A trilha sonora do livro Alta Fidelidade (veja bem, 'do livro', não do filme)

Esprememos a obra de Nick Hornby até o bagaço.

Em Alta Fidelidade, a personalidade obsessiva de Rob Gordon, característica explicita nos protagonistas de Nick Hornby, nos cativa logo cedo. Aquela paranoia toda é maravilhosa. Afinal, sejamos sinceros: adoramos nos identificar com fracassados, como Rob Gordon, Clark Kent ou o guri de Quase Famosos.

Sim, quase todos nós temos um pouco de Paul Giamatti na vida - esse, vale destacar, um dos grandes interprete de socialmente derrotados  do cinema. É o arquétipo invertido do herói. Que vai do lixo até a glória. No caso de Rob, da fossa para a redenção. 

Nessa jornada, muita música boa. E justamente por escrever sobre a vida do dono de uma loja de discos, coube a Hornby caprichar na trilha sonora. Boa parte do filme tem como destaque as TopFive de Rob com o espectador, num exercício cativante de metalinguagem. Sua destreza para criar playlists também é seguidamente ressaltada quando se trata da ordem das canções selecionadas.

Quer entender? Então observe essa lição de Rob ao criar a Playlist para uma jornalista que acabou de conhecer:


“A criação de uma playlist é uma arte muito sutil. Muitos não sabem fazer. Primeiro de tudo, você está usando a poesia de outra pessoa para expressar como se sente. Isso é uma coisa delicada".

Delicada mesmo. Tanto que o diretor de Alta Fidelidade, Stephen Frears, pouco ousou. O filme possui muitas músicas destacadas no livro. Somente isso já faz a soundtrack de Alta Fidelidade, o filme, ser uma das mais buscadas do cinema. Mas o que não pode ser deixado para trás são as canções de Alta Fidelidade, o livro.

Como a obra de Hornby em mãos, fizemos esse esforço e esprememos a criação original. São setenta e quatro músicas citadas entre as 306 páginas. Copilado que nós entregamos na ordem, de mão beijada nessa playlist pública do Spotify.

Se você curte a trilha do filme, prepare-se. Tem muita coisa boa que ficou somente no papel e merece ser compartilhada.

E pensar que o ouro esteve escondido esse tempo todo, ein.


publicado em 28 de Setembro de 2015, 17:25
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Fred Fagundes

Fred Fagundes é gremista, gaúcho e bagual reprodutor. Já foi office boy, operador de CPD e diagramador de jornal. Considera futebol cultura. É maragato, jornalista e dono das melhores vagas em estacionamentos. Autor do "Top10Basf". Twitter: @fagundes.


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