensos, mais gentis.

Isso tudo porque as pessoas que aqui estão mencionadas, emprestando sua voz à materialização do poema, possibilitam nosso encontro com outro tipo de tempo, aquele que derrete o relógio. E, fazendo isso, nos lembram que, antes de responder alguém vorazmente, é possível contar até dez; antes de deixar que qualquer correnteza nos leve, é possível reaprender a nadar; antes de desistir do amor, é possível escutar Matilde Campilho.

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Sem mais delongas, vamos aos (outros) 26 convites – viu aí, dobramos a meta. Mais que dobramos. Dessa vez serão 27. Espero que derretam.

1. Matilde Campilho lendo Matilde

2. Matilde Campilho lendo Alexandre O’Neil

3. Matheus Nachtergaele lendo Alberto Caeiro

4. Maria Bethânia lendo Fernando Pessoa

5. Laura Liuzzi lendo T.S.Eliot

6. Laerte lendo Hilda Hist

7. Marcelino Freire, Angélica Freitas e Omar Salomão leem Bruna Beber

8. Caetano Veloso lendo Drummond

9. Emanoel Araújo lendo Jorge de Lima

10. Marcelino Freire lendo Marcelino

11. Seu Jorge lendo Edy Rock e Mano Brown

12. Marechal lendo Marechal

13. Lira lendo Chico Pedrosa 

14. Maviael Melo lendo Maviael

15. Valter Hugo Mãe lendo Angélica de Freitas

16. Karina Buhr lendo Karina

17. Chacal lendo Chacal

18. Alice Sant’Anna lendo Eucanaã Ferraz

19. Pedro Bomba lendo Pedro Bomba

20. Eduardo Tornaghi lendo Alberto Pucheu

21. Maria Bethânia lendo Waly Salomão

22. Waly Salomão lendo Waly Salomão

23. Eduardo Tornaghi lendo Paulo Leminski

24. Luís Miguel Cintra lendo Herberto Helder

25. Débora Wainstock lendo Clarice Lispector

26. Fernanda Torres lendo Drummond

27. Fernanda Montenegro lendo Antonio Cícero

 

Peo Oliveira

Nascido e criado em Salvador. Circula por aí falando de Garrincha e Caetano. Uma vez ou outra aparece no <a>Facebook</a>."