[18+] Bom Dia, Projeto Boudoir

Conheçam a arte do Projeto Boudoir

"O Projeto Boudoir desafia os paradigmas relacionados a exposição da beleza feminina. Cada vez mais as mulheres buscam fortalecer sua autoestima, fugindo dos padrões de beleza pré-estabelecidos pela sociedade. Este projeto é uma reflexão sobre o assunto, num processo de autoconhecimento, através da compreensão da diferença que existe entre beleza e vulgaridade."

As fotos do projeto são do Tiago Ferigoli.

 

 

Seguem alguns depoimentos:

Danielle Ferreira: O nu é para mim o meu eu, puro e ao mesmo tempo misterioso. É como ter a alma descoberta. Se abrir, florescer. Se abster de tudo, do mundo, do que pensam. Sou eu comigo mesma. E essa é a beleza do nu: justamente descobrir-se bela.

Descobrir-se. É como se fosse uma porta, onde a miopia imposta às mulheres é corrigida, e após passar por ela tudo fica limpo, você se olha no espelho ou a sua foto nua e se enxerga, de uma forma que não conseguia antes. Então, o nu artístico não é só sobre passar por cima do que a sociedade impõe, mas é também quebrar regras e limitações que nós colocamos a nós mesmas, por inúmeros motivos que, com certeza, não são maiores que nós.

O nu serve para que possamos ver o real, a verdade, e acreditar que nós somos maiores que tudo isso.

Eu já conhecia o Projeto Boudoir há um tempo, seguia o Tiago no Instagram e sempre achei o trabalho dele maravilhoso. Quando marcamos o ensaio, ali já começou o frio na barriga. Ali já foi uma grande tomada de decisão. E nesse momento você já deixa para trás a indecisão.

O medo.

Você vai se descobrindo antes mesmo do ensaio, do quanto existe uma mulher forte e decidida em você que muitas vezes não se mostra.

E no ensaio, ela vem à tona. O Tiago tem uma abordagem tranquila, porque é algo tranquilo, é algo natural. Se despir é libertador e as fotos são o registro dessa libertação. Eu sempre me achei estranha e desengonçada, meio desproporcional e alienígena. Mas mudamos muito depois de um ensaio boudoir. Eu ainda ando a me descobrir, cada dia uma parte nova, cada dia uma parte que eu não conhecia. Agora eu vejo beleza na estranheza que há em mim, e eu gosto.

Dentro de mim é só gratidão, por poder me realizar, me autodescobrir, e gostar de mim exatamente como eu sou.

Charry Jin: Ainda gera uma certa curiosidade das pessoas e também um certo de tabu sobre o nu. Mas para mim, um corpo é só um corpo. Não deveríamos ter vergonha dele, devia ser algo mais natural. Eu cresci em casa com a minha mãe andando pelada pela casa, então acho que já cresci com uma outra visão, para a gente sempre foi algo muito normal.

Hoje como trabalho como fotógrafa e eventualmente como modelo, uso meu corpo como meio de expressão e participar do projeto do Tiago foi uma honra. Tem todo um cuidado e atenção e acho muito legal mostrar a beleza, a forma feminina dessa maneira. Porque a beleza para mim é quando a gente está à vontade com o que a gente é. E essa aceitação que é de dentro para fora faz tudo ficar bonito.

Bruna Tau: Por muito tempo nós mulheres fomos ligadas a padrões de beleza, a mídia, a sociedade como é organizada nos bombardeou sem piedade e nunca estivemos preparadas para lidar bem com isso, falo por mim mesma, especialmente na adolescência e depois aos 27 anos quando fui mãe e deixei de ter o corpo “perfeito”.

Hoje com a internet, claro que tudo tem seus prós e contras, eu fico bem feliz em ver mulheres libertas, ao invés de procurar um “corpo”, vamos em busca da mente, em busca do que nos faz feliz e saudável em primeiro lugar.

O Boudoir é com certeza uma parte desse caminho de conhecimento, uma vaidade boa, que faz bem. Ele é um ensaio feito primeiramente para nós que posamos.

Fazer esse ensaio com o Tiago foi uma das frentes de trabalho para essa minha busca, ter outras mulheres como eu naquele mesmo momento também fez toda a diferença, as conversas e o dia me levaram para um outro patamar, a cereja do bolo e o que me atraiu mais ainda para esse projeto são os quadros que estão sendo produzidos e pintados por ele. Genial essa mistura. O Tiago acabou criando uma nova forma de apresentar o Boudoir.

 

 

Priscila Mícoli

Acredito que vivemos em um mundo onde a maioria das pessoas veem a nudez e a sexualidade feminina como algo impuro, errado, subjugada, censurada moralmente. E vejo que isso acontece porque a sociedade vê a mulher como um ser que deve se manter imaculado. Lamentavelmente ainda é tratada com preconceitos, não podendo expressar a sua vontade e coragem de se mostrar, de expor seu próprio corpo e desejos.

Para mim, participar desse projeto é vencer o pudor que nos cerca, é mostrar a minha personalidade, minha beleza e satisfação comigo mesma, livre de qualquer repressão moral ou religiosa. Através desse belo projeto do Tiago Ferigoli, vejo como uma das formas de desmistificar e romper com tabus sobre a sexualidade feminina.

 

 

Gabrielly Betti

Nu! Algo que hoje vejo como arte, libertação e beleza. Nem sempre fui assim "desencanada", durante muito tempo o meu próprio corpo era um tabu, o que tornava a minha vida como modelo bem difícil. Nós meninas, crescemos com essa ideia de que não podemos mostrar, se tocar, se olhar e por consequência se amar; essas são coisas que parecem banais, contudo ficam grudadas em nós como fardos. Me lembro da primeira foto de maiô que tirei e de como eu passei dias com medo dos julgamentos, pois era menina demais para entender que meu corpo é meu, meu corpo é sim templo, templo de mim, de amor, de beleza e liberdade.

Quando recebi a proposta do projeto Boudoir, algumas destas questões me fizeram pensar por alguns minutos se deveria ou não participar, mas felizmente, estava em uma fase de enfrentar desafios e ser mais justa comigo mesma. Aceitei o convite e fui com a cara e a coragem e hoje agradeço pela minha ousadia de enfrentar este "Tabu". Desse ensaio eu levei muitas coisas, a primeira delas foi o amor pelo meu corpo e cada detalhe dele; quando eu finalmente vi a primeira foto, percebi que as curvas do meu corpo eram bonitas, então, consegui me enxergar sem o peso dos fardos, somente como arte.

Saí do primeiro ensaio em êxtase com a experiência de ter passando mais um limite, ter superado algo, que hoje, já não faz sentido algum e o que eu levo dessa experiência é a vontade de que toda mulher tenha a oportunidade de ver a si mesma e seu corpo, como arte, como seu; não enxergar como mercadoria ou objeto e sim como um grande amigo que nada mais passa de pele e templo de nós mesmas.

 

Boa semana a todos.


publicado em 19 de Março de 2018, 00:00
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