É agosto, mês seguinte à alta temporada, e Hollywood deu um descanso. Arrefeceu os lançamentos disparados de produções de qualidade, e grande parte das estreias deste mês ficaram por conta dos franceses.

Bom pra gente exercitar um outro olhar pra cinema. Por demais acostumados com a reprodução dos modelos épicos de narrativa que o mainstream insiste reproduzir – distanciamento, a nova situação, a investigação, armadilha, partida do heroi, luta, clímax, provação e desfecho –, os cinemas outros podem parecer um tanto quanto tediosos.

O artístico, o jogo de cores, a precisão da direção, profundidade psicológica e nuances da atuação podem muito bem ficar em segundo plano num roteiro que nos trai todo o tempo, que nos prende na picaretagem, na apelação. Mas no cinema francês, em muito do brasileiro e outros que estão surgindo por aí, não tem essa: tudo o que há, se evidencia.

De início pode ser bastante difícil ficar acordada durante um drama sem grandes eventos inesperados, mas o gostoso da coisa tá em aflorar a sensibilidade da mente, que de tanto estimulada pelo cinema hollywoodiano já estava dormente.

Aí a gente fica à flor da pele pros vermelhos do cenário, as microexpressões da mulher, a sacada léxica de um roteiro bem pensado. A gente fica à flor da pele pras histórias banais, assim como as nossas.

1. Vidas partidas (4/8)

Pra já dar o tom pé no peito desse agosto, Vidas Partidas chega na próxima quinta-feira pra nos botar pra pensar sobre violência doméstica.

O longa brasileiro perpassa a história de Graça e Raul, dois jovens apaixonados que se casam e têm duas filhas. O casamento é dos sonhos, mas só até quando Graça evolui no trabalho enquanto Raul fica desempregado. Depois de pedir a um amigo que ajudasse o marido a arrumar um trabalho e Raul começa a dar aulas em uma universidade, torna-se violento e possessivo com a mulher.

2. Esquadrão suicida (4/8)

Uma agente secreta do governo recruta os vilões mais perigosos já encarcerados para derrotar uma horrível entidade que ameaça a todos. Se eles vão dar conta é o enigma do filme, junto a algumas possíveis reviravoltas.

Mais um que, se eu não colocar nesta lista, levo bronca!

3. A corte (11/8)

Michel Racine é um juiz rígido e impiedoso, conhecido pela atitude extremamente profissional nos tribunais. Isso muda quando a jurada de um de seus casos é Ditte Lorensen-Cotteret, uma mulher por quem foi perdidamente apaixonado muitos anos atrás, mas que o abandonou.

Com jeitão de romance dramático, o filme pode ser uma boa distração.

4. A viagem de meu pai (11/8)

Aos 80 anos, Claude Lherminier já não é mais o grande industrial de antigamente. Aposentado, ele sofre com a perda de memória, e não consegue viver sem a ajuda de enfermeiras. Mesmo assim, insiste em morar sozinho, afugentando todos que tentam ajudá-lo. A filha Carole não quer colocá-lo num asilo, mas se preocupa com as manias e obsessões do pai. Em especial, Claude não para de falar na visita da outra filha, Alice, que não vem vê-lo há quase dez anos.

Sensível, o filme promete um diálogo tabu em muitas rodas: o envelhecer, o passado que assombra e a posição do cuidador nesse meio.

5. Conexão Escobar (11/8)

Flórida, 1985. Robert Mazur é um oficial da alfândega que recebe a missão de trabalhar infiltrado, com o objetivo de eliminar um cartel de drogas cuja origem está em Pablo Escobar, chefe do tráfico em Medellín. Para tanto ele recebe a ajuda de Emir Abreu, seu colega de trabalho, e se apresenta como alguém capaz de lavar o dinheiro gerado pelas drogas nos Estados Unidos. Usando o pseudônimo Robert Musella, ele aos poucos ascende na hierarquia do tráfico, contando ainda com a ajuda da agente Kathy Ertz, que se faz passar por sua noiva.

Pablo Escobar está pop desde que Netflix e Wagner Moura lhe deram destaque. Mas esse aqui tem Bryan Cranston no elenco e eu boto fé, viu.

6. Perfeita é a mãe! (11/8)

Vem cá, vamos conversar. Se você já acompanha essa lista há um tempinho, sabe que as comédias românticas/pastelão acompanham esta seleção desde seu início.

Há dias nos quais tudo o que queremos é desligar qualquer função que exija muita atenção ou raciocínio lógico, e aí temos algumas opções de programas. Dá pra ver Faustão. Ligar na GNT e assistir programas de receitas. Discovery Home and Health com aqueles programas de reformar casa tá entre os meus preferidos. E dá pra assistir uma comédia despretensiosa.

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Uma mulher com uma vida aparentemente perfeita – bom casamento, filhos exemplares, ótimo emprego, etc – acaba ficando estressada além do ponto com as obrigações de sua vida. Cansada desse estado, ela se une a duas outras mulheres que passam pelos mesmos problemas que ela para sair em uma jornada de libertação.

Quem sabe é até um tico feminista!

7. A comunidade (18/8)

Na década de 1970, Erik e Anna são um casal de acadêmicos cheio de sonhos. Junto com a filha, Freja, eles montam uma comuna em um elegante bairro de Copenhague para dividir a casa e viver em conjunto com outras pessoas. Querendo estar no centro da história e realizar o sonho de viver em grupo, eles realizam jantares, reuniões e festas. Levados pelo mesmo sonho, um caso de amor abala a pequena comunidade, fazendo com que esse grupo de sonhadores e idealistas acordem para a realidade.

Se for bem explorado, com personagens simbólicos para ideais, o filme pode ser muito interessante.

8. Ben-hur (18/8)

Depois que o nobre Judah Ben Hur, contemporâneo de Jesus Cristo, é injustamente acusado de traição, ele é condenado à escravidão. Ele sobrevive ao tempo de servidão e descobre que foi enganado por seu irmão, Messala , partindo, então, em busca de vingança.

Um filme meio bíblico, meio ficção, que junta Morgan Freeman e Rodrigo Santoro. Eu realmente não sei o que esperar, mas fiquei curiosa. A superprodução e efeitos especiais a gente já prevê.

9. Café Society (25/8)

Woody Allen não espera muito pra lançar obra atrás de obra. E por mais que o conflito de julgamento da obra versus seu autor e toda a polêmica envolvendo o diretor, ainda fico empolgada com os seus lançamentos. Vamos lá!

Anos 1930. Bobby é um jovem aspirante a escritor, que resolve se mudar de Nova York para Los Angeles. Lá ele deseja ingressar na indústria cinematográfica com a ajuda de seu tio Phil, um produtor que conhece a elite da sétima arte. Após um bom período de espera, Bobby consegue o emprego de entregador de mensagens dentro da empresa de Phil. Enquanto aguarda uma oportunidade melhor, ele se envolve com Vonnie, a secretária particular de seu tio. Só que ela, por mais que goste de Bobby, mantém um relacionamento secreto.

Curiosamente, essa produção está cheia de atores do mainstream. Espere ver Kristen Stewart e Steve Carell.

10. Águas rasas (25/8)

Esse é o clássico de toda lista pra quem gosta de um terror ou suspense.

Nancy é uma jovem médica que está tendo de lidar com a recente perda da mãe. Seguindo uma dica sua, ela vai surfar em uma paradisíaca praia isolada, onde acaba sendo atacada por um enorme tubarão. Desesperada e ferida, ela consegue se proteger temporariamente em um recife de corais, mas precisa encontrar logo uma maneira de sair da água.

11. Lolo: o filho da minha namorada (25/8)

Violette é produtora de moda, acostumada aos meios sofisticados de Paris. Como está há muito tempo sem um namorado, ela aceita se encontrar com Jean-René, um técnico em informática pouco culto, acostumado ao interior do país. Para a surpresa dos dois, o relacionamento funciona, mas o filho mimado de Violette, Lolo, pretende infernizar a vida do intruso até sua mãe terminar o namoro.

Pra começar: esse filme tem Julie Delpy, sim, da trilogia Antes do Amanhecer. Pra complementar: que enredo curioso! O cinema francês tem a densidade psicológica necessária pra fazer dessa história simples um bom roteiro.

12. Pets (25/8)

Já experimentou ir sozinho ao cinema ver animação? O sentar na cadeira, observar as crianças ao redor, rir com elas. É por isso que os desenhos estão sempre na lista.

Este conta a história de Max, um cachorrinho que mora em um apartamento de Manhattan. Quando seu dono traz para casa um viralata desleixado chamado Duke, Max não gosta nada, já que o seu tempo de bichinho de estimação favorito parece ter acabado. Mas logo eles vão ter que colocar as divergências de lado pois um coelhinho branco adorável chamado Snowball está construindo um exército de animais abandonados determinados a se vingar de todos os pets que tem dono.

Marcela Campos

Tão encantada com as possibilidades da vida que tem um pézinho aqui e outro acolá – é professora de crianças e adolescentes, mas formada em Jornalismo pela USP. Nunca tem preguiça de bater um papo bom.