Ano novo, leituras novas. Em 2017, ninguém pode ter motivos para não ler, porque preparamos uma lista especial para você se programar direitinho até dezembro.

São dez títulos, quase um por mês. Tempo suficiente para terminar e ainda indicar os livros para alguém que goste.

Topam a experiência?

1. O retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde)

Para abrir uma lista tão especial, já recomendo logo um clássico de Oscar Wilde. Lançado em 1981, esse livro custou caro para o escritor inglês: sofreu censura e ainda viu a obra ser usada como “prova” contra si no processo de “flagrante indecência que o levou à prisão. Detalhe: essa flagrante indecência, no caso, era a homossexualidade de Oscar Wilde, e infelizmente o motivo pelo qual o autor teve sua carreira destruída.

Indico a belíssima edição da Biblioteca Azul (Globo Livros), organizada e amplamente anotada por Nicholas Frankel.

2. Um martíni com o diabo (Cláudia Lemes)

Segundo romance dessa autora santista de estilo intenso e envolvente.

Nele, o jovem Charlie Walsh está em Las Vegas, não para tentar a sorte, e sim para matar seu pai, o chefe da máfia italiana, Tony Conicci. O plano era infiltrar-se no restrito grupo de confiança da família Conicci e se aproximar do chefão.

Mas Las Vegas corrompe e o desejo de vingança de Charlie é posto em prova quando ele se vê seduzido por amizades, poder, drogas e dinheiro que a máfia oferece.

3. Calvin & Haroldo – O mundo é mágico (Bill Waterson)

Criada em 1985, as tirinhas de Calvin & Haroldo foram publicadas diariamente durante dez anos, em mais de 2.400 jornais no mundo todo. Transformadas posteriormente em álbuns pelo criador Bill Waterson, venderam mais de 30 milhões de cópias.

A história é simples. Calvin é um garoto hiperativo de seis anos, cujo maior amigo é o tigre de pelúcia Haroldo, que interage com criança quando não há nenhum adulto por perto, conversando de maneira leve sobre temas complexos como política, cultura e sociedade.

4. A mão esquerda da escuridão (Ursula K. Le Guin)

Vencedor dos principais prêmios de ficção científica literária do mundo, Hugo (1970) e Nebula (1969), é uma obra de fortes questionamentos atemporais no que se refere a gênero, feminismo, alteridade e filosofia.

A história se passa no planeta Inverno, aonde Genly Ai foi enviado para convencer a se unirem a uma grande comunidade universal.

Ao chegar lá o emissário percebe que os habitantes de Gethen fazem parte de uma cultura rica e quase medieval, onde homens e mulheres são um só e nenhum ao mesmo tempo, sem possuir sexo definido e, por consequência, não há qualquer forma de discriminação de gênero.

5. O Eternauta (Héctor G. Oesterheld e Francisco Solano López)

Ao lado de Mafalda, o álbum escrito por Héctor G. Oesterheld e Francisco Solano López é considerado o maior clássico dos quadrinhos argentinos, quiçá de toda a América Latina.

Escrito como uma crítica à Ditadura Militar que violentou a Argentina, o álbum é narrado por Juan Salvo, testemunha de uma “neve” radioativa cair em sua Buenos Aires que mata ao entrar em contato com a pele. Aos poucos ele vai descobrindo e enfrentando uma invasão alienígena que, na verdade, representa a invasão ditatorial empreendida na época.

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Importante destacar que, por ser uma grave crítica ao regime militar, Oesterheld e suas quatro filhas foram sequestrados em 27 de abril de 1977 e até hoje figuram a lista de desaparecidos.

6. Planeta dos macacos (Pierre Boulle)

Apesar de ter uma estrutura bem parecida com os filmes clássicos estrelados por Charlton Heston, o enredo do livro segue um caminho bastante diferente.

Publicado em 1963, o livro propõe perguntas essenciais sobre a natureza humana: O que define o homem? O que nos diferencia dos animais? Quem são os verdadeiros inimigos de nossa espécie?

7. Contos de horror o Século XIX (Vários autores)

Nesta antologia, o escritor Alberto Manguel reuniu o que ele considerava como a fina flor das histórias de horror.

Mas Manguel não se contenta apenas com os conhecidos Ann Radcliffe, Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft, mas também apresenta os fabulosos Henry James, Guy de Maupassant, Robert Louis Stevenson, e transita desde o português de Eça de Queiroz ao íidiche de Lamed Schapiro.

8. Pssica (Edyr Augusto)

Ainda pouco conhecido dos leitores brasileiros, Edyr Augusto é um escritor premiado. Recebeu o Cameléon, na França, onde teve diversos de seus títulos publicados. Com Pssica, o autor ficou entre os quatro finalistas do APCA de 2015 e na semifinal do Oceanos de 2016.

Livro de narrativa violenta, escancara a prostituição e tráfico de mulheres brancas na região Norte do país.

9. Olho de boto (Salomão Larêdo)

Com mais de 40 títulos publicados e uma penca de prêmios conquistados por todo o Brasil, esse autor paraense traz, em Olho de boto, uma história que se passa no meio da floresta amazônica, durante a ditadura militar, quando dois homens decidem se casar.

Embora tenha feito uma ficção (para não expor os envolvidos), o livro é inspirado em fatos reais, ocorridos em 1967, conforme o próprio autor transcreve em sua introdução o texto de um jornal da época.

10. Livro das Perguntas (Pablo Neruda)

Para fechar essa lista, vamos com uma obra poética de nosso escritor chileno ganhador do Prêmio Nobel de literatura em 1971.

São 74 poemas curtos, sem título, com incessantes questões sobre animais, sobre ele próprio, sobre o transcorrer da vida, convidando o leitor a respondê-las ou, pelos menos, a refletir sobre elas. 

E você? Que livro recomenda pra 2017 doer um pouco menos e por quê? Falamos melhor aqui nos comentários.

Filipe Larêdo

Filipe Larêdo é um amante dos livros e aprendeu a editá-los. Atualmente trabalha na Editora Empíreo, um caminho que decidiu seguir na busca de publicar livros apaixonantes. É formado em Direito e em Produção Editorial.