15 descobertas de quem investiu em um sex toy [+18]

Daquelas conversas que dificilmente vão puxar na mesa de bar, mas que todo mundo gostaria de ter de forma honesta

Os sex toys são coisinhas que às vezes só nos fazem rir e outras vezes nos despertam dúvidas. Alguns viram nossos aliados de completa confiança, nos ensinam coisas novas e tem até os que nos fazem superar alguns medos.

Se algumas experiências começam na primeira visita a um sex shop, outras terminam bem ali. Um curioso cultiva imaginações e uns trocados para entrar nessas lojas de letreiros luminosos. Mas, porta adentro, tudo pode ficar um pouco... decepcionante.

Embalagens empoeiradas fechadas a grampeador, pintos enormes comemorando 10 anos de encalhados nas vitrines, DVDs pornô com capas amarelentas, borracha colorida por toda a parte e etiquetas com números assustadores. 

Ao invés de sentir vontade, acaba-se franzindo a testa, duvidando das promessas de tremeliques, temendo levar pra casa uma tranqueira plástica destinada a encalhar.

Os poucos itens que arrancam um sorrisinho de canto da boca costumam ultrapassar os três dígitos, e aí nasce um dilema financeiro.

Quando o preço do artigo desejado ultrapassa os limites do bolso, ou até mesmo quando nada empolga, o medo de experimentar se confunde com o de pagar caro e se decepcionar. Agarrar um gelzinho democrático e se dirigir ao caixa é a saída dos que não querem parecer meros curiosos ‘arregãos’.

No geral, encontra-se muita gente que usa os lubrificantes, creminhos com gosto, géis que esquentam e esfriam, dados que sugerem posições, etc.

Mas, durante a pesquisa dessa matéria para conversar com pessoas que já utilizaram brinquedinhos, foi surpreendente ver quão poucas usam ou ao menos admitem que usam, e olha que já tínhamos expectativas baixas. Homens héteros então, um verdadeiro parto achá-los!

Por isso, conversamos com alguns leitores para entender a relação e a experiência de cada um com os diferentes brinquedos. 

Sex shops podem ser constrangedores. Por que não comprar pela internet, então?

Quando o sexshop é um problema, a internet é a solução: costuma ser mais barato, pode olhar à vontade sem ninguém te julgar, o Google resolve algumas dúvidas e pronto.

O constrangimento é um problema real. Raul conta: “Quando eu era mais novo, me parecia uma enorme exposição ir a um sex shop. Eu não me entendia o suficiente pra achar normal ir numa loja e comprar um dildo, por exemplo.”

Ele começou a se aventurar nos toys quando o namorado começou a trazer alguns pros dois usarem juntos. “Hoje eu não tenho mais problemas. Inclusive, fui em um pouco tempo atrás”

Ele foi atrás de um Tenga Egg - aprovado por unanimidade dos entrevistados homens, o ovinho é uma cápsula de silicone com textura interna que vai se alongando e tomando o formato do pênis a medida que a mão controla o movimento de masturbação, a única desvantagem, é que o egg tem tempo de vida limitado, porque o silicone deforma.

Eis o Tenga Egg

Raul não encontrou no sex shop: “Fui só pra sair com a frustração de não encontrar muita coisa além de fantasias eróticas femininas.”

“O vibrador virou meu maior aliado”

Talvez por essa limitação de opções masculinas, muitos homens comecem comprando algo para usar com a parceira.

Rodrigo, nada tímido, não gostava dos ambientes de sex shop daqui do Brasil e, quando foi ao exterior com a namorada, resolveu fazer o investimento. Comprou um anel peniano que vibra e um vibrador tipo bullet, ambos pra usar com ela.

Ele gostava, a parceira também, mas os amigos não perdiam a oportunidade da zueira. “Eu falava que tinha comprado um vibrador pra usar nela e eles diziam pra eu tomar cuidado porque ele iria me substituir. É um pensamento idiota, eu via minha namorada gozar com mais facilidade junto comigo. Porque eu não ia querer isso? O vibrador virou meu maior aliado.”

Alguns sex toys são melhores para usar na proteção da intimidade

Stéphanie também acaba usando seu vibrador como aliado do sexo a dois. Ela conta que até gosta de usar sozinha, mas que acaba usando muito mais com o marido. Como ela tem duas filhas pequenas, não sobra muito tempo de privacidade, aí quando dá, ela junta o útil ao agradável e compartilha os dois prazeres.

Algumas coisas feitas pra usar a dois acabam funcionando melhor quando se tem certa intimidade. Renata comprou o primeiro vibrador aos 20 anos e começou a se aprofundar no mundo dos sex toys quando, morando em Londres, passou a frequentar festas fetichistas.

Em uma feira erótica Renata comprou um pussypump - um aparelho que suga os lábios da vagina à vácuo atraindo mais sangue para a região e prometendo aumentar a sensibilidade. Ela achou que a sensação realmente fica um pouco maior, “mas só dá pra usar com namorado ou com alguém com que você tenha intimidade, porque a pepeca fica muito feia inchada [risos].”

Estimulador de próstata não é assunto de bar

Esse é o We Vibe

Foi nessa de compartilhar experiências com quem se tem intimidade que Rodrigo que foi se aventurando em diversos artigos. Comandou a calcinha da namorada por controle remoto enquanto eles jantavam num restaurante, experimentaram uma infinidade de brinquedos e, inclusive, se abriu pros estimuladores de próstata. Ele conta que gostava de um que se chama We Vibe. É um acessório em forma de U que consegue estimular ele e a parceira ao mesmo tempo.

Há uma forte pressão social, que julga e questiona a sexualidade de um homem todas as vezes que se menciona o prazer anal. Rodrigo conta que ele foi desconstruindo isso aos poucos, e que os brinquedos foram fundamentais.

“Eu quis experimentar com um negócio que tem um formato, um material pensado e feito pra isso. Não curtia muito dedo.” Mesmo se permitindo essa abertura, ele conta “não sei como é pro outros caras, porque ninguém fala sobre isso. Não é assunto de bar”.

Cintaralha: “Aqui no brasil nunca encontrei um cara que topasse”

Renata conta que apesar do prazer anal masculino ser um grande tabu, aqui no Brasil é maior que na Europa.

A moça fala que se divertia muito com parceiros homens usando a cinta lá em Londres, mas que nunca a usou no Brasil.

“Aqui os homens tem muito preconceito com sexo anal, é difícil até brincar com o dedo, quanto mais com uma cinta pinto [risos]. Mas eu curtia usar com os gringos, a minha tem também um pinto do outro lado, que fica em mim enquanto como o cara. Eu gosto de brincar com esse lance de dominar ou ser dominada.”

Os brinquedos no relacionamento à distância

Grazi começou a investir em outras coisas quando entrou num relacionamento a distância. “Acabou que os brinquedos se tornaram nossos representantes à distância.”

O favorito dela é o bullet de pompoarismo, porque com os brinquedos menores dá para aprender a se concentrar mais na sensação de uma área específica e a controlar movimentos internos.

Como ela e o namorado passaram por dois intercâmbios em épocas diferentes, ela comenta: “Toda vez que acabava um período de intercâmbio, eu sentia que ganhamos habilidades novas. É engraçado que, às vezes, a gente acaba se descobrindo muito mais quando tem que inventar novas formas de transar.”

Sonho do dildo próprio

Fernando, ao contrário da ideia de querer dividir, comprou o primeiro dildo como forma de independência.

“Eu pensava que seria legal não depender de macho pra ter penetração. Comprei aquele que mais tinha a ver com o que eu 'valorizo' anatomicamente. Eu olhei pra ele e rolou uma identificação.”

Nem todo mundo quer um pau

Cássia não gostou nada dos vibradores. Ela se achou quando comprou uma borboletinha, um vibrador que estimula mais o clitóris e as regiões dos lábios. “Achei mais legal que vibradores de penetração. Depois de anos me dei conta que eles eram falocêntricos e que a sensação pra mim não era tão boa.”

Alice também pensou em investir num vibrador mas desistiu quando lembrou o quanto acha chatinho se divertir sozinha.

“Eu sinto falta dos cinco sentidos e da troca que tem com outra pessoa. Além disso, meu imaginativo é lésbico, e acho que por isso não curtiria um vibrador. Prefiro uma coisa mais suave como o toque feminino”

Já pensou como se limpa um sex toy?

Com o toy desejado em mãos, ainda podem surgir algumas dúvidas sobre como fazer pra tornar a sensação mais natural ou como limpar.

Fernando conta “Eu não sabia muito bem como usar. Fui pesquisar na internet, principalmente sobre higiene [risos]. Descobri que é sempre legal usar uma camisinha, porque ajuda na higiene depois. Querendo ou não, você enfia no cu, né? Lavar e guardar não garante que não vão sobrar bactérias ou afins.”

Fernando morava com 4 amigos e tinha que enfiar o dildo debaixo da roupa todas as vezes que precisava ir ao banheiro lavá-lo.

Sobre os segredos para guardar seu brinquedo

Tudo arrumadinho.

Hoje, Fernando voltou a morar com a mãe e deixa o acessório na gaveta de cuecas. “Eu me pergunto se minha mãe nunca viu, porque tá num lugar de fácil acesso. Mas também, se ela mexesse ali, estaria errada de estar invadindo meu espaço.”

Grazi comprou o primeiro dildo aos 18 anos, quando dividia o quarto com a mãe e precisava deixar tudo bem escondido. O dildo, por exemplo, morava numa caixa de pasta de dente daquelas grossas. “Inclusive, já aconteceu de acabar a pasta de dente e minha mãe falar: Jura? Eu vi uma caixa cheia por aí em algum lugar”

Como o material era de um silicone um pouco poroso, ela gostava de deixar secar bem antes de guardar. Um dia deixou na estante quando estava sozinha e o esqueceu alí. O irmão chegou e levou um susto.

"Não escondo mas não gostaria que vissem"

Raul mora com o namorado e também divide os brinquedos com ele. Eles deixam tudo guardadinho numa sacola especial dentro do guarda roupa. “Eles são parte da nossa intimidade, a gente não esconde, mas eu não gostaria de deixar num lugar que meus amigos que fossem em casa pudesse ver.”

O Rodrigo, aquele que começou a comprar toys justamente pra usar junto com a namorada, casou com a moça e no quarto, eles reservam uma gaveta que se mantém cheia de artigos.

E há quem não se preocupe tanto assim em esconder

Grazi, a que ficou muito tempo num relacionamento a distância, colocou seu arsenal de brinquedinhos na mala para ir viajar. Um amigo perguntava “Você é louca? Vão passar sua mala no scanner e a Federal vai ver tudo! E se pedirem pra você abrir a mala?”. Ela não ligava. “As pessoas têm uma loucura por esconder as coisas. E daí que vão ver meus toys? Meu Deus! Vão me interrogar porque descobriram que eu me masturbo?”.

Morando fora ela tinha um quarto só para si, com porta e tranca, e dentro dele não fazia a mínima questão de esconder os brinquedinhos. “Eu usava e deixava eles secando na cabeceira. Não era pra exibir, era só porque era prático”.

A ansiedade por um date… com os toys

Grazi ainda conta que usar os toys era como marcar um encontro. Quando morava com a mãe era raro ter o espaço só para si, quando acontecia, rolava uma empolgação de "Hoje tem!". Mesmo quando foi morar fora, tinha que marcar hora com o namorado pra conciliar os fusos horários.

Já Rodrigo não gosta de marcar hora pras coisas e pra ele os toys tem a função exatamente contrária. “Às vezes eu simplesmente pego um escondido e começo a usar nela enquanto a gente tá vendo um filme. É uma forma de abordá-la indiretamente, de demonstrar meu interesse sem ter que marcar hora pra transar.”

Só perdi tempo e dinheiro

Nem todos acham que os resultados valem as adversidades. Alice foi no sexshop 3 vezes na vida. Na primeira comprou uma fantasia, depois comprou as bolinhas que deveriam explodir dentro da vagina e soltar um lubrificante. “Queria surpreender com a explosão interna, mas ele só sentiu uma coisa estranha até a hora que subiu um cheiro de perfume barato e o lençol ficou azul.”

Na próxima ela comprou uma ficha que ao ser passada na chama de uma vela, o calor revelaria posições e sugestões sobre o que os dois deveriam fazer. “Esses toys só nos faziam rir. No final, achei que perdi tempo e dinheiro. ”

Mudou nossa vida

Rodrigo ainda conta que os toys mudaram bastante a vida e a relação dele com a namorada, os dois passaram a se descobrir mais e criaram uma intimidade diferente.

Grazi sente que ganhou superpoderes com o controle interno que aprender com as bolinhas tailandesas e o peso de pompoarismo.

Giovanna, que encomendou um Rabbit pela internet e começou a descobrir novos prazeres, conta: "para mim foi uma maneira de me reafirmar como mulher. Hoje me sinto muito mais segura na hora do sexo e a possibilidade de sentir prazer sozinha, foi incrível e libertador."

No final, vale ao menos a história de Bar

Alguns brinquedos só rendem ciladas, porém, sempre há aqueles que rendem epifanias sexuais e até mesmo seus pequenos nirvanas particulares.

As pessoas perdem vergonhas, criam intimidade a dois, ganham sensações e reformam seu próprios conceitos sobre si com essas ferramentas. Espera-se que dos investimentos sexuais se receba sempre orgasmos com juros e exaltações, mas ainda que ao tentar, se descubra que não é disso que se gosta, ao menos uma coisa foi aprendida sobre as próprias sensações.

Pode ser que ao comprar, o que era pra ser sensual termine em risadas, passado o rubor do vexame. Caso seja assim, ao menos o causo pode virar um boa história de bar.

Conta pra gente sua experiência com sex toys, seja ela uma vitória orgástica ou um vexame divertido!

Mecenas: Olla - Dia do Sexo 6/9

Link Youtube

O dia do sexo não é necessariamente uma data para se fazer sexo. A gente sabe que ele não precisa de uma dia, horário ou local para acontecer.

Agora que o dia do sexo passou, A Olla e o PapodeHomem querem propor algo diferente:

Vamos falar sobre o assunto? Uma conversa aberta com amigos, pais, familiares e parceiros ajuda a promover discussões e quebrar tabus. Se organizar direitinho, todo mundo se abre! Qual é o seu tabu? Responde aqui nos comentários e vamos discutir a relação!

 #DiadoSexo #SóNãoValeTerTabu

 

publicado em 26 de Setembro de 2016, 10:27
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Gabriella Feola

Editora do Papo de Homem e autora do livro "Amulherar-se" . Atualmente também sou mestranda da ECA USP, pesquisando a comunicação da sexualidade nas redes e curso segunda graduação, em psicologia.


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