E em mais um momento de queda da minha autoestima, saíram essas fotos. Lindo o resultado né? Nem pareço ter baixa autoestima... Creio que vocês pensem isso. Nem parece que eu gaguejei quando pedi para o porteiro avisar que eu havia chegado. Olhando assim, quem diz que minhas pernas travaram quando fui entrar no elevador, e, muito menos, que pensei em desistir até o último minuto. Estava toda travada ao andar até o apartamento, engolindo essa crise a seco garganta abaixo.
"Ora Carol, se você não estava se sentindo bem, por que foi?". Por coragem, puramente coragem.
Pois bem, não é fácil, é uma montanha russa, e às vezes você fica se odiando por dias, meses...
Meses sem conseguir se olhar no espelho. É o pior sentimento que eu posso ter por mim mesma: ódio e desprezo. É difícil me olhar e não me reconhecer, me olhar e odiar o que vejo, ou pior: nem me olhar mais. Tentei diversas "fórmulas" pra me livrar deste monstro que me assola, mas foi somente quando eu tive a coragem de olhar para mim, olhar para a minha história, e mais do que olhar, enxergar o meu eu, que consegui começar a aprender a me aceitar. A maneira que eu consegui me enxergar foi com a fotografia, que veio pra mim como uma salvação, um novo ângulo de mim, me ver de fora do corpo, ser vista pelos olhos dos outros e começar a ter mais carinho e respeito comigo mesma.
Comecei então despretensiosamente a fazer autorretratos. Esse trabalho cresceu, ganhou nome, página, e acredite ou não admiradores (eu não acredito até hoje). Alucinart é o nome deste que acredito ser um alter ego.
Neste trabalho as fotos ilustram os meus desejos e sentimentos. O “eu” de dentro explode e toma forma, pode ser visto e sentido. Estas fotos não são somente o corpo despido de roupas, mas a minha essência.
O mais puro eu.
Percebi com o tempo o quanto a exposição do meu corpo, das minhas angústias, das minhas marcas, tinha ajudado outras pessoas, outras meninas, outras mulheres a se aceitarem como são. Me conectei com essas pessoas, conheci suas histórias, entendi os seus sentimentos, e hoje, consigo olhar-me com carinho. Consigo aceitar que faz parte de mim ser como sou, e que qualquer palavra pejorativa, não passará de uma palavra.
Entre mim e os julgamentos, há um bueiro, e quando falam e olham, cai tudo neste buraco. Mas sabe, às vezes respinga em minha pele, e às vezes quase que sem querer eu abro a tampa deste bueiro, e é quando tudo o que conquistei se desmorona. Mas daí eu me lembro de tudo isso que escrevi, vivi e senti, e pouco a pouco vou me reerguendo novamente.
As fotos são do Ricardo Coji.
publicado em 21 de Janeiro de 2019, 00:00