Confesso: tenho medo de vibradores que não tem formato de pau.
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Uma amiga me contando seus dramas penianos:
Comecei a morar com a Paulinha essa semana… e ela quer que eu jogue fora todos os meus paus.
E eu: como assim?
Ela acha que não tem nada que ter pau em casa. É radicalmente contra. Uma coisa assim política, sabe? Se não queremos nem precisamos de homem pra nada, então qual é o sentido de ter pirocas de plástico na gaveta? etc.
E suspirou:
Será que tem alguma ONG que aceite doação de paus usados?
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Talvez tenha sido melhor assim.
Carente por seus brinquedos perdidos e por tudo que evocavam, minha amiga apelou para minha ajuda diversas vezes.
Se Paulinha não tivesse jogado todos os paus fora, quem sabe minha amiga teria resolvido por conta própria suas saudades penianas.
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Todo homem tem um medo latente de sua própria obsolescência ? falocentricamente encarnada em nossos paus. “Ó, o que será de mim se meu pau não funcionar mais?”, “will they still blow me when I’m 64?“, etc.
(Sim, minhas amigas feministas, sei bem que essa ansiedade é tipicamente machista, já me auto-flagelei hoje de manhã.)
Mas compartilho essas ansiedades. No meu caso, elas se manifestam de uma maneira bem concreta:
Tenho medo de vibradores que não tem formato de pau. Daqueles vibradores bizarros em forma de coelho, borboleta, tentáculo, até Buda. Daqueles que são somente uma bolinha que vibra contra o clitoris.
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A maioria dos homens parece gostar de ver duas mulheres se pegando. Eu não. Não consigo me imaginar ali no meio. Não tenho com quem me identificar na cena. Me sinto colocado de fora.
Um vibrador em forma de golfinho me traz a mesma sensação excludente.
(Sim, minhas amigas feministas, sei que me sinto assim porque, enquanto homem branco heterossexual, não estou acostumado a ser excluído de nada.)
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Mas enquanto os vibradores pelo menos tiverem formato de pau, ainda haverá alguma esperança para os homens.
Depois do grande extermínio masculino (sim, outra ansiedade tipicamente machista causada pela nossa aparente perda de direitos), quando as mulheres humanas fizerem primeiro contato com os alienígenas convenientemente assexuados, pelo menos vão poder explicar:
Sim, um dia houve umas criaturas chamadas homens. Uns bichos falhos e peludos que deixavam a toalha largada pelo chão. Acabamos nos livrando deles. Temos inseminação artificial e robôs abre-potes, já não serviam pra nada. Mas, sabe como é, somos sentimentais e guardamos o que tinham de melhor. De recordação.
E os alienígenas, sem entender muito bem e querendo fazer um comentário simpático, diriam apenas algo como:
É aerodinâmico, né?
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Para uma abordagem mais séria desses mesmos temas, recomendo meu texto Feminismo para homens, um curso rápido.
Escolham o seu preferido!
Não preciso nem dizer que todas as imagens dessa página são verdadeiros consolos e vibradores que podem mesmo ser comprados por aí, né?
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