Família é um negócio disfuncional. Sempre tem aquele primo distante meio zureta, um tio mala que não perde a chance de fazer a piada do pavê nos encontros da família e um moleque chato que pentelha todo mundo. A gente até convive com as pessoas, mas contando as horas para escapar da cilada da vez.

Quando o assunto é o nosso time de futebol, as coisas são diferentes. O espírito do tio mala pode ser incorporado no atacante que cava pênaltis e expulsões do adversário. O primo meio zureta é o goleiro que sai lá da área para dar um safanão no beque que derrubou o moleque chato (ou menino-prodígio que pode render milhões de euros) do time. Pensando nisso eu, o Felipe Franco e alguns amigos nos propusemos a fazer uma lista: que jogador de futebol você até queria no seu time, mas jamais gostaria de admitir que ele entre na sua família? E por quê?

Felipe Mello

O cara é, provavelmente, uma das maiores referências do planeta quando o assunto é raça na hora de jogar futebol. Também não é um cabeça de bagre e sabe dar um bom passe. Mas é 8 ou 80: ou você o odeia pelos sarrafos que distribui e pelos prejuízos que causa às próprias equipes (que o diga a seleção brasileira de 2010) ou o ama e entra pro time dos Soldados do Mello – parte da torcida do Galatasaray que chegou até a acampar na frente da casa do jogador durante uma suspensão por ofensas proferidas via Twitter.

Ao invés de um vídeo com as melhores jogadas, ele ganhou um vídeo das maiores besteiras que já fez em campo, como dar uma cusparada em um clássico turco contra o Besiktas.

Cantona

O currículo é bom: ídolo e goleador espetacular do Manchester United, apresentador dos lendários vídeos da Nike nos anos 90 e 2000, ator bem sucedido no filmaço À Procura de Èric. Mas a jogada mais famosa do francês é um chute que passou longe da bola: o Kung Fu Kick, golpe dado em um torcedor durante a tempora 1994/1995 da Premier League.

Gravesen

É impossível precisar qual jogador inventou a canelada. Mas pode-se dizer que esse dinamarquês a colocou em outro patamar. Thomas Gravesen foi um gigantesco representante do futebol abaixo-da-medalhinha-vale-tudo ao garantir o espaço dos botineiros no galático Real Madrid de Zidane e Ronaldo.

Emerson Sheik

O cara corre, marca gols com frequência e volta pra marcar. Passou meia vida na Arábia, mas quando voltou ao Brasil foi campeão em praticamente todas as competições que disputou. Ideal pra qualquer time, não? Pode até ser. Mas é importante lembrar que esse é o mesmo jogador que é expulso com frequência, é considerado por muitos como desagregador de elencos e, quando foi afastado do Botafogo, se notabilizou por essa dancinha aqui.

Funk das antigas … Relembrando a infância … Com ela ❤️hahaha

Um vídeo publicado por SK11 (@10emerson10) em

Nas palavras do amigo Luiz Felipe: “se bem que ele na família ia alegrar demais os churrascos de domingo…”.

Lugano

A música tema dos “melhores momentos” do ídolo da torcida do São Paulo fala por si só. Don Diego “Balboa” Lugano.

Maradona

O camisa 10 argentino jogou tanta bola que ganhou uma igreja só pra ele, a Igreja Maradoniana. Mas El Díos também teve seus dias infernais: viciou-se em cocaína, é persona non grata na Itália por conta de problemas com o Fisco e, recentemente, foi acusado de bater na mulher. Embora seja difícil que alguém o queira como cunhado, garanto que muito tem espaço para essa jogada aqui – desde que seja a seu favor, claro.

Cocito

Então jogador do Atlético Paranaense. o volante ficou famoso por uma pegada mais firme que teria feito Kaká chorar em sua primeira passagem pelo São Paulo. Para não alongar a conversa, vou me ater à imagem abaixo e transcrever a alcunha dada pelo Fred Fagundes ao lembrar do sujeito: Cocito, o pisador de testículos (o vídeo, de um lance com César Sampaio em 2004, não está disponível na web). Precisa ser um baita camisa 5 para dar autógrafo em uma foto como essa.

cocito-foto-autografada

André Luis

Campeão brasileiro pelo Santos de Diego e Robinho, André Luís rodou por diversos times do Brasil, chegou a jogar no Benfica e fez parte até da seleção olímpica do ano 2000. Meio pirado, é mais lembrado por um ato singelo durante o período em que jogava no Botafogo.

No Brasileirão de 2008, chegou a ser preso por desacato durante um jogo contra o Náutico.

Dinho

Expulso durante um jogo contra o Palmeiras pela Libertadores, o gremista não se deu por vencido e foi tirar satisfação com o meia Válber. Recebeu o merecido apelido de Dinho Voadora.

Dunga

O atual técnico da seleção brasileira garante que só vive para vencer, mas acho que “vive para desabafar” seria o mais apropriado. Se Cafu soltou um “Eu te amo, Regina” ao levantar a taça, o capitão e tio chato Dunga dedicou o título aos seus detratores ao levantar o mesmo caneco em 1994. “É para vocês, seus traíras”, disse.

dunga-taca-1994

Domingos

Nascido em 1985, Domingos Nascimento dos Santos Filho gosta da fama de zagueiro-zagueiro que recebeu. Ele mesmo foi responsável por disponibilizar no YouTube um vídeo com seus melhores momento sobre o título “Domingos – O Último Zagueiro”.

Júnior Baiano

Apesar da fala mansa, o hoje treinador era daqueles atletas que metia medo no ataque adversária. Que o dia o veloz Whitmore, nocauteado em um Brasil 0 X 0 Jamaica pela Copa Ouro, em 1998.

Edmundo e Zandona

Durante um jogo entre Flamengo e Vélez, Edmundo decidiu agredir o adversário do time argentino. Famoso por confusões fora de campo, como um acidente com vítimas no Rio de Janeiro, o Animal não se deu bem desta vez. O baixinho Romário foi socorrê-lo.

De Jong

O holandês tem fama de pegar pesado em todos os clubes por onde passa, e na laranja mecânica não seria diferente. Na final da Copa do Mundo de 2010, o jogo mais importante de sua carreira servindo a seleção dos Países Baixos, o sujeito resolveu dar uma voadora no espanhol Xabi Alonso.

Pepe

Em um texto que publiquei no PapodeHomem sobre os 22 personagens e fatos mais marcantes da Copa de 2014, o descrevi da seguinte maneira: “o luso-brasileiro é bom zagueiro, mas é um dos jogadores mais confiáveis do planeta por uma razão distinta. Mais cedo ou mais tarde, faz o que se espera dele: perder a cabeça”. O vídeo abaixo, uma compilação de alguns dos “melhores momentos” dele, do De Jong e do Felipe Mello comprova.

Luís Fabiano

Tão artilheiro quanto brigão, ganhou fama de encrenqueiro em 2003, depois da expulsão em um jogo entre São Paulo e River. Distribuiu uma voadora e uma declaração bombante:

Cris e Eduardo

A fama do zagueiro do Cruzeiro e do arqueiro do Atlético-MG já os precediam, e ambos fizeram jus a ela após a final do Campeonato Mineiro de 2004. Detalhe para declaração de Cris após o entrevero.

Terry

Famoso pelas entradas duríssimas, o capitão do Chelsea já deu motivos para não ser querido sequer dentro do próprio clube. Se você for jogar com ele, tome cuidado: o zagueirão teve um caso com a mulher do lateral Wayne Bridge, companheiro de time e da seleção inglesa.

Materrazi

O italiano que fez o Zidane perder a cabeça possui um vídeo com as suas peripécias chamado Materazzi [The Killer]. Sério, aperte o play e sinta o drama.

Bônus: Zidane

Um craque e, sem dúvida, um dos mais habilidosos jogadores que já pisaram nos gramados. O gesto que marcou a aposentadoria do francês foi uma cabeçada na final da Copa do Mundo de 2006, mas como a vítima foi o Materazzi, vale um atenuante. Se quiser um lugar na festa de fim de ano da minha família, é só chegar.

E na opinião de vocês. Quem mais merecia estar nessa lista e por quais motivos?

Ismael dos Anjos

Ismael dos Anjos é mineiro, jornalista e fotógrafo. Acredita que uma boa história, não importa o formato escolhido, tem o poder de fomentar diálogos, humanizar, provocar empatia, educar, inspirar e fazer das pessoas protagonistas de suas próprias narrativas. Siga-o no <a>Instagram</a>."

Leia também  30 barbas do cinema que explicam como podemos usar as nossas