Para aqueles verdadeiramente apaixonados por música, o começo de um ano significa aguardar ansiosamente por novos álbuns que suas bandas preferidas prometeram lançar. Janeiro também sempre guarda a oportunidade de conhecer bandas novas, tanto aquelas que estão debutando como outras que começam a ganhar significância, ou ainda aquelas que simplesmente não tivemos curiosidade de ouvir anteriormente.

Janeiro de 2012 deu as caras com bons álbuns, sem nada de muito relevante em âmbito mainstream, mas com alguns lançamentos um tanto quanto dignos e de muita qualidade. Da música eletrônica ao groove metal, seguem 10 álbuns que este que vos fala ouviu e aprovou.

Alcest – Les Voyages de L’ame

Alcest é o projeto solo liderado por Neige, um francês hiperativo advindo da cena Black Metal francesa. Sem dúvidas foi um dos bandas mais importantes e revolucionárias do meio metalístico dos últimos 5 anos. Por quê ? Simplesmente pela criação de um novo estilo que despontou tanto pela cena metal mundial, como também por toda cena alternativa.

Neige fora responsável pela criação de um som tão profundo, atmosférico e também romântico, que se espalhou de maneira imediata. Alguns chamam de Post-Black Metal, outros de Blackgaze. Teve quem apenas aprecie a mistura entre o fundo etéreo e reverberado do shoegaze, os riffs velozes acompanhados por blast beats do black metal e também a calma e serenidade do post-rock. Alcest é essa salada, difícil de representar em palavras e que só é possível de entender ouvindo, é simplesmente belo, e mais uma vez nos surpreende com uma magnifica obra de arte.

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Anthony Green – Beautiful Things

Anthony Green fez seu nome primeiramente como vocalista da banda Saosin e, posteriormente, assumindo outros projetos como o excelente e psicodélico The Sound of Animals Fighting e o conceitucal Circa Survive. Dentre todos esses projetos, ele acaba de lançar seu segundo álbum solo, esse que aparece como um dos melhores de toda sua carreira.

Primeiramente, o disco mostra uma evolução clara de Green como compositor, retratando músicas que vão de suas experiências mais pessoais à músicas inspiradas em filmes. Beautiful Things nos apresenta um rock moderno, que passeia por desde o Folk, caminhando pelo indie e até o experimental e progressivo. Um belíssimo álbum que ainda conta com as participações de Chino Moreno, Ida Maria e Nate Ruess.

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Cloud Nothings – Attack On Memory

Cloud Nothings surge no grupo “gratas surpresas”. A banda é recente, começou a apenas 3 anos atrás em um porão em Cleveland, Ohio, e já é responsável por 3 bons álbuns de estúdio, sendo Attack On Memory o melhor até o momento.

Começou como um projeto de indie rock lo-fi muito inspirado pelas bandas dos anos 80~90 como o Guided By Voices, Dinosaur Jr. e Sebadoh, fora óbvias referências ao garage punk. Agora, em Attack On Memory, parte dessa simplicidade é largada e dá abertura a fortes influências de post-hardcore, inserindo mais peso e experimentações. O som agora está mais carregado e intenso, cheio de sentimentos, lembrando o trabalho de bandas consagradas como o Thursday e o Sunny Day Real Estate.

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††† (Crosses) – EP ††

†††, ou apenas Crosses, é o novo projeto encabeçado por Chino Moreno, mais conhecido por ser o vocalista do Deftones, e Shaun Lopez, guitarrista do Far. Cativante, pode se assim dizer, vem angariando fãs de diversos seguimentos com sua deliciosa mistura entre a música eletrônica e o rock alternativo.

Por ora, vem sendo confundido constantemente com o Witch House, gênero dos mais hipsters na atualidade que é caracterizado principalmente por seus caracteres estranhos em títulos e músicas, como triângulos, cruzes e círculos. Grudento, de atmosfera suave e melancólica, mais a fácil digestão, outro ótimo lançamento nesse começo de 2012.

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Guided By Voices – Let’s Go Eat The Factory

Aqui temos o décimo sétimo álbum de uma banda veterana que está prestes a completar 30 anos de carreira e tem um grande legado para a música, mesmo que pouco reconhecido. O Guided By Voices fora criado em 1983 e, desde então, comparece no grupo das bandas consideradas precursoras de gêneros como o Indie Rock, o Lo-Fi e o Noise Pop.

Em Let’s Go Eat The Factory temos o primeiro álbum desde 2004, ano que a banda entrou em hiato retornando apenas em 2010. Com isso, temos uma banda madura no seu nicho que não comete deslizes, deslancha em 21 curtas faixas de em média 2 minutos e não precisa de mais para fazer bonito. Musicas simples, diretas e honestas, feitas para serem ouvidas a qualquer momento.

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Howler – American Give Up

Acho que antes de mais nada, o Howler representa uma interessante curiosidade: ela é a melhor demonstração de como o Brasil está vivendo a melhor fase de sua história em questão de shows internacionais por essas terras tupiniquins. Até não muito tempo atrás era impossível pensar na possibilidade de uma banda independente já ter show marcado antes mesmo de ter lançado seu primeiro álbum.

Pois é. O American Give Up é o debut dos americanos, um tipo de “Garage Rock Revival” que pega influência de bandas de garagem de todas as décadas. É possível ouvir referências que vão desde Stooges até Husker Du. É rock simples e direto, mas bem feito! Vale conferir esses que são considerados grande promessa pela NME.

https://www.youtube.com/watch?v=swg9X1LcXm8

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Lamb of God – Resolution

Para os headbangers, eis mais um petardo de uma das maiores e mais consistentes bandas da cena metaleira americana da última década.

Mais uma vez, sem decepcionar, um álbum pra nenhum fã da banda botar defeito, grudento e pesado, com seus usuais riffs recheados de groove, refrões catchys e um excelente trabalho nos vocais do inspirado vocalista Randy Blythe (agora também candidato a presidência dos Estados Unidos).

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Loma Prieta – I.V

Screamo é um gênero um tanto quanto seleto em termos de público. Creio que para a maioria deve soar um tanto quanto desagradável. “Caótico” é uma palavra que pode descrever bem.

Loma Prieta nos presenteia com um álbum inspiradíssimo como se deve ser. O estilo por si só é visceral, intenso e essa é a forma que as bandas do gênero encontram para se expressar, com guitarras dissonantes, bateria acelerada e por vezes poliritmica, vocais berrados e desesperados tudo isso para repassar os sentimentos intrínsecos contidos em cada composição. I.V é um álbum que nos proporciona tudo isso com maestria.

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Mark Lanegan Band – Blues Funeral

Dono de uma voz inconfundível, grave, rouca e soturna, Mark Lanegan lança mais um álbum para integrar sua enorme discografia composta de diversas bandas, colaborações e produções solo.

Ele já deixou sua marca como vocalista do Screaming Trees (respeitada banda que fez parte do auge do Grunge de Seattle) e também participou de álbuns do Queens Of The Stone Age, além de já ter unido forças com artistas como a PJ Harvey e Isobell Campbell. Dessa vez ele lança mais um álbum da sua carreira solo. Como o próprio título do álbum sugere, não é algo feliz.

Trata-se de uma mistura de rock alternativo com blues ao melhor estilo Tom Waits (o qual vive sendo comparado), um álbum de atmosfera única, hipnótica, perfeita para se ouvir sorvendo um bom whiskey.

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Steve Aoki – Wonderland

Por mais estranho que pareça, esse é o primeiro álbum do Steve Aoki, esse que se tornara um dos grandes produtores da música eletrônica nos últimos tempos, tendo trabalhado com artistas desde o underground ao mais Mainstream.

O álbum é um passeio pelo Electro-house e Electropop sem esquecer a ultima moda da música eletrônica, a adição de várias camadas de wobble bass, influência do dubstep. Cada faixa conta com a participação de grandes nomes da música pop como Rivers Cuomo (Weezer), Lovefoxxx, Kid Cudi, Travis Barker, Lil Jon, LMFAO e vários outros. Um álbum divertido e dançante.

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E aí, gostador de música? Que achou dessa lista? Acrescente aqui embaixo o teu disco bom de janeiro.

Gustavo Bertassoli

Estudante de Direito meio errado, não sabe dizer se é viciado, aficcionado ou apenas apaixonado por música, mas tenta manter isso num nível saudável (apesar de falhar constantemente). Cresceu junto com a internet, porém, não sabe se evoluiu tanto quanto ela. Não gosta de café, o que não lhe permite ter uma biografia pseudo-cult no Twitter.