Cá estamos de volta com mais uma porção de nomes da nova geração da música popular brasileira. Gente desconhecida, outras nem tanto assim, mas todas valendo alguns minutos de experimentação do seu dia. E hoje é a vez delas.

A última lista que eu compilei, publicada aqui no PdH no ano passado, contou com uma maioria masculina esmagadora. Mas isso não representa o atual cenário da música independente – pelo contrário, com a experiência que acumulei nos últimos anos como “garimpador musical”, consigo dizer que a presença feminina nesse universo tem crescido, e crescido rápido.

E graças a Deus por isso. São novas visões e novas vozes, cuja sensibilidade e óbvia paixão pela música as colocam em boa posição no que diz respeito a fazer arte pela simples vontade (ou necessidade) de fazer arte.

Vale ainda aproveitar o espaço para uma chamada de atenção: busquem novos artistas. A passividade do consumo cultural compromete o crescimento do público dessa galera. Elas provavelmente não vão tocar no seu rádio ou cantar no especial de fim de ano da Globo – e caso sejam esses os seus únicos meios de atualização musical, sinto informar, mas tu tá perdendo muita coisa boa.

Fones de ouvido, volume no máximo e simbora!

1. Lorena Nunes

Animação é o que não falta na cantoria dessa cearense de sorriso marcante – tenho a impressão de ouví-lo presente em todas as músicas. Voz já conhecida pelas bandas do Nordeste, desceu para São Paulo à procura de um novo público. Trouxe com ela uma alegria contagiante e um samba difícil de ignorar. É música pra se entregar, definitivamente.

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2. Larissa Baq

Presença e atração artística em um só lugar. Larissa parece que canta como forma de existir, todas as interpretações são corajosas e entregues. As letras são versos claramente vindos do âmago de uma artista em ascenção, que compõe com o coração e solta as urgências em formato lírico cantado: E se for / Caso de ser indeciso / abre um riso / Que de dor / já chega a do mundo / Amor.

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3. Thaïs Morell

Seguindo a crítica positiva e a qualidade marcante do primeiro disco, lançado em 2012, Thais capricha e se renova em Amaralina, disco mais recente concluído no final do ano passado. Tenho um grande apreço pelas composições e pela atmosfera das músicas. Ao mesmo tempo que acalmam, marcam de forma impactante.

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4. Juçara Marçal

Já familiar no cenário musical, Juçara é dona de uma longa carreira: passou pelo Vésper Vocal, pelo grupo A Barca e pelo Metá Metá em parceria com Kiko Dinucci. A energia parece que não se aguenta dentro dela, tanto que reflete na força que sua voz interpreta as canções. É coisa linda de ouvir, vale uma tarde toda fuçando pelos inúmeros discos que ela ajudou a dar vida.

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5. Luiza Sales

Uma das maiores vozes do projeto Meninas do Brasil, Luiza une a qualidade vocal, a técnica e a teoria à sensibilidade de uma artista completa. Os dois CDs da carioca parecem se completar: Breve Leveza tem uma calma impactante, enquanto Aventureira parece conversar com agilidade e força urgentes. Harmonia gostosa de ouvir.

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6. Sara não tem nome

Uma das melhores surpresas artísticas que invadiram o meu ano. Sara tem a coragem de cantar sobre o que precisa ser cantado, ainda que a obrigação pareça vir de dentro. O álbum Ômega III traz composições difíceis de processar, mas de intenção e simbolismo imensos: Todos os dias milhares de peixes morrem / Afogados com o ar.

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7. Ana Larousse

Ah, essa voz! O primeiro disco solo dessa curitibana, que andou pela França e atracou em São Paulo, é de uma leveza ímpar. Tudo começou aqui fala de solidão, de amor, de perdas e de tudo o que faz de nós um pouquinho mais humanos. Além do trabalho solo, ela tem também um belo histórico de parcerias (cantando com Léo Fressato e Phil Veras).

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8. Gisele de Santi

Belíssimas composições. Voz precisa, certeira. Com dois discos gravados, Gisele tenta e experimenta, as canções são encontros de diferentes estilos que claramente a influenciaram artisticamente: samba, bossa e r&b. Cada play é uma surpresa, e cada final de música um gostinho de ouvir de novo.

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9. Bluebell

Diva é a Mãe é um CD incrível. Ousado, visceral, valsante. É o tipo de obra que flui e prova que a música é coisa que não se pega, que se deixa envolver e apenas. Bluebell tem ares de artista e estilo difícil de classificar – somados à voz difícil de parar de ouvir, é receita para um grande nome do cenário.

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10. Nana

Uma das minhas últimas descobertas – e já considero um dos maiores achados do ano. As canções são intimistas e os arranjos viciantes, inspirados talvez em uma mistura de referências que vai desde o som de Belle and Sebastian à nacionalidade do samba e da bossa nova. Particularmente, adorei as composições: Eu sinto muito, meu amor / Na vida é guerra e paz / Ao dizer seu nome / O meu corpo inteiro ri.

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11. Paula Cavalciuk

O EP Mapeia é recheado de canções inteligentes e estilos próprios – cada música parece vir de um momento diferente. Já com alguns anos de experiência no cenário musical, a paulista parece ter descoberto seu processo criativo e o colocado para trabalhar. Como resultado dá pra esperar muita coisa boa a vir por aí. Aposta certa.

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12. Laura Lopes

Com o primeiro disco indicado ao Grammy Latino em 2013, Laura é uma artista que você precisa conhecer. Além desse trabalho, também participa de um coletivo com outras cantoras mineiras, o ANA. Suas interpretações são viagens, que transportam, se movimentam, chegam e ficam. E transformam, definitivamente.

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13. Dandara

Interpretações incríveis e voz ímpar. Dandara já correu por muitas esquinas da música brasileira, lançou um EP em 2010 e trabalhou em parcerias que renderam produtos maravilhosos – canções que marcam, com gosto e força. É técnica se misturando com o ar subjetivo e emocional da arte. Difícil de explicar, é preciso ouvir.

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14. Ana Paula Gomes

Ana se descreve assim: “Alguém que compõe o que sente, o que vê, e o que espera da vida”. Perfeitas palavras para explicar o que significa ouvir as músicas dessa capixaba de voz tranquila e impactante – pela tonalidade forte e segura. Destaque para as composições guturais e cruas, que marcam feito poesia.

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15. Ava Rocha

Despojada e ácida, Ava Rocha experimenta o possível de se fazer com a música. Talvez pelo ambiente familiar, a filha de Glauber Rocha parece ter bebido por muito tempo de influências artísticas e de diferentes formas de expressão. Suas canções são um universo todo em poucos minutos de cantoria.

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16. Luiza Lian

Essa cantora e compositora paulistana lançou no último ano um dos discos mais viscerais que tive o prazer de ouvir. Uma mistura de estilos e de tonalidades dão ao álbum uma particularidade individual – já de início Luiza conseguiu marcar seu estilo. Que é arriscado e entregue do início ao fim.

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Willian Sousa

Jornalista meio formado, a outra metade dedica à literatura e aos contos escritos sem pretensão. Viciado em música brasileira de garagem, compartilha o que encontra em <a>deviaouvir.com.br</a> ."