Eu tirei carta ao mesmo tempo de carro e moto. Porém, diferente do meu primeiro carro – o Celta preto – para motos eu nunca tive qualquer tipo de ajuda familiar. Com o passar do tempo, minha paixão por motos só aumentava. Porém, sendo realista com meu salário de estagiário eu só conseguiria comprar metade de uma moto com 3 anos de economia.
Porém, tudo mudou quando ouvi falar de um novo programa de TV. Para quem não conhece essa pérola da TV brasileira, "A Grande Chance", era basicamente um jogo de perguntas e respostas com 4 equipes de 50 pessoas se enfrentando até somente um time sair vencedor.
Hoje, olhando para trás, vejo o quanto isso mudou a minha carreira – para o bem, é claro. Durante uma tarde mais tranquila no estágio, me inscrevi no site do programa e conversei com a minha amiga Viviane para ela se inscrever também. Eu mesmo não fui selecionado, mas ela sim!
No início, ela ficou meio preocupada de participar de um programa na TV, porém, decidimos ir juntos (era preciso um líder de equipe e um vice-líder). Fomos lá para São Paulo, fizemos dois dias de testes e fomos aprovados.
Encurtando a história em duas palavras: nós vencemos!
Ganhamos um Ford Ecosport e duas motos!
Com o dinheiro, ainda fizemos um churrasco para todos os participantes – que eram basicamente nossos amigos e familiares. Pela primeira vez na vida eu tinha dinheiro para realizar meu sonho.
Consegui comprar uma Yamaha Fazer 250 ano 2007 azul metálica zero quilômetro!
No mesmo dia ainda comprei capacete importado, jaqueta, bota, luvas… o sonho se tornou real bem na minha frente. Foi com essa moto que eu fiz meus primeiros passeios, a primeira grande viagem e, é claro, entrei de cabeça nos cursos de pilotagem. Graças a essa moto eu conheci alguns jornalistas do setor, como o Francis Vieira, que anos depois me indicou para trabalhar numa revista, veja só. Com essa moto eu conheci grandes amigos que me ajudaram muito, como o Willian Duarte, Antonio Felipe e o Ryo Harada.
A foto acima, por si só, merece um texto. Estou no ECPA, durante um dos meus primeiros curso de pilotagem. Sob o olhar atento do mestre Tite Simões, um dos melhores que já conheci. A bota combinando com a luva e combinando com a moto – com bolha, logicamente. E ainda usando o capacete que ganhei do Leandro Mello. Só faltava na época uma calça mais adequada.
"Tá, história legal, Lucas. Mas por que você está nos contando tudo isso?"
Muita calma, meu caro e ansioso leitor(a).
Estou aqui para contar quais motos são as mais indicadas para começar no maravilhoso mundo das motos com o pé direito. Se você procurar na internet, a maioria dos textos vão indicar uma moto 125 cc ou mesmo uma motoneta. Na minha opinião, a moto ideal para se começar é uma moto 250 cc ou, pelo menos, próxima a isso. São motos com freios mais potentes, porém, sem te dar sustos. São mais seguras, com pneus mais modernos e motores que podem te levar mais longe. Dá até para fazer uma pequena viagem ou levar garupa sem tanta dificuldade.
Assim, escolhi aqui 10 modelos. Vamo?
Yamaha Fazer 250 ABS
Começando, é claro, pela mais nova geração da Fazer 250. É uma moto confortável, econômica e com um visual de moto maior. Tem banco em dois níveis, farol com LED e freio a disco nas duas rodas com ABS. Se isso não bastasse, ainda tem a tecnologia Flex que é interessante para quem busca economia. Dá para usar no dia-a-dia tranquilamente.
Honda CB 250F Twister ABS
Em seguida, temos a sua grande rival: a Twister. Acredite, em 2007 era uma das maiores fontes de discussões na internet (e fora dela também). Qual moto era melhor, Fazer ou Twister? Depois de ser substituída pela CB 300R, a Twister voltou recentemente, recheada de tecnologia.
Motor flexível, freios ABS e com todas a luzes em LED – chamado de Full-Led. Em sua nova cor laranja ela ficou ainda mais bonita. Eu, particularmente, adoro motos com as rodas pintadas. Painel digital escurecido do tipo blackout fecha o pacote.
BMW G 310 R
Para quem pode gastar um pouco mais e gosta do visual roadster, a BMW G310 R é a maneira mais barata de ser ter um veículo da marca em casa. Neste degrau de cima, o motor é mais potente, chegando a 34 cv de potência máxima.
Na minha opinião, esta moto tem um dos bancos mais confortáveis que já vi em uma moto nesta faixa de preço. O painel digital é ainda mais completo com indicador de marcha engatada. A pintura tricolor e o acabamento dos punhos lembra muito suas “irmãs” maiores.
KTM 390 Duke
Indicada para quem gosta de acelerar com vontade, a KTM Duke tem a proposta mais esportiva de todas as monocilíndricas mostradas até aqui. Tem quadro de treliça, painel digital com conexão do celular via bluetooth e suspensões feitas para devorar curvas. Nesta nova geração o banco melhorou muito. E o visual ficou mais moderno e parecido com as Dukes de maior capacidade.
Yamaha MT-03
Entrando no mundo das motos de dois cilindros, a MT-03 usa a mesma base da esportiva Yamaha R3. Tudo nela nos faz lembrar de uma moto esportiva, como o painel com conta-giros analógico e velocímetro digital. O banco com dois níveis bem divididos deixa o garupa nas alturas, porém, o estilo é legal demais. Como tem mais cilindros, ela apresenta menos vibração nas estradas.
Agora, entramos nas motos mais “altas” deste texto. Muitos gostam do estilo, enquanto outros simplesmente querem fugir dos buracos no asfalto e poder pegar uma estrada de terra também.
Honda XRE 300
Nascida logo após a saída da Tornado, a XRE tinha a proposta de mais modernidade e conforto. No final do ano passado ela teve uma mudança visual, com as luzes de Led e um tanque mais encorpado. Eu mesmo já tive uma XRE, na época que morei em São Paulo – mas isso é assunto para um outro texto. É uma moto que ignora lombadas, valetas e buracos. Porém, para plantar os dois pés no chão é preciso ter certa estatura.
Yamaha Lander 250 ABS
Remodelada recentemente, a Lander finalmente recebeu o importante recurso do freio ABS. Contudo, diferente das demais motos mostradas aqui, ele atua apenas na roda dianteira. Nesta última versão, o banco ficou mais anatômico e o visual muito mais moderno e esportivo. Ela também é uma das poucas (ao lado da XRE) a contar com a tecnologia Flex e tem farol e lanterna de Led. A motorização é a mesma da Fazer. Sua “irmã”, Ténéré 250, saiu de linha, deixando uma legião de fãs para trás. O que é possível de acontecer no futuro é surgir uma nova Ténéré, porém, com o mesmo motor da MT-03.
BMW G 310 GS
Usando a mesma base da versão R a 310 GS ganha em porte, altura e bagageiro de série. Conta com o mesmo motor, porém, com roda dianteira maior e suspensões de longo curso para andar em qualquer terreno. O modelo é sabiamente inspirado na R 1250 GS, conhecida por sua polivalência. Apesar de ser mais cara que sua versão naked, ela é a mais vendida das duas com larga vantagem.
Kawasaki Versys-X 300 ABS
Usando como base o motor da Ninja 300 a Versys-X é uma bicilíndrica com pegada off-road. Ela tem rodas raiadas, banco em dois níveis e bagageiro de série. Até mesmo os pneus demonstram um direcionamento pronto para estradas de terra. Muito se comenta que, com a chegada da Ninja 400, em breve a Versys deverá receber também o mesmo motor além de uma renovação visual.
Royal Enfield Himalayan
A última a ser lançada, porém, muito aguardada. A Himalayan é a primeira trail da marca no Brasil. Usando um motor inédito, com 411 cm³, além de um visual retrô, ela é a típica moto ame ou odeie. Apesar de parecer clássica ela conta com freios ABS, painel completo com indicador de marcha e até mesmo uma curiosa bússola digital. Antes que alguém comente, sim, eu gostei da bolha.
Essas são as minha 10 indicações de motos que você vai poder usar no dia-a-dia com segurança e ainda pegar uma estrada no final de semana.
Finalizo aqui explicando que – é claro – muitos modelos ficaram de fora, isto que nem falamos aqui de outras nakeds, scooter maiores ou pequenas esportivas. Nunca no Brasil tivemos tantas opções para quem quer ingressar nesse maravilhoso mundo das duas rodas. Resta escolher qual mais combina com seu estilo e uso.
Lembro também que este texto surgiu de um comentário de um leitor. E você o que está esperando? Pode mandar sua sugestão, opinião crítica ou desabafo – nos vemos logo abaixo.
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