Nota editorial: estamos em busca de Bom dias com homens e com mais diversidade de corpos e peles — aqui explicamos em mais detalhes o contexto atual da série, suas origens, obstáculos e nossa visão de futuro para ela. Se você é fotógrafo(a) ou tem um ensaio que deseja publicar, fale conosco pelo jader@papodehomem.com.br .
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Eu era complexada com meu corpo. Sem eufemismos, me odiava. Não é uma realidade diferente daquela vivida por tantas e tantas mulheres – de um lado, somos empurradas pela indústria da moda a um padrão de corpo esbelto. De outro, os homens desejam seios empinados e durinhos, cintura fina e bunda grande. No meio desses dois padrões ficamos nós, as outras, aquelas que não têm representatividade nas capas de revista ou no imaginário masculino.
Demorei muito tempo para perceber que eu não precisava estar em nenhuma das duas pontas, e 2013 foi um ano crucial para a mudança da percepção que eu tinha sobre mim mesma, especialmente sobre o meu corpo. Foi quando comecei a construir e fortalecer, com carinho, minha autoconfiança – um processo que ainda está em andamento, diga-se de passagem.
Em 2014, me sentia confortável o suficiente para entrar em contato com o Alberto Prado, idealizador do ElaCrua – o projeto estava indo para Belém, cidade na qual eu morava na época. O ElaCrua me chamou atenção pela proposta: retratar a diversidade da mulher brasileira, dando às fotografadas a liberdade de dirigir seu próprio ensaio. Por incompatibilidade de agenda, o ensaio só se efetivou mesmo esse ano, quando me mudei pra São Paulo.
E eu digo: tirar a roupa nunca foi tão libertador. E espero que, um dia, todas as mulheres possam sentir o mesmo. Especialmente quando estiverem entre quatro paredes, sozinhas com elas mesmas.
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