70% dos empregos que conhecemos hoje desaparecerão (e serão sustituídos por robôs)

Se você trabalha com produção, transporte, preparação de comida, vendas ou serviços administrativos, talvez seja a hora de se preocupar

Na última sexta-feira todos nós assistimos Mr. Donald J. Trump ocupar a Casa Branca e tomar posse como o 45º presidente da história dos Estados Unidos. No meio de muita cerimônia, juramento, protestos e memes, vimos Trump usar o discurso de posse para reforçar uma de suas promessas de campanha: gerar emprego.

Como é de seu feitio, Trump não explicou como pretende cumpri-la, mas se pretende levar a sério o que disse pelo menos dessa vez, é bom ele se atentar à seguinte notícia: segundo o Fórum Econômico Mundial, a inteligência artificial vai eliminar 5,1 milhões de postos de trabalho nos Estados Unidos apenas nos próximos cinco anos.

Do PlayStation à alta do dólar, sabemos que as coisas que rolam na América do Norte podem até demorar mas acabam chegando ao Brasil e geralmente trazem consequências até mais preocupantes. É por isso que faço um aviso: se você trabalha numa indústria de produção, com transporte de materiais, preparação de comida, vendas ou serviços administrativos, talvez seja a hora de começar a procurar outra coisa...

O cálculo foi feito em cima das habilidades necessárias para executar os respectivos trabalhos e quão facilmente elas são ou serão capazes de ser substituídas ou otimizadas por máquinas que já existem hoje ou que estão em vias de passarem a existir. Não se trata de uma daquelas pesquisas superficiais. Existe um relatório completão de 167 páginas responsável por gerar esse gráfico super complexo aqui de baixo:

 

Ficou assustado? Nem se impressionou? Pois bem, esse outro estudo indica que 70% dos empregos que conhecemos hoje desaparecerão até o final do século.

Se você parar pra pensar, não é lá muito diferente do que aconteceu desde a primeira revolução industrial. Quase a mesma porcentagem de empregos do início do século 19 desapareceram, mas um fazendeiro não podia imaginar que seu bisneto seria algo como web designer, fotógrafo ou mesmo piloto comercial de avião.

Ocorre que com a globalização e o emprego da tecnologia, a pergunta que fica é: afinal, é possível continuar gerando empregos novos suficientes para repor os postos de trabalho que serão perdidos com cada vez mais automação e inteligência artificial?

Segundo um relatório da ONU de dois anos atrás, já existem mais de 200 milhões de pessoas desempregadas no mundo (o equivalente à população do Brasil) e a tendência é que mais 12 milhões entrem nessa conta até 2019 (o equivalente à população de São Paulo capital). Sendo assim, a perspectiva não é lá muito otimista.

Além disso, há outros efeitos colaterais em relação a expansão das atividades robóticas com os quais nós devemos nos preocupar: se eles serão capazes de nos substituir no trabalho por que não pensar que eles poderiam nos substituir em outras atividades também? Tem robôs por aí dizendo que vão nos colocar numa espécie de zoológico no futuro...

Eu não estou sugerindo nada...

São perguntas para as quais temos cinco anos para responder, mas se você quiser entrar mais fundo nessa história, leia os artigos sobre os quais já falamos disso aqui:

1. Qual o risco dos robôs de rebelarem contra nós? por Alberto Brandão

2. A Inteligência Artificial pode superar os homens antes do que eu, você e os especialistas imaginavam, por Breno França

3. Como e onde devemos estimular o desenvolvimento da Inteligência Artificial, por Breno França

E a gente se vê nos comentários.


publicado em 23 de Janeiro de 2017, 22:45
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Breno França

Editor do PapodeHomem, é formado em jornalismo pela ECA-USP onde administrou a Jornalismo Júnior, organizou campeonatos da ECAtlética e presidiu o JUCA. Siga ele no Facebook e comente Brenão.


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