Quando o Elias me convidou pra ser o corpo-pioneiro do seu discurso sobre os corpos masculinos ou o que é realmente a masculinidade, eu não fazia ideia do que aquilo significaria tanto pra mim quanto pra ele. Mas fomos.
E me senti temeroso desde o início, principalmente quando o Elias me disse que duas meninas estariam trabalhando com nós dois nesse processo. Isso entrou imediatamente em conflito com a forma como sempre enxerguei meu corpo.
Sou um homem gay e negro e sempre vivi abaixo das representações de ideal masculino. Sou magro, meu rosto possui traços finos, quase 'feminilizados', se me permitirem colocar assim. Nunca me senti seguro sobre ele e lembro bem do estopim disso durante meu ensino fundamental, quando um garoto olhou nos meus olhos e disse: "mano, tu é muito feio".
Foi esse pensamento que cresci alimentando quando me olhava no espelho.
Mas passar por todo esse processo com o Elias me deu novas perspectivas sobre o meu corpo e nenhuma delas relacionadas à questão da beleza. Afinal, meu corpo sou eu, é meu sustentáculo, minha essência, é quem permite que eu carregue esse tom de pele maravilhoso... Ora, isso já não é motivo suficiente pra eu amá-lo, independente do formato ou dos seus traços?
Desde então eu tenho dito de diversas formas ao Elias sobre o quanto fazer parte desse trabalho significou pra mim e, ainda assim, acredito que não consegui traduzir perfeitamente. Por enquanto, eu só tenho que agradecer a ele por ter transmutado comigo nesse processo. Por ter olhado, estudado, analisado, namorado meu corpo de uma forma que ninguém nunca o fez.
Obrigado, Elias.
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Ficha Técnica e agradecimentos:
Suami Rocha assina a Beleza. Amarilis Marisa assina a Assistência. A Locação foi na casa do Antonio Breno Maia. E fotografia por @oeliascosta.
publicado em 29 de Abril de 2019, 12:39