Na semana passada, listamos várias experiências que alguns da Equipe PdH repetiriam ou recomendam para alguém viver em 2011. Além disso, vários leitores expandiram a lista com relatos nos comentários.
Agora deixo a parte final e um convite para que vocês continuem com os relatos nos comentários, fazendo jus ao “2010” no título do post.
Levar a namorada…(Rodrigo Almeida)
“…de co-piloto para dar uma volta a 200 Km/h em um autódromo.”
Independência (Danilo Freire)
Quando você fica para- ou tetraplégico, junto com os movimentos vão embora também – às vezes total, às vezes parcialmente – a independência e a intimidade, de modo que passa a depender de outras pessoas para realizar algumas tarefas. É o meu caso.
Sendo assim, a experiência que mais me marcou esse ano foi ir ao SWU. Não pelo evento em si, pois apesar de tê-lo achado foda, poderia ter sido qualquer outro lugar, o que tento falar aqui é de ordem simbólica, representativa.
Foi a primeira vez, desde que me acidentei – hoje, dia 29 de dezembro, enquanto escrevo este texto, “celebro” 8 anos –, que viajei “sozinho”, entre aspas porque fui com um brother – que conheci esse ano, diga-se de passagem. Já havia viajado sem meus pais antes, mas com uma namorada; e não é que tenha sido ruim, muito pelo contrário, mas ali havia um tipo de compromisso.
Apesar de todos os pesares, foi nessa viagem que experimentei aquela sensação de independência que há muito tempo eu não sentia. Foi nela, também, que conheci o pessoal aqui do PapodeHomem. Foi nela que adquiri a confiança dos meus pais para dirigir na estrada (sim, eu dirijo e bem). E foi nela, por fim, que vi pela primeira vez (mais de) um show internacional.
Além disso, conheci mulheres, fiz novos e excelentes amigos e me formei. Que 2011 supere!
Me achar na Amazônia (Felipe Ramos)
“Durante 10 dias, esqueci quem eu era, perdi hábitos de conforto e abandonei referências de convívio social. Fiquei imerso na cultura amazônica.
Após 3 excepcionais dias participando do TEDx Amazônia, participei de uma expedição ao longo do Rio Negro com pessoas absolutamente incríveis, organizada pela Aoka. Neste interím, dormimos em rede todas as noites, contemplando a beleza negra do rio à noite, procuramos jacarés de canoa, pescamos piranha, conhecemos comunidades locais, fizemos luau em praia deserta e desbravamos a mata virgem em busca de cachoeiras.
Minha vida mudou de forma vertiginosa.
Após ter vivido tantos desafios de vivência básica do ser humano, vir para a cidade grande e enfrentar os problemas do cotidiano ficou moleza. Com essa experiência, solidifiquei minha base, minha estrutura de vida.”
Sair da casa dos pais (Luciano Ribeiro)
“Uma experiência que agregou muito valor à forma como via as coisas. Passei a dar importância a detalhes pequenos da minha vida que, antes, pareciam irrelevantes ou que me faziam reagir com preguiça ou procrastinação, como lavar as louças ou o banheiro.
Ao mesmo tempo, notei a importância de um bom ambiente doméstico, um trabalho, uma alimentação saudável, e toda a logística que ter o seu próprio espaço envolve.
Não sei se é exatamente o tipo de coisa que se “repete”, mas se for para pensar em algo para se fazer, um tipo de “primeiro passo” a tomar em 2011, com certeza seria este.”
Viajar e me tatuar (Pablo Fernandes)
“Viajar sempre foi algo que eu gostei muito. Ter a chance de interagir com novas pessoas, conhecer novas culturas. 2010 foi um ano que eu consegui fazer isso. Rodei pra vários cantos, me relacionei com novas pessoas, conheci novos costumes e culturas, jeitos de viver bem diferentes do que eu estou acostumado. De norte a sul do Brasil, aprendi várias lições para meu dia-a-dia. Com certeza é algo que pretendo muito repetir em 2011.
Fazer a primeira tatuagem já estava nos meus planos desde criança. A angústia de escolher o melhor local do corpo e a frase certa, carreguei por um bom tempo. Escolhi homenagear as pessoas que faria tudo por elas: minhas irmãs e minha mãe. Uma bela tatuagem pra começar. Ano que vem, com certeza, farei mais uma ou duas. É viciante. Impressionante!”
Começar o curso de TaKeTiNa (Gustavo Gitti)
“Passando pelos meses de 2010 no Google Calendar, lembrei de muita coisa boa: viagens e noitadas com a namorada, retiros de meditação, uma aventura com amigos na montanha, curso de samba de gafieira, cama nova, filmes, músicas, peças, shows, bares, restaurantes, textos, projetos… Não me orgulho de nada disso, nada fiz quase nada, foi a vida que aconteceu – talvez justamente porque fiz pouco e me preocupei apenas em me posicionar de modo a não deixar que meus obstáculos e minhas fixações atrapalhassem tanto o desenvolvimento das relações.
A principal novidade, entretanto, foi que comecei a fazer o treinamento de TaKeTiNa, algo que esperei 10 anos para conseguir levantar grana. Nunca encontrei curso algum no qual valesse investir todo o meu dinheiro até estar no meio de uma roda com um maluco tocando berimbau e fazendo vocalizações que me levaram para uma casa que eu não conhecia.
Não há sequer um professor de TaKeTiNa em nosso continente. Trazendo para cá essa técnica que usa polirritmia como um meio de transformar corpos e mentes, vou continuar com o mesmíssimo trabalho que tento fazer na Internet e presencialmente no CEBB.
Fiz duas viagens para um centro de retiros, perto de Portland (Oregon), nos EUA, onde fiquei 30 dias intensivos só trabalhando com ritmos, com minha mente e com outras 19 pessoas de várias idades e culturas. Ouvi mil histórias, aprendi ainda não sei o que e agora estou tocando berimbau, surdo, tschanggo (um instrumento coreano), caxixi, fazendo aula de canto e conduzindo rodas semanais para praticar em grupo.
Termino a formação em outubro de 2012. Se eu não surtar no workshop final de avaliação, volto para cá e prometo viajar o Brasil oferecendo um lugar na roda para vocês.”
Visitar o Vale do Silício (Fabricio Peruzzo)
“Em 2010 visitei o Silicon Valley, um sonho desde meus tempos de adolescente nerd apaixonado por tecnologia. A experiência foi mais completa ao passear por lá com um amigo que admiro muito e que tem o emprego dos sonhos de todo informata: trabalha no Google.
O passeio incluiu São Francisco, Reno, Los Angeles e Las Vegas. Sobre Las Vegas só posso dizer uma coisa, todos deveriam conhecer três cidades no planeta: Paris, Veneza e Las Vegas. Cada um, a seu modo, é totalmente peculiar e diferente de tudo o que existe em todas as outras cidades. Sei que cada cidade é um mundo de surpresas, mas estas três são surpresas elevadas ao cubo.
Se repetiria a experiência em 2011? Contem com isso. Em março parto de mudança para o Silicon Valley, onde devo permanecer seis meses. Depois, mais seis meses em Paris. Parece que o vírus viajante do Seiiti Arata me pegou de jeito.”
Ir a um show internacional (Danilo Scorzoni)
“Como sou um “bicho do interior”, a cidade de São Paulo sempre representou caos para mim e isso me fez recusar, diversas vezes, convites de amigos para assistir shows internacionais como Rush, Iron Maiden, Scorpions, entre outros, sempre sob a desculpa da falta de dinheiro. Até que criei coragem e fui assistir a uma das minhas bandas favoritas, Coldplay, que se apresentou no Morumbi, em março. Foi o primeiro show internacional que presenciei.
A experiência foi fantástica. A abertura, que começou com uma brincadeira onde todos os presentes cantarolaram a valsa do “Danúbio Azul”, logo se explodiu em uma multidão de gritos, quando a banda entrou e apresentou “Life in Technicolor”, seguida de “Violet Hill”. Uma experiência que ficará marcada eternamente na minha memória. Já estou procurando o próximo show para 2011.”
Link YouTube | A distorção nas imagens, quando a música começa, mostra a emoção do momento.
Cursar Empretec (Daniel Bender)
“Fiz Empretec, um programa do Sebrae. Recomendo fortemente, embora não faça sentido refazê-lo.
É um curso tão único e particular que não posso dizer o conteúdo por que estragaria a experiência de quem fosse fazê-lo.”
Marcar o primeiro gol no Pro Evolution Soccer (Pedro Bizareli)
“Eu nunca fui bom em videogames. Nem ruim. Eu sou um fracasso completo. Sempre fui aquele CDF que não se interessava pelos fliperamas de The King of Fighters depois da escola e gostava de ir à biblioteca. Talvez porque eu não tenha coordenação motora nenhuma, mas essa é outra história. Eu parei antes que eu virasse lenda quando tomei uma coça de 30 x 0 no Winning Eleven de um moleque de 9 anos.
Aí que quando trabalhava para o Governo, eu e mais uns amigos da repartição íamos pra uma espécie de lan-house recheada de PS3. O jogo, claro, era sempre o PES. E não preciso dizer que nunca ganhei de ninguém. Pra falar sério, nesse título aí falta o adjetivo “pró”, né, porque eu sou mestre em gols contra.
Um belo dia, estava jogando com a Inter e meu amigo com o Manchester. Não sei como fiz aquilo, qual a sequência de botões que usei, nem quem foi o jogador que fez o bendito, só sei que era do meu time e que ele fez um golaço no ângulo. Ok, nem tudo são flores, ele empatou depois, mas foi uma das maiores emoções da minha vida. Sério. Se você me conhece, sabe que isso foi um milagre da superação.
E pretendo repetir em 2011 porque (é claro que vocês já imaginam isso) até hoje eu ainda não fiz o segundo.”
Subir uma montanha com bons amigos (Fábio Rodrigues)
“A verdade é que no ano de 2010 passei por várias coisas que eu poderia repetir com gosto em 2011. Não tanto porque foram coisas muito boas, necessariamente, mas porque foram intensas e marcantes de alguma forma. Apesar disso, quando me pediram pra fazer esse relato, o que me veio à mente primeiro foi algo relativamente simples: a subida ao Monte Crista, em Garuva, SC.
Na verdade, não tanto a subida em si, porque tenho ido pra lá desde os 14 ou 15 anos, mas essa última vez foi algo bem particular por causa da “equipe” que conseguimos reunir. Juntamos meia dúzia de amigos que eu considero muito especiais, de três Estados diferentes e com agendas tão bagunçadas que raramente acontece de se encontrarem num mesmo lugar.
Pra quem não conhece – como era o caso de todos os caras que subiram comigo dessa vez – a subida à Serra do Quiriri, onde fica o Monte Crista, dependendo de como e até onde você vai, pode ser algo realmente exaustivo. De qualquer forma, reunir bons amigos pra ficar alguns dias à mercê das condições do tempo e das surpresas de uma montanha, perto do limite das nossas capacidades físicas e psicológicas, é uma experiência que eu repetiria em 2011 e nos anos seguintes, sem dúvida.”
Link YouTube | Foram 7 horas para subir e 6 para descer, parando apenas umas duas vezes para comer e descansar rapidamente.
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A lista continua nos comentários…
Certamente vocês possuem relatos igualmente interessantes.
Estou bastante curioso pois ainda tenho bastante espaço vazio na agenda de 2011. 😉
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