Ah, a solidão!
Aquilo que para Schopenhauer “é a sorte de todos os espíritos excepcionais”, aquilo que é a arte do encontro com o vazio existencial, aquilo que atinge nossas almas sem que percebamos… Quem é que nunca se viu só, afinal? Quem é que nunca detestou ou amou estar só consigo mesmo? Ame-a ou odeie-a, ela está sempre por perto, esperando apenas uma oportunidade para nos abraçar.
Você já observou como as pessoas enxergam o mundo de modo tão singular? Já teve curiosidade em saber como as pessoas constroem suas visões? Por que pensam como pensam? São como são? Já observou isso em você mesmo?
Tenha você observado ou não, separamos 25 filmes que retratam esse estado de espírito que é estímulo e o calvário de muitos.
Morangos Silvestres (1957, de Ingmar Berman)
A caminho de uma cerimônia de premiação numa universidade, um médico é assediado por situações e personagens que o conduzem a um mergulho em sua vida pregressa.
A Cidade Branca (1983, de Alain Tanner)
Um marinheiro suíço decide mudar de vida e tranca-se num hotel de quinta categoria em Lisboa, onde começa a descobrir novas realidades.
Ele envolve-se com uma empregada de mesa e começa a filmar tudo o que vê de mágico e surreal na cidade, com os seus olhos de cinegrafista amador.
As imagens transformam-se num elo entre ele e a sua mulher, que vive na Suíça, sendo enviadas para ela como se fossem cartas.
Wall-E (2008, de Andrew Stanton)
Após entulhar a Terra de lixo e poluir a atmosfera com gases tóxicos, a humanidade deixou o planeta e passou a viver em uma gigantesca nave. O plano era que o retiro durasse alguns poucos anos, com robôs sendo deixados para limpar o planeta.
Wall-E é o último destes robôs, que se mantém em funcionamento graças ao auto-conserto de suas peças. Sua vida consiste em compactar o lixo existente no planeta, que forma torres maiores que arranha-céus, e colecionar objetos curiosos que encontra ao realizar seu trabalho.
Até que um dia surge repentinamente uma nave, que traz um novo e moderno robô: Eva. A princípio curioso, Wall-E logo se apaixona pela recém-chegada.
O Deserto Vermelho (1964, de Michelangelo Antonioni)
Chuva, neblina, frio e poluição assolam a cidade industrial de Ravenna, na Itália. Ugo, o gerente de uma usina local, é casado com Giuliana, uma dona de casa que sofre de problemas psicológicos. Um dia, ela conhece o engenheiro Zeller, o que pode mudar sua vida.
Em O Deserto Vermelho, Antonioni, no auge de sua forma, aborda os temas centrais de sua filmografia: a incomunicabilidade e a solidão do homem contemporâneo.
Paris, Texas (1984, de Win Wender)
Um homem é encontrado exausto e sem memória, em um deserto ao sul dos EUA. Aos poucos ele vai se recordando de sua vida, sendo acolhido pelo irmão Walt, que é casado com Anne. Com eles vive também Alex, filho do homem sem memória, que aos poucos volta a se identificar com o pai.
Náufrago (2000, de Robert Zemeckis)
Chuck Noland (Tom Hanks) um inspetor da Federal Express (FedEx), multinacional encarregada de enviar cargas e correspondências, que tem por função checar vários escritórios da empresa pelo planeta. Porém, em uma de suas costumeiras viagens ocorre um acidente, que o deixa preso em uma ilha completamente deserta por 4 anos.
O Operário (2004, de Brad Anderson)
A última vez em que Trevor Reznik (Christian Bale) dormiu foi há um ano, sendo que desde então o cansaço vem destruindo progressivamente sua saúde física e mental.
Ele trabalha numa fábrica operando maquinário pesado, e faz de tudo para manter seu emprego. Envergonhado por causa de seu problema, Trevor isola-se cada vez mais, tornando-se paranoico.
Depois de se envolver em um acidente no trabalho em que um homem perde um braço, Trevor começa a crer que seus colegas estão conspirando para demiti-lo. Ele precisará lutar não apenas para se manter no cargo, mas também para manter a sanidade.
Ela (2013, de Spike Jonze)
Em um futuro próximo na cidade de Los Angeles, Theodore Twombly (Joaquin Phoenix) é um homem complexo e emotivo que trabalha escrevendo cartas pessoais e tocantes para outras pessoas.
Com o coração partido após o final de um relacionamento, ele começa a ficar intrigado com um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma entidade intuitiva e única.
Ao iniciá-lo, ele tem o prazer de conhecer “Samantha”, uma voz feminina perspicaz, sensível e surpreendentemente engraçada. A medida em que as necessidades dela aumentam junto com as dele, a amizade dos dois se aprofunda em um eventual amor um pelo outro.
Mary and Max (2009, de Adam Elliot)
Uma história de amizade entre duas pessoas muito diferentes: Mary Dinkle, uma menina gordinha e solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e Max Horovitz, um homem de 44 anos, obeso e judeu que vive com Síndrome de Asperger no caos de Nova York.
Alcançando 20 anos e 2 continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito além dos altos e baixos da vida. O filme é uma viagem que explora a amizade, o autismo, o alcoolismo, de onde vêm os bebês, a obesidade, a cleptomania, a diferença sexual, a confiança, diferenças religiosas e muito mais.
Taxi Driver (1976, de Martin Scorsese)
Travis Bickle (Robert DeNiro) é um jovem veterano do Vietnã, que volta para as ruas de Nova York trabalhando como motorista de táxi. Conhecendo melhor todos os podres das vielas da cidade, seu caminho se cruza com o das jovens Betsy (Cybill Sheperd) e Iris (Jodie Foster), uma prostituta de apenas 12 anos, o que o faz se revoltar com tudo e com todos, explodindo sua raiva e violência que sempre demonstrou ter.
Encontros e Desencontros (2003, de Sofia Coppola)
Bob Harris e Charlotte, são dois americanos em Tóquio. Bob, é um decadente astro de cinema que está na cidade para filmar um comercial de uísque. E a bela Charlotte, acompanha o marido, John, um fotógrafo viciado em trabalho. Ambos estão no mesmo hotel, e não se conhecem. Dividem apenas o tédio das horas que custam a passar.
Bob, passa quase todo o seu tempo livre no bar do hotel. Enquanto Charlotte, fica horas olhando pela janela de seu apartamento. Até que um dia ele se conhecem e um novo mundo se descortina para ambos.
Asas do Desejo (1987, de Win Wenders)
Na Berlim pós-guerra, dois anjos perambulam pela cidade. Invisíveis aos mortais, eles lêem seus pensamentos e tentam confortar a solidão e a depressão das almas que encontram.
Entretanto, um dos anjos, ao se apaixonar por uma trapezista, deseja se tornar um humano para experimentar as alegrias de cada dia.
Nu (1993, de Mike Leigh)
O filme é uma obra em movimento. David Thewlis interpreta um homem sem lar e sem perspectivas que estupra uma mulher e foge, invadindo e mudando os rumos das vidas de várias pessoas que encontra.
Thewlis vira carrasco, bálsamo, incitador, vítima, dependendo de quem cruza seu caminho. Parece um anjo/demônio boêmio que vem para provocar reações. Sua rudeza com uma mulher de meia-idade que se exibe na janela contrasta com seus conselhos metafísicos para o vigilante que a olha. Nu despe o espectador de qualquer procura por coerência narrativa. O que importa aqui é investigar almas.
Solaris (1972, de Andrei Tarkovsky)
Solaris é um planeta distante, que vem sendo constantemente estudado há décadas, e cujo mistério sobre seu oceano ainda não foi esclarecido, nem seus efeitos. Por falta de interesse e resultados, a solarística está morrendo; aliado a isto, os membros na estação espacial que orbita o planeta estão sendo afetados pelo oceano.
Por conta disso, o psicólogo Kelvin – conhecido de um dos doutores da solarística e amigo de um dos tripulantes – é mandado para a estação para averiguar a situação. Lá, ele percebe aos poucos que Solaris é, mais que um planeta, um espelho da alma.
Despedida em Las Vegas (1995, de Mike Figgis)
Em Los Angeles, Ben Sanderson (Nicolas Cage) é um alcoólatra que, após ter sido demitido da produção de um filme, decide dirigir até Las Vegas, onde planeja beber até morrer. Lá conhece Sera (Elisabeth Shue), uma prostituta que também morou em Los Angeles, por quem se apaixona.
Ele acaba indo morar na casa dela, sendo que ela respeita o fato dele ser alcoólatra e ele respeita seu modo de ganhar a vida. No entanto, a deterioração dele entrou em um processo irreversível.
Na Natureza Selvagem (2007, de Sean Penn)
Início da década de 90. Christopher McCandless (Emile Hirsch) é um jovem recém-formado, que decide viajar sem rumo pelos Estados Unidos em busca da liberdade.
Durante sua jornada pela Dakota do Sul, Arizona e Califórnia ele conhece pessoas que mudam sua vida, assim como sua presença também modifica as delas.
Até que, após 2 anos na estrada, Christopher decide fazer a maior das viagens e partir rumo ao Alasca.
A Liberdade É Azul (1993, de Krzysztof Kieslowski)
Um trágico acidente em que morrem o marido e a filha de uma famosa modelo (Juliette Binoche), a motiva a renunciar à sua própria vida. Após uma tentativa fracassada de suicídio, ela volta a se interessar pela vida ao se envolver com uma obra inacabada de seu marido, que era um músico de fama internacional.
Primavera, Verão, Outono, Inverno e… Primavera (2003, de Kim Ki Duk)
Ninguém é indiferente ao poder das quatro estações e de seu ciclo anual de nascimento, crescimento e declínio. Nem mesmo os dois monges que compartilham a solidão, em um lago rodeado por montanhas. Assim como as estações, cada aspecto de suas vidas é introduzido com uma intensidade que conduz ambos a uma grande espiritualidade e a tragédia.
Eles também estão impossibilitados de escapar da roda da vida, dos desejos, sofrimentos e paixões que cercam cada um de nós. Sobre os olhos atentos do velho monge vemos a experiência da perda da inocência do jovem monge, o despertar para o amor quando uma mulher entra em sua vida, o poder letal do ciúme e da obsessão, o preço do perdão, o esclarecimento das experiências. Assim como as estações vão continuar mudando até o final dos tempos, na indecisão entre o agora e o eterno, a solidão será sempre uma casa para o espírito.
O Samurai (1967, de Jean-Pierre Melville)
O matador Jeff Costello é um perfeccionista: ele sempre planeja com extremo cuidado todos os seus assassinatos para nunca ser pego. Uma noite, porém, ele finalmente é surpreendido por uma testemunha, e aos poucos, a partir daí, ele vai sendo cada vez mais pressionado.
Repulsa ao Sexo (1965, de Roman Polanski)
Em Londres Carol Ledoux (Catherine Deneuve) é uma bela mulher que é sexualmente reprimida e vive com sua irmã mais velha. Ela constantemente resiste aos assédios do seu namorado e também desaprova o amante da irmã.
Quando esta viaja com ele em férias, Carol fica sozinha no apartamento e se afunda em uma profunda depressão, passando a ter várias alucinações.
Fome (1966, de Henning Carlsen)
Escritor miserável e faminto tenta publicar um artigo em um jornal local de Kristiania (antiga Oslo), enquanto é enxotado, humilhado e dispensado de vários serviços.
Isso tudo, pontuado pelo mote principal da trama, a inanição, que o faz delirar perturbadoramente entre a perversa luta pela sobrevivência, ilusões romanticas, o frio melancólico, a falsa dignidade e a inocente esperança de redenção.
Umberto D. (1952, de Vittorio De Sica)
Na Itália do início dos anos 1950, enquanto a economia do país renasce, os idosos sofrem com as miseráveis pensões dadas pelo governo. Em Roma, Umberto Domenico Ferrari, um funcionário público aposentado, é despejado por não conseguir pagar o aluguel de seu quarto.
Na companhia de seu único amigo, o cachorrinho Flik, Umberto vaga pelas ruas, buscando apenas um objetivo: viver com dignidade.
Dias Felizes (1991, de Aleksey Balabanov)
A estória começa quando um jovem com um ferimento na cabeça é liberado do hospital e começa a procurar um quarto ou, simplesmente, um lugar para viver, mas São Petersburgo é uma cidade fria e hostil. As únicas pessoas que se importam com ele são um mendigo cego dono de um burro e uma ex-aristocrata que virou prostituta. Adaptação da peça "Happy Days" de Samuel Beckett.
Aquário (2009, de Andrea Arnold)
Fish Tank conta a historia de Mia (Katie Jarvis), uma garota de 15 anos, que vive com sua mãe (Kierston Wareing) e irmã nos subúrbios da Inglaterra. Excluída da escola e desprezada por seus amigos, a vida de Mia muda quando ela conhece Connor (Michael Fassbender), o novo namorado de sua mãe.
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