Eu quero pedir um favor. Repara na diferença entre o número de pessoas brancas e negras que estarão no próximo comercial que você assistir. Ou no quanto se faz barulho sempre que um casal homossexual aparece nas telas da família tradicional brasileira.
Agora, se coloque no lugar (se é que você já não faz parte) de grupos como esses: achar que sua presença em novelas/filmes/séries é indesejada ou praticamente inexistente não é uma das melhores sensações do mundo, né?!
Pra melhorar esse papo, o Nexo Jornal publicou um texto que discute justamente um pouco dessa questão: a relação entre o consumo de séries representativas e a desconstrução de preconceitos. Quando nos ligamos afetivamente a personagens que representam uma minoria, a chance de quebrarmos preconceitos ligados, por exemplo, ao racismo, lgbtfobia ou machismo, é maior.
Pensando nisso, a gente resolveu te ajudar e fazer uma listona com algumas boas séries que colocam em prática a famigerada representatividade (SIM, ela importa!). Se você é daqueles que fazem maratonas e ficam horas sem dormir para assistir todos os episódios, elas tem boas chances de render um novo vício.
The Get Down
A primeira indicação não poderia ser outra. The Get Down é uma das mais novas produções do Netflix e amarra vários temais sensacionais. De representatividade negra a movimentos políticos, a série passa pela história do hip hop, com uma pitada de musica gospel, grafite e um alto nível de poesia, além de ser uma ótima experiência audiovisual.
The L word
The L Word já tem alguns bons anos de vida mas continua super atual. Retratando a realidade de lésbicas, a série é importante não só como instrumento de empoderamento, mas como uma forma de aprender a não fetichizar o relacionamento entre mulheres. No maior estilo treta atrás de treta, a série tem diversas situações típicas do universo lgbt, como o bom e velho rebuceteio; se não sabe o que é isso, The L Word explica.
Scandal
A personagem principal da série é uma mina negra: só isso já vale pra pensar quantas vezes uma situação do tipo se repete pelos canais afora.
A Olivia (Kerry Washington) se tornou uma "protetora" de pessoas da elite depois de largar o emprego na casa branca, mas acabou não enterrando seu passado presidencial tão bem. Fora isso, ela convive com uma equipe que se garante quando o assunto é resolver problemas alheios, mas mergulha em um super fracasso na hora de lidar com os próprios.
Scandal foi criada pela Shonda, que acumula uma porção de produções incríveis, como Grey's Anatomy, The Cath e How to Get Away With Murder. Aproveitando a ponte, vale a pena falar dessa última.
How To Get Away With Murder
A atriz principal, também negra, é nada mais nada menos que Viola Davis, advogada e professora fodona de direito criminal (o nome da matéria, só pra dar um spoiler, é “Como se livrar de um assassinato”). No desenrolar das coisas, ela e alguns de seus alunos tentam resolver casos e passam por dezenas de situações tensas.
Will&Grace
Essa produção é de 98 e mostra muito do que acontece por ai. Os personagens que dão nome à série namoravam. Só que depois de um tempo, Will, interpretado por Eric McCormack, descobre que é homossexual. Junto dele estão Karen, uma mulher rica movida a álcool e remédios, e Jack, que também é gay.
Strange Empire
Se você é daquelas pessoas que gostam de ver o empoderamento feminino em ação e sabem lidar bem com o fim de coisas boas, essa é a sua série. Isso porque Strange Empire só tem uma temporada e não foi renovada, mas os 13 episódios valem muito a pena. Para chegar na cidade de Janestown e sobreviver, um grupo de mulheres precisa enfrentar várias situações em um contexto totalmente patriarcal e sem regras. Algumas delas, por exemplo, são obrigadas a se prostituir para “substituir” garotas de programa mortas por uma epidemia de cólera; e tudo isso rola no ano de 1869.
Drop Dead Diva
E a tal da gordofobia, ein? Essa indicação é uma boa pra discutir isso. Mesmo seguindo a linha séries de advogados, Drop Dead Diva garante umas boas risadas e talvez algumas crises existenciais. A Deb era uma daquelas mulheres “magra/loira/padrão”, mas fica inconformada com a sua própria morte. Depois de mexer alguns pauzinhos com os caras lá de cima, ela até consegue retornar à vida; mas volta na pele de Jane, uma advogada séria e gorda.
Diff'rent Strokes
“Que papo é esse, Willis?” Se você não sabe de onde é esse bordão, tá na hora de conhecer. Diff’rent Strokes conta a história de dois meninos negros e pobres adotados por um grande empresário, que os leva para sua casa em Manhattan. Os garotos são interpretados por Gary Coleman (Arnold) e Wilis (Todd Bridges). E por falar em Todd, ele também faz parte do elenco da próxima série dessa lista.
Todo Mundo Odeia o Chris
O Chris é um garoto negro que estuda na corleone, uma escola só de brancos. Os episódios rendem muitas risadas e trazem a realidade de uma família negra da Bed-Stuy, em Nova Iorque, para escancarar o quão cruel pode ser o racismo, seja ele vindo de um colega de classe ou de uma professora.
Orange Is The New Black
Esse já é um vício de muita gente (inclusive meu) mas não poderia faltar aqui. Retratando o cotidiano de mulheres dentro da prisão federal de Litchfield, a série aborda um compilado de questões.
Com personagens lésbicas, idosas, imigrantes, negras, trans, entre muitas outras “minorias”, OITNB cruza um cotidiano carcerário marcado por abusos e enfrentamento de grupos com o histórico de vida que cada uma das presas carrega.
Jessica Jones
Essa heroína da Marvel dá um show de . Além de colocar em cena uma personagem feminina forte e independente, que não gira em torno de um homem, a trama com Kill Grave levanta a questão do relacionamento abusivo.
Luke Cage
Eu vou deixar duas indicações de estreias pra nós esperarmos juntos. A primeira é a série do Luke Cage, personagem de histórias em quadrinhos da Marvel, que inclusive tem papel importante dentro de Jessica Jones. Interpretado por um ator negro, Luke era conhecido como Poderoso, tem uma força sobre-humana e deve ir ao ar no fim de setembro.
The Crown
Com previsão de sair em novembro, essa segunda indicação de série vai ser inspirada na história da rainha Elizabeth II. Já é a produção mais cara do Netflix e pelo trailer dá pra sentir que vai render um bom papo sobre submissão, papel da mulher em cargos de chefia e empoderamento feminino. Agora é ficar de olho nas estreias!
E um último favor: se achar que algum outro título deveria estar aqui, me dá um toque nos comentários.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.