Nota editorial: acreditamos que nudez, sensualidade, desejo e diversidade são discussões essenciais de nosso tempo. E que há espaço para tratar disso sem objetificar e ofender, mas sim valorizando toda a riqueza do masculino e do feminino. Para entender porque publicamos ensaios de homens e mulheres e saber mais sobre o que aspiramos para a série "Bom dia", leia o que escrevemos aqui. E se tem um ensaio que deseja publicar, fale conosco pelo luciano@papodehomem.com.br .
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O nu não poderia ter acontecido em melhor momento da minha vida.
Todas as oportunidades que surgiram no passado tiveram o porquê de esperar o momento certo… a Aninha mais madura e mais segura.
O momento certo aconteceu no primeiro semestre de 2016, quando participei do libertine.nu, projeto do fotógrafo Neto Macedo.
O projeto (que já não existe hoje), foi uma experiência libertadora e um ponto de partida para tantas outras coisas incríveis que surgiram a partir dali.
O que a princípio era apenas uma forma de marcar minha chegada aos 30’, acabou dando novos rumos à minha vida.
O nu transitou da brincadeira ao trabalho, do natural, ao sensual e voltou ao natural quando conheci o Guilherme Leite e o Projeto Eu Mesma, Eu Livre que me rendeu fotos incríveis.
Os trabalhos sensuais para o site Suicide Girls e outros trabalhos sensuais aleatórios permanecem e adoro posar, mas, são os trabalhos voltados ao nu natural que me definem melhor. O nu cru, sem muitas poses, sem muitas edições.
Todos os ensaios trazem experiências novas, divertidas e me proporcionam conhecer pessoas maravilhosas. O posar para mim sempre foi tranqüilo. Tirar a roupa nunca me intimidou e acho que essa naturalidade traz mais leveza aos trabalhos e mais conexão entre modelo e fotógrafo.
Trabalho com o nu acreditando que ainda hoje seja uma forma de quebrar tabu, ainda mais quando não se tem mais vinte e poucos anos.
É assustador ver que as pessoas ainda são julgadas e desvalorizadas pela quantidade de roupas que usam ou por se despirem. É assustador perceber que muitos ainda acreditam que as mulheres que se expõem merecem coisas ruins. É triste saber que muitas pessoas se envergonham dos seus corpos por causa de julgamento alheio e padrões impostos.
O seu corpo é a sua moradia. Cuide e admire.
É preciso falar mais e mais sobre isso, até que entendam que o se despir não é por necessidade de aceitação, não é por ego ou ‘likes’. Ainda hoje, é sim uma forma de romper barreiras e quebrar padrões. É uma forma forte de se impor diante de uma sociedade machista e hipócrita.
Se falássemos mais sobre essas questões, não teríamos, por exemplo, tantas mulheres vítimas de crimes cibernéticos, pois esses não ganhariam força para difamação, humilhação e desvalorização da vítima (e esse é apenas um único exemplo do porque é importante mostrarmos a naturalidade que existe em um corpo nu).
O nu feminino é cercado por tabus. Existe um tratamento diferente para com uma mulher que se despe comparado ao homem que se despe. Existem polêmicas e censuras voltadas aos mamilos femininos. O que dizer então das dobrinhas, estrias e celulites que são logo bombardeadas quando deixamos as edições de lado? Por essas e outras tantas questões vejo o nu como a arte de empoderamento (uma delas).
Trabalhar com essa arte me fortalece e é um exercício constante de aceitação. É prazeroso, é libertador.
Nosso corpo não deve ser motivo de vergonha. Deve ser sinônimo de orgulho.
O nu diz muito sobre amor próprio.
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