Eles provavelmente nunca tocaram no rádio do seu carro, nem pipocaram na sua timeline ou apareceram na lista dos álbuns mais vendidos do Itunes. 

Quero dizer, ainda não. 

O pessoal que compõe essa lista tem tudo para conquistar o lado musical do seu coração, com canções que compõem uma nova vertente da música popular brasileira: aquela (quase) feita em casa e com dedicação de sobra.

A lista não compreende todos os cantores que fazem boa música e que passa desconhecida, por se tratar de muita gente que se multiplica a cada dia. Trata-se mais de uma seleção pessoal dos artistas que mais me impressionaram nos últimos meses, e que merecem uma pitadinha de reconhecimento pelo trabalho maravilhoso que fazem com a música.

Lembrando que aqui no PapodeHomem você ainda pode conhecer a coluna Eu ouvi pra você, do Luciano Ribeiro, que traz sempre indicações incríveis do que ouvir.

Rubel

“Pearl” é o nome da casa, no Texas, em que o carioca Rubel Brisolla produziu seu primeiro álbum de mesmo nome. 

Vivendo com mais de 100 jovens ali, a casa se tornou um antro cultural de espírito inspirador. A experiência rendeu sete músicas maravilhosas, carregadas de sentimentos de descoberta, saudade e amor.

 

 

Caê Rolfsen

Autor de um dos melhores álbuns brasileiros de 2012, Caê abusa da mistura entre as culturas brasileiras. 

Todo o disco funciona como um pedaço de trilha sonora, com composições que acalmam o ritmo das nossas emoções. Especial atenção às canções “Linda” e “Que nem a gente”, de inteligência invejável.

 

 

Apanhador Só

“Música experimental” é talvez o termo que mais se aproxime do que a galera da Apanhador Só faz. 

Eles batucam onde dá pra batucar, tiram melodia de copos de plástico e de bolinhas de gude. E não é só no arranjo que eles acertam em cheio, a qualidade das composições também impressiona: 

Então eu me pergunto, quando sobra algum segundo / Em que eu reflito sobre o mundo, se funciona e coisa e tal / Concluo que tá preta a situação, pra lá de azeda / O leite que ainda sai da teta nem sequer é integral.

 

 

Daniel Groove

Daniel Groove é o tipo de sujeito que consegue compor uma música para infinitas situações. 

As canções do seu álbum Giramundo são leves e relaxantes aos ouvidos daqueles que recordam boas lembranças, ao mesmo tempo em que podem ser impactantes e perigosas a corações sensivelmente apaixonados. 

A voz gostosa e viciante é um plus.

 

 

Simonami

Simonami é sentimento puro. 

A banda curitibana esbanja sensibilidade nas composições, sempre melodias suaves que embalam nossos corpos acelerados – e num momento tudo se acalma, tudo fica mais simples e muito mais bonito. Eles usam e abusam da delicadeza do nosso cotidiano, da nossa fraqueza emocional. Acertam em cheio, no ponto mais fraco.

 

 

Renato Godá

Um Don Juan tupiniquim que de clichê não tem nada. As canções de Godá são misturas referenciais de Truffaut e Bukowski, e viciam mais que qualquer bebida vinda lá da boemia. 

São canções para se ouvir durante madrugadas silenciosas e frias, preferencialmente com uma boa companhia para compartilhar os refrões.

 

 

Igor de Carvalho

Sou poemas cantados que cantam você” – é exatamente assim que eu definiria Igor de Carvalho, uma máquina ambulante de sambar poemas viscerais. 

Com músicas autênticas e incrivelmente precisas, o recifense juntou em um só álbum o sotaque, a voz, as letras inteligentes e a coragem de sambar sobre amor e cheque especial: O meu limite é pequeno e o dólar tá em alta.

 

 

Galego

Música pelo prazer de cantar. O paulista parece querer compor e cantar a cem por hora, num ritmo frenético de capital que não para. 

Mas o som não sai apressado nem assustado, acontece de forma natural quando acaricia os ouvidos e relaxa os músculos com sambas metade pop, metade bolero. 

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As letras são confissões à parte: não adianta enxaguar / nem toda água do mar / vai lavar / tanta mágoa de tanto amar.

 

 

Kelton

Este é subjetividade, é pura interpretação. Compõe, lá de Brasília, músicas que te acertam como um estalo de sentido. São claras e simples e absolutamente relacionáveis, porém não chegam óbvias e descaradas. Precisam ser estudadas, apreciadas e, quando o tempo parecer certo, compreendidas – até que tudo mude novamente. 

Venceu com esse clipe maravilhoso o 3º Festival Curta Brasília.

 

 

Phill Veras

O garoto das composições corajosas, é assim que costumo apresentá-lo. Phill Veras arrisca colocar o coração bem meio das suas canções, sem deixar explícitos os motivos para tanto. 

São vivênvias artísticas e letras desconstruídas que chamam a atenção, e que conseguem tornar as músicas universais e impactantes.

 

 

Bruno Batista

Um dos melhores compositores contemporâneos. Bruno Batista brinca com as palavras, as reorganiza a seu bel prazer e tira delas frases maravilhosas, que emocionam a cada vez que invadem nossos sentidos. 

Músicas que se declaram, que sentem saudade, que choram e que acabam sempre voltando para um segundo play.

 

 

Versos que compomos na estrada

É Lívia Humaire e Markus Thomas. Mais que isso, é poesia pura. Dois paulistas que já traziam âmagos de poeta se juntam para produzir um álbum carregado de sensibilidade e teor interpretativo. 

As canções são tão introspectivas quanto podem ser, e tão reflexivas e harmoniosas quanto os versos quando cantados. Quando compostos e tirados da estrada para o violão.

 

 

Primos Distantes

Canções divertidas de tão trágicas. 

Os garotos entregam o jogo e riem da própria desgraça, compondo canções que falam de amores que foram embora, do vício pela televisão, da inequação social e da conjuntivite que todos almejamos quando queremos distância de alguém: E mesmo que o acaso nos coloque frente a frente / Eu não possa nem cumprimentar. Destaque para a última música do álbum, uma obsessão divertida.

 

 

Memórias de um caramujo

Não são assim tão novos no cenário musical, mas ainda passam despercebidos nas listinhas das bandas mais legais. 

Os arranjos se adequam perfeitamente às composições, os álbuns são produzidos com um zelo tremendo e os integrantes dão um show (literalmente) quando cantam ao vivo. Canções bonitas e inteligentes numa perfeita união musical.

 

 

Pedeginja

Música para dançar, para cantar junto e para mandar amigo ouvir. A trupe da Pedeginja encara a música como pílulas de alegria, compõem canções positivas, respiros para dias agitados sem muita poesia. 

O álbum tem uma sonoridade impressionante do início ao fim, que toca enquanto esbanja energia maranhense que parece não acabar nunca.

 

 

Filarmônica de Pasárgada

Se conheceram na USP e começaram a tocar no bandejão, até que perceberam que o pessoal de fora também queria ouvir o som que vem lá de terras utópicas. Com uma quantidade de integrantes que mais parece mesmo uma filarmônica, o grupo capricha nas composições, que embalam sempre com arranjos animados e “diferentes”.

 

 


Nos ajudem a completar essa lista, quais outros artistas brasileiros as pessoas precisam conhecer? 

Compartilhem nos comentários, se possível já com um link de uma boa música.

Nota do editor – Atualizado em 26/02/2016: O leitor Filipe Baldin compilou todas as indicações e criou uma playlist colaborativa no Spotify. Agora, você pode ouvir tudo o que está aqui mais facilmente, e contribuir com suas sugestões. Coisa bonita. Obrigado, Filipe! 

 

Willian Sousa

Jornalista meio formado, a outra metade dedica à literatura e aos contos escritos sem pretensão. Viciado em música brasileira de garagem, compartilha o que encontra em <a>deviaouvir.com.br</a> ."