Na correria do dia, nas ruas da sua cidade, você passa e vê um cachorro perambulando, às vezes ferido ou não, fica triste, sente pena, mas logo depois isso sai da sua cabeça. Quantas vezes você já parou para imaginar o que aquele cão já sofreu?
Normalmente imaginamos que aquele cachorro sabe se virar, mas na maioria das vezes não é bem assim.
Em junho de 2012 passei por uma situação inusitada. Sempre gostei de animais, mas nunca tive coragem de ajudar a tirar um sequer das ruas. Até que em uma bela sexta-feira, chegando do trabalho, entro no facebook e vejo o seguinte compartilhamento:
Cachorro há 3 dias na Doca de um shopping de Salvador, sob sol e chuva, aparentando estar doente.
Em pouco tempo muitas pessoas lamentaram, mas não passarram disso.
Não me contive ao ver aquela foto. Chamei uma amiga, fui a caminho da Doca do shopping.
Assim que cheguei ao local, lá estava o cão, debilitado. Inexplicavelmente, resistiu a cinomose sozinho e, para piorar, era cego. O nome dele era Zezinho.
O resgate do Zezinho
Recebi cerca de 5 ligações, uma delas foi de uma moça que havia informado que criou um grupo no facebook para ajudar esse cão e pediu o número da minha conta pois dezenas de pessoas queriam ajudar de alguma forma, dando algum valor.
Informei o número da conta e começaram as arrecadações. Nas primeiras horas o grupo já tinha cerca de 50 pessoas envolvidas em ajudar seja com dinheiro ou indicando clínicas para salvar a vida desse animal. E ele foi salvo. Foi levado a uma clínica que fez todo o seu tratamento a preço de custo.
A internação, arrecadação de dinheiro para bancar as despesas, tudo isso veio através do facebook.
Depois, novos casos surgiram, o grupo cresceu e coisa toda foi tomando corpo, sob a forma do grupo Anjos dos Animais, que hoje tem cerca de 800 pessoas, todos apaixonados por animais. Não somos uma ONG, mas apoiamos as ONG's de Salvador no que for preciso, seja com divulgações no grupo ou arrecadações de fundo para um resgate ou atividades paralelas a isso.
Nesse primeiro resgate, cheguei a bater meu carro, mas não me arrependo de nada o que fiz. De Junho para cá, consegui ajudar cerca de 10 animais a terem um novo lar e uma chance de viver melhor. Espero ajudar ainda mais.
Ah, detalhe, não sou rico, sou estudante universitário e estagiário, mas o amor pelos animais e vontade de ajudar por si sós já são minha recompensa.
O mais interessante disso tudo não é o fato do primeiro cão ter sido salvo. E sim, a união das pessoas ao redor de algo positivo. Isso mostra que quando nós queremos juntos mudar algo para melhor, podemos sim conseguir.
O ser humano pode ter todos os defeitos do mundo, mas a chama da esperança e da generosidade jamais vai expirar.
E, só para vocês saberem, hoje Zezinho não mora mais nas ruas e, certamente, está muito feliz.
publicado em 30 de Setembro de 2012, 10:34