Nota editorial: acreditamos que nudez, sensualidade, desejo e diversidade são discussões essenciais de nosso tempo. E que há espaço para tratar disso sem objetificar e ofender, mas sim valorizando toda a riqueza do masculino e do feminino. Para entender porque publicamos ensaios de homens e mulheres e saber mais sobre o que aspiramos para a série "Bom dia", leia o que escrevemos aqui. E se tem um ensaio que deseja publicar, fale conosco pelo luciano@papodehomem.com.br .

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Ser fotógrafa nunca foi um objetivo de vida, um sonho. Tudo aconteceu como a fluidez da água de um rio que corre num sentido único, sem muita escolha ou a possibilidade de voltar atrás.

Eu sou extremamente sensível sobre as dores do mundo e aprendi a transformar em arte o tanto que sentia. Comecei ainda adolescente, ao colocar minhas vivências em ilustração e pintura, depois para a escrita. Logo depois, comecei a faculdade de design gráfico e uma inquietação me levou a viajar muito e também a procurar trabalhos sociais. Para registrar essas experiências, cai no mundo da fotografia. E foi através dela que amadureci e me reconheci como um ser possuidor de voz por meio do silêncio ambíguo de uma imagem.

É uma história da qual me orgulho muito porque sinto que através das minhas criações fotográficas não só encontrei minha profissão, como nasci como mulher e artista, ao perceber que minha fala e alma tinham um espaço no mundo.

Eu também percebia que a maioria do material sobre o corpo da mulher era produzido por homens e para homens, então fiquei motivada a dar para a mulher o protagonismo de sua própria imagem: o corpo da mulher registrado pela lente de uma fotógrafa mulher e tendo como público final principalmente o feminino. Queria atropelar a ideia do nu como algo apenas sensual, sexual e que serve para agradar ao homem.

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Os ensaios são coletivos para derrubar esse tabu do nu como algo envergonhado. É uma libertação, uma possibilidade de se ver despido dos preconceitos e do peso do julgamento constante.

Recentemente, abri meu trabalho de nus femininos para ensaios masculinos, para mostrar um olhar mais sensível sobre a dureza do corpo do homem. Assim que publiquei minha primeira foto, fui denunciada e tive meu instagram banido.

Tive que recomeçar e contei com a ajuda de muitos amigos e conhecidos que abraçaram a causa.

Agora, estou aqui, apresentando meu trabalho pra vocês na coluna do Bom Dia.

Espero que gostem e, se gostarem, deixo o convite para conhecer mais no meu Instagram.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pamela Facco

Designer gráfica por formação acadêmica, ilustradora nas horas vagas. Fotografar enquanto se vive é seu mais constante hábito.