Morador do lote 15, em Duque de Caxias, Eduardo Lopes trabalha desde os 14 anos. Começou negociando picolés na região em que vive e hoje, aos 28, vende chocolates na Central do Brasil e nos engarrafamentos do Rio para sobreviver. No sábado, véspera da final da Copa do Mundo de 2014, trocou as barras por troféus. E os cariocas pelos argentinos.
Depois de conseguir réplicas de chocolate da taça do Mundial no Mercadão de Madureira, ele foi garantir a renda do dia no Terrerão do Samba, anexo da Marquês de Sapucaí que serve de camping para centenas de mochileiros. Uma taça era R$ 20. Três, saiam por R$ 50. Em três horas de trabalho, vendeu cerca de 30 unidades – com um lucro de aproximadamente 10 reais em cada uma.

Apesar da renda quase duas vezes superior ao que consegue em dias comuns, Eduardo não acredita que a Copa foi algo positivo. Reclama da falta de hospitais na região em que vive e diz que, com a quantidades de feriados decretados durante a Copa, a queda do movimento entre os trabalhadores da cidade acabou atrapalhando o serviço que serve como sustento para si e a filha Maria Eduarda. O ponto positivo foi a oportunidade de desmanchar a imagem da marra argentina.
Primeira vez que eu entro aqui. Tá legal, os camaradas são simpáticos para caramba, brincalhões. Gostei de poder trabalhar com eles hoje.
Terrerão do Samba















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Uma Copa do Mundo se faz com pessoas.
As que entram em campo, as que viajam para testemunhá-la, as que enchem as ruas, as que se voluntariam, as que torcem e as que veem no evento uma oportunidade para garantir seu sustento ou para extravasar.
A seção “Álbum de Figurinhas” pretende contar, com um microrrelato artesanal e um retrato por dia, a história de algumas dessas pessoas, muitas vezes invisíveis, que povoam os bastidores da Copa do Mundo do Brasil.

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