3 lembretes para que este seja um ano melhor

Você, como eu, já viveu muitos anos nos quais fez promessas que não conseguiu cumprir e, no final das contas, caiu nos mesmos padrões.

O fim de um ano e o começo de outro compõem um elo que mexe com as pessoas. É bem comum entrar em um estado de positividade, arrumar a bagunça da casa, pagar contas e organizar sua logística pra se preparar para o que está por vir.

Mas na vida, nem tudo é simples como criar uma planilha e tirar poeira de estantes cheias de livros velhos. Às vezes, temos problemas que parecem ser muito maiores do que a nossa capacidade de resolvê-los e, ao tentar olhar, somos arrastados enquanto o medo nos domina e nos paralisa.

Se esse é o seu caso, já adianto que este texto não é apenas um exercício de fantasia otimista. A ideia não é fingir que tudo está ou que vai ficar bem. Porém, é um lembrete de que, se nada está bem, ainda assim é possível aproveitar o começo de um novo ano para observar, analisar e começar a colocar em prática o que no fundo você já sabe. 

Esse ano nós podemos carregar com um pouco mais de significado, já que não fecharemos apenas o clássico ciclo de 365 dias, mas também o de uma década inteira. É simbólico.

Você, como eu, já viveu muitos anos nos quais fez promessas que não conseguiu cumprir e, no final das contas, caiu nos mesmos padrões.

Sei que deve ser cansativo, frustrante, e até desesperador cair tantas e tantas vezes. E com isso sentir vergonha, raiva, medo, culpa e frustração.

Para alguns essa realidade é tão dura e complexa que chegam a sentir vergonha só de pensar numa nova meta ou objetivo. Tudo devido a um histórico de promessas não realizadas — começam verbalizando para si e para o mundo, depois contam só para si (pois já não botam fé), e ao fim, abandonam as próprias necessidades.  

No final, fica o medo, a paralisia e outros tantos sentimentos pouco nobres. 

Talvez, o pior dano seja começar a não acreditar na mudança. E as desculpas saltam para amenizar a dor do Ego na mesma velocidade em que a felicidade começa a se despedir, carregando consigo a autoestima e aquela boa sensação de integridade da alma. 

Nesse caso, se me permite bancar o ombro amigo, tenho uma coisa a dizer: você deu o seu melhor com as ferramentas que tinha naquele momento. Essa mochila pesada do passado é muito mais um constructo mental do que travas do real. 

Desejo que — mesmo com um início impulsivo, desastrado e pouco planejado — você consiga sair dos ciclos de recaídas e torne sustentáveis as suas boas intenções.

Portanto, recomeça.

Hoje, amanhã e depois. 

Esteja o máximo possível no aqui agora e vai ver que o passado pode ser um ponto referência, mas nunca um lugar de permanência, e que o olhar que antecipa o viver — futuro — em verdade ainda não existe, apenas alimenta tua ansiedade e rouba-lhe da presença.

A verdade está no presente.

Tão fácil falar, né?

Sei que a tarefa não é fácil, mas você sabe onde o caminho do não-fazer costuma levar. Um velho ditado de vó diz: "não adianta tomar os mesmos caminhos achando que chegará num lugar diferente". Resignar-se a esse ciclo de maltrato consigo é abdicar do que há de melhor e mais bonito. 

Talvez pareça narcísico e egoísta; mas, abandonar-se pode ser o pior dos abandonos. 

Nesse contexto, passo aqui para lembrar a você e a mim de 3 coisinhas:  

1. Auto-cuidado: que seja, inclusive, para cuidar de quem você ama. Como na metáfora da máscara de oxigênio do avião "em caso de acidente, coloque-a primeiro em você e depois nos outros", sob pena de dar ruim para os dois. A verdade é que o auto-amor é condição imprescindível para o cuidado de qualquer outro ser. "Cuidar do cuidador", lembra? Do contrário, efeitos colaterais indesejados surgirão mais cedo ou mais tarde.

2. Não meça seu valor pela régua dos outros: que tal olhar menos para os objetos externos e começar olhando para suas necessidades mais profundas? Aquelas que chegam a te envergonhar ou instigar culpa (péssimo sentimento, inclusive) só de pensar em reconhecê-las. Já pensou também em olhar com mais generosidade para suas qualidades e potencialidades? Talvez esteja sendo injusto e maximizando o que há de pior em si. Depender do olhar dos outros é uma armadilha sem saída, é um buraco sem fundo, acredite! 

3. Você merece ser feliz: nem tenho o que comentar, posto que é tão simples quanto isso. Você merece ser feliz tanto quanto outro qualquer ser!

Por fim, desejo que em sua jornada você tenha sandálias confortáveis, filtro solar, água, os melhores ventos e boa companhia. O caminho para a bela praia pode ser desafiante, mas valerá a pena.

E vocês, quais lembretes querem manter em mente pra 2020? 

Nos vemos nos comentários!


publicado em 08 de Janeiro de 2020, 17:40
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Cadu Paes

Psicólogo pela Universidade de Brasília (UnB), Servidor Publico Federal. Coautor do livro "Libertando-se de namoros violentos: um guia sobre o abandono de relações amorosas abusivas". Apaixonado pela natureza, bichos, boa comida e pela expansão da consciência. Buscador por natureza.


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