[18+] Bom Dia, Gabriela Johann

A Gabriela é gaúcha e foi fotografada pela Sâmara Correia

Nota editorial: estamos em busca de Bom dias com homens e com mais diversidade de corpos e peles — aqui explicamos em mais detalhes o contexto atual da série, suas origens, obstáculos e nossa visão de futuro para ela. Se você é fotógrafo(a) ou tem um ensaio que deseja publicar, fale conosco pelo jader@papodehomem.com.br .

* * *

Eu sempre quis ser fotografada. É como se isso fosse um sonho. Minha mãe escondia álbuns de fotos, dá época onde tudo era feio e proibido, onde ela havia sido fotografada mostrando o melhor dela ressaltando a beleza feminina, e eu sempre me imaginava fazendo o mesmo e me perguntava se um dia seria possível.

Fazer fotos "sensuais" ainda é um tabu que está mudando pouco a pouco. E quando comecei a ver as pessoas por aí postando as suas fotos, eu tive a certeza de que eu também faria. Mas, como vou me expor pra alguém que não tenho intimidade? Como vou fazer caras e bocas? "O fotógrafo vai me achar uma ridícula", pensava.

E meu corpo?

 

 

 

 

Com roupa pareço bonita e magra, mas não sou realmente. Quem me fotografar vai ver que não passo de uma branquela com um corpo bem mais ou menos... Até que eu vi um ensaio de uma menina com vitiligo. Senti vergonha por ter me surpreendido com o resultado. Por que raios ela não seria maravilhosa? Nunca vou esquecer daquelas fotos. Ela era a mulher real mais sensual e desejada que eu já havia visto. Aquilo me motivou.

"Eu vou fazer".

Meu 2016 foi marcado por um fim de relacionamento que me levou ao fundo do poço e, estando no fundo do poço, eu só tinha uma direção a ir: para cima. Me descobri nesse ano. Me libertei. Cresci. Conheci a vida e o sentido dela. E sabia que nada mais justo que marcar esse ano que foi tão especial com fotos  minhas e daquilo que acreditava que era o melhor de mim: eu. Eu já conhecia a fotógrafa, fomos colegas no ensino médio, mas éramos pessoas bem opostas.

Confesso que tive medo. De sentir vergonha, de não conseguir. De bancar a ridícula. De pagar mico e minha cara ficar feia. Por que temos esses medos tão pequenos? Por que a opinião alheia parece mais importante do que pensamos a respeito de nós mesmos? Precisamos rever isso. Ser fotografada foi excelente. Foi uma das experiências mais naturais que tive.

Não quis me produzir, não desejei retratar aquilo que não sou. Apenas fui e fiz. O resultado: a Sâmara e eu encontramos exatamente a naturalidade que imaginei. As fotos ficaram leves. Posso dizer que foram a minha cara, sim. Eu olho para o resultado e penso "caralho que foda". Eu me vejo livre. Afinal se tem uma coisa que eu aprendi é que a única pessoa que vai definir o que eu sou, é eu mesma. Cada um dá aquilo que tem de melhor em si. Ouvi alguns comentários assim: "só achei que você ficou muito branca nas fotos"... Eu SOU branca. "ah, mas ela poderia ter feito um Photoshop". Eu ouvi isso. Foda-se. Eu amei. Prometo a mim mesma repetir essa experiência futuramente.

E aconselho a todas as pessoas, é um carinho na auto estima. Se amem. Por que o amor mais bonito é o amor próprio.

As fotos são da Sâmara Correia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Boa semana a todos.


publicado em 05 de Junho de 2017, 00:00
Fb img 1483719360019 jpg

Gabriela Johann

25 anos. Não sei me maquiar nem andar de salto. Sagitário com ascendente em áries. Gaúcha morando em Curitiba. Gastronomia. Amo gatos e Katy Perry. Ela está no Instagram.


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura