Ainda dá tempo. São livros para se ler durante as festas (ou férias) de fim de ano.
Toda Poesia (Paulo Leminski)
Para começar as festas de fim de ano, nada melhor do que um belo livro de poesias de um dos principais poetas brasileiros dos últimos tempos.
Considerado um dos mascotes da poesia concretista, em apenas 44 anos de vida Leminski causou alvoroço no cenário literário tupiniquim dos anos 1970, sendo profundo entusiasta da Tropicália, da contracultura, da psicodelia e do rock n’ roll. Essa obra, que reúne todos os trabalhos completos do poeta curitibano, foi protagonista de um interessante fenômeno no ano de 2013: a poesia voltando para a lista dos mais vendidos.
Sim, é verdade, durante um período Toda poesia conseguiu vencer até mesmo Cinquenta tons de cinza.
O Hobbit (J.R.R. Tolkien)
Para muitos, Tolkien é o maior autor de todos os tempos.
Seja em literatura fantástica, em filologia ou em linguística. Poucos sabem, mas O hobbit foi seu primeiro livro e, por conta do sucesso que alcançou, foi responsável pelo interesse de editora em uma continuação. Foi então que surgiu O senhor dos anéis. Para as festas de fim de ano, a indicação do livro – que inicialmente foi escrito para os próprios filhos de Tolkien, mas que depois foi tomando forma publicável – já seria, por si só, interessante, porém, com o lançamento do filme nos cinemas, torna a leitura obrigatória para os fãs do gênero.
Leia e conheça as histórias de Bilbo Bolseiro de Bolsão, que, junto a treze anões e ao mago Gandalf, partiram para uma magnífica aventura.
Cash: a Autobiografia de Johnny Cash (Johnny Cash e Patrick Carr)
O “Homem de Preto” foi – e ainda é – um indivíduo respeitado dentro do cenário musical mundial. Sua importância é tão grande que ele foi o único, até hoje, a entrar em dois halls da fama: da música country e do rock n’ roll.
Tudo porque, com seu estilo rockabilly, que mistura blues, jazz, gospel e hillbilly (música caipira norte-americana), ele ajudou a criar o que se chama nos dias atuais de rock. Mas sua importância não para por aí. Ele não apenas ajudou a criar o conceito, mas também adotou uma atitude rocker que vem sendo imitada por artistas desde então.
Nessa autobiografia, ele conta tudo, sem travas, o que aconteceu em sua vida, inclusive sua conturbada relação com a primeira esposa, o vício em drogas, o declínio na carreira e a redenção de encontrar a paixão de sua vida: June Carter. Além disso, o leitor poderá conhecer algumas das curiosas histórias envolvendo outros famosos músicos como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Roy Orbinson e outros.
Retalhos (Craig Thompson)
Ao criar uma belíssima graphic novel, Craig Thompson também retratou sua própria história, passada numa pequena e nevada cidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. Da infância até tornar-se adulto, um fator marcante em sua vida foi a presença do temor a Deus – postura entranhada principalmente em sua família e sua escola – em contraposição às suas vontades sexuais, artísticas e profissionais.
Contudo, as transformações vão acontecendo conforme a adolescência traz novos desejos, que desembocam na paixão por Raina, uma garota impulsiva e independente. Com ela, Thompson aprenderá uma maneira diferente de encarar Deus, a família e o amor.
Com uma arte gráfica primorosa, Retalhos é um romance de formação vencedor dos principais prêmios de quadrinhos do mundo, incluindo três Harvey e dois Eisner.
Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley)
Dizem os entusiastas da literatura que os bons livros nunca envelhecem. Esse é o caso de uma das mais importantes obras de ficção científica da história.
Huxley conseguiu resumir nessa ficção todo o ambiente racionalista e tecnológico de sua época. Entretanto, não parou por aí. Ele conseguiu prever muitas das consequências que aquele tipo de comportamento levaria, e que se confirma nos dias atuais: uma Terra superpovoada, a sociedade dividida em castas definidas por manipulação genética e laboratórios que definem quais pessoas devem ser trabalhadores braçais e quais devem liderar.
Todo o complexo social do mundo passa a ser resumido pelo slogan “comunidade, identidade e estabilidade”. Já não há mais espaço para o amor e para o vínculo afetivo, o sexo é livre e exageradamente estimulado.
Leite Derramado (Chico Buarque)
Chico Buarque ficou conhecido, principalmente, por suas belas canções compostas em seus quase cinquenta anos de carreira. Mas para aqueles que duvidam de sua capacidade literária, sinto dizer: ele escreve bem.
Ligeiramente vinculada a uma canção chamada “O velho Francisco”, em Leite derramado o escritor Chico Buarque conta a história de um decadente e rico aristocrata do Rio de Janeiro que se encontra, já em idade avançada, dentro de um quarto de hospital, tentando contar algumas de suas histórias de vida para personagens desconhecidos e pouco interessados. Na narrativa, o leitor descobre como foi o auge financeiro da família do velho e onde começou a destruição de seu patrimônio, até chegar no momento presente.
Leitura interessante para o fim do ano. Com essa obra, Chico Buarque recebeu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano.
As Vantagens de ser Invisível (Stephen Chbosky)
Legítimo representante do recente gênero sick-lit, o livro é um drama que tem como protagonista um garoto de quinze anos. A narrativa começa quando ele chega a um colégio em Pittsburgh, e aos poucos o leitor vai descobrindo que o personagem tenta se recuperar de uma depressão que o fez ter tendências suicidas no passado.
Ao entrar no colégio, Charlie começa novamente a se socializar e conquistar novos amigos, o que o faz voltar a sentir alegria nas descobertas da vida e a curtir um amadurecimento tão comum nessa idade.
O Assassinato e Outras Histórias (Anton Tchekhov)
Ele viveu pouco, mas 44 anos que precisou para escrever deixaram marcas inesquecíveis na literatura russa.
Diferente dos famosos Tolstói e Dostoiévski, que dominaram o cenário com seus romances, Tchekhov preferiu trabalhar nas formas curtas, chamadas hoje de contos. Neles, o autor retratava situações cotidianas com uma discrição polêmica do mais alto nível.
Em cenas domésticas comuns, a felicidade não era deixada de lado, contudo era apresentada de modo fugidio por conta da atmosfera aterrorizante em que seu país se encontrava.
Nessa edição da Cosac Naify foram reunidas seus narrativas do último período da obra do escritor e é possível perceber a riqueza de detalhes que tornaram a obra de Tchekhov célebre.
Jim Morrison – Ninguém Sai Vivo Daqui (Danny Sugerman e Jerry Hopkins)
Para os especialistas em biografias, essa é a melhor já escrita sobre o famigerado vocalista da banda The Doors. Nele nenhum detalhe é escondido, principalmente no que diz respeito às suas polêmicas em vida e aos mistérios de sua morte.
Com bastante experiência em jornalismo musical, Danny Sugerman e Jerry Hopkins escreveram um livro no qual dezenas de pessoas que tiveram contato com Jim Morrison fala sobre como foi sua infância, o relacionamento com os pais, os primeiros poemas e composições, o contato com a banda, o problema com drogas, enfim, tudo o que um verdadeiro fã da banda não pode deixar de saber.
Minha Querida Sputnik (Haruki Murakami)
Para terminar a lista, fiquemos com Haruki Murakami. O autor japonês era o maior favorito a receber o Prêmio Nobel em 2012, mas foi desbancado pelo chinês Mo Yan, uma surpresa para a mídia especializada.
De qualquer forma, Minha querida Sputnik é um excelente livro e deve ser lido nesse fim de ano.
A trama se passa no Japão suburbano e conta a história de Sumire, uma jovem aspirante a escritora de 22 anos que se apaixona por Miu, mulher casada, 17 anos mais velha e bem-sucedida negociante de vinhos. As duas se conhecem quando Sumire passa a trabalhar para Miu e as duas decidem viajar juntas a negócios.
Durante a viagem, a jovem escritora se declara para sua patroa, que a rejeita, fazendo com que Sumire desapareça sem deixar vestígios. Resta então para K., que também é o narrado da história e é apaixonado por Sumire, a tarefa de encontrá-la.
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