Falando de mim, moro em São Paulo e detesto a falta de urbanismo da cidade. Toda grande metrópole sofre com isso e etc. e tal, mas, particularmente, por morar em SP, acho um grande problema.

Daí que eu vi na Good Magazine um lance bem interessante – não para a minha cidade, mas como perceber que soluções são sempre encontradas quando procuradas – que anda acontecendo em Nova Iorque. A cidade americana parece um grande canteiro de obras, que, mesmo aparentemente organizado, salta aos olhos a quantidade de andaimes cobrindo calçadas em Manhattan, quilos e quilos de canos de metal entrelaçando para ajustar tetos/pisantes de madeira onde trabalhadores caminham e pessoas transitam por baixo.

Isto é, em parte, devido à Lei NYC Local 11, que determina que a cada cinco anos, um edifício deve passar por uma inspeção de fachada. Por um período de tempo, enquanto um inspetor prepara todo um laudo completo sobre a fachada do edifício, a calçada fica com essa estrutura “protetora” para evitar qualquer problema com os pedestres.

Como parece ser um problema – ou menos que isso, uma solução – constante, com o tempo veio a ideia que eu queria compartilhar, por achar bem interessante. A sacada veio da empresa Softwalks, que desenvolveu uma série de itens que podem ser “acoplados” ou incorporados a esses andaimes malucos que cobre a cabeça dos nova iorquinos.

São cadeiras, apoios, telas transparentes e até luminárias, tudo para tornar mais interessante e efetivamente útil as tais proteções que, geralmente, são corredores com falta de sol e cor. O kit de peças trabalha com o sistema já existente na “calçada/galpão”. Isso significa que as cadeiras usam as braçadeiras de parafuso do parafuso padrão nos andaimes, os contadores se encaixam nas baías padrão e o plantador é uma réplica de um plantador de poste de luz.

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Cadeiras
Apoio
Luminária
Um espaço diferente
Um lugar de convivência
Um lugar

É uma solução relativamente simples de transformar o que poderia ser um mero transtorno do cotidiano em um local aprazível de convivência, um lugar que o Gustavo Gitti gostaria muito de ver em mais lugares:

Maior desperdício pegar um belo lugar e transformar em restaurante, bar, café, empresa, centro cultural, teatro, galeria… antes de abrir ao público.

Por que não deixar o lugar ser apenas um lugar? É tudo o que as pessoas querem quando vão a cafés e livrarias. A gente quer um lugar, a gente não tá nem aí pra café e livros.

Vai ficar rico o cara que abrir um lugar em São Paulo.

— Gustavo Gitti

É mesmo. Não há “lugares” em São Paulo. Eu também gostaria de ver “lugares” em São Paulo.

Você não?

Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna <a>Do Amor</a>. Tem dois livros publicados