Conheci uma garota essa semana, fotógrafa, gente boníssima. Papo vai papo vem, ela comentou que também aprendeu a trabalhar com fotografias de nu fazendo autorretratos, se conhecendo e se fotografando. Ela comentou que nunca teve muito pudor em ficar sem roupa e disse também que frequentava, quando morava no nordeste, uma praia de nudismo bem legal e queria que as pessoas tivessem esse privilégio de conhecer um local naturalista pra entenderem a tranquilidade de estar sem roupa.
"Ah... é tão bom e, mais ainda, ninguém fica te olhando e secando como se fosse algo de outro mundo".
Mas é. Chegamos a conclusão de que o mundo ainda é tão pudico que estar nu gera uma curiosidade absurda nas pessoas. O mesmo acontece quando percebemos o trânsito meio arrastado e, lá na frente, descobre-se ser por causa de um acidente em que os carros passam devagar pra ver se há algum pedaço de defunto, alguma coisa horripilante para ver.
Somos barrados das verdades da vida -- morte, sexo etc -- e nossos olhos não aquietam até saciar. Por isso Vemos alguém pelado "fora de contexto" e travamos por segundos, por isso pessoas entram em choque ao ver alguém em um caixão num velório (alguns teimam em nem entrar para não ver).
Tudo isso pra dizer que devemos observar a arte do japonês Toshio Saeky, que eu vi lá no IdeaFixa e coloco aqui. De começo parece apenas bizarrice para chocar, mas Tem toda essa relação de mostrar o que as pessoas automaticamente viram a cara por condicionamento ou travam o olhar por curiosidade extrema.
Claro que, em vez de estímulo sexual ou deleite visual, ele trabalha com exercícios de tolerância a nossa repulsa natural, afinal, ver alguém se masturbando é uma coisa e ver alguém se masturbando com um gato enforcado é outra. Ver um cara iniciando uma putaria com uma mulher de três cabeças ou tentáculos chega a ser engraçado, mas insira o filho dele na mesma imagem e temos outro impacto diferente.
Treinando constantemente o olhar.
publicado em 18 de Novembro de 2014, 07:00