12 filmes para assistir quando nada está dando certo (ou porque devemos valorizar mais os feel good movies)

Pra você que prefere curtir de uma forma mais calminha, aqui vai uma dica bem bacana

Existe um certo pensamento entre os amantes da sétima arte de que os melhores filmes são aqueles com um roteiro denso, personagens profundos, plot twists e uma análise profunda da psiquê humana, normalmente acompanhado de uma crítica ao ser humano ou ao seu comportamento. Aquele filme que faz você sair do cinema em choque e pensando no que assistiu durante dias, a cada momento descobrindo uma nova faceta que não havia percebido. Em outras palavras, para alguns, os melhores filmes são os famosos filmes cult e o resto é resto.

Pois bem, nada contra esse tipo de filme — ou contra essas pessoas — mas, para mim, um dos verdadeiros méritos de uma obra é alcançar a todos, amante do Woddy Allen ou não. Afinal, em seu cerne, cinema é, acima de tudo, entretenimento.

Seguindo esse pensamento, separei doze filmes para assistir naquele dia em que nada está dando certo e tudo que se precisa é uma nova visão mais otimista da vida e das pessoas. Os chamados feel good movies, que chegam a dar um quentinho no coração — e na vida.

1. Questão de Tempo (About Time, 2013)

Dirigido e escrito por Richard Curtis, "Questão de Tempo" conhecemos Tim (Domhnall Gleeson, de "Ex_Machina: Instinto Artificial"), cujo maior sonho é encontrar o amor de sua vida, e que descobre que os homens de sua família herdam uma habilidade incomum: eles podem viajar para o passado.

Para isso, basta ir para um armário ou lugar escuro, fechar os olhos, cerrar os punhos e focar em um local que se esteve anteriormente.Com essa premissa simples, quase boba, acompanhamos Tim em sua jornada para aprender que alguns momentos valem a pena ser revividos, porém, no final, devemos arcar com as consequências de nossas escolhas e apreciar ao máximo o aqui e agora.

Destaque para as atuações de Rachel McAdams ("Doutor Estranho") como a apaixonante Mary, e de Bill Nighy ("Sua Melhor História") como o pai de Tim.

"Se preocupar com o futuro é tão eficaz quanto resolver uma equação de álgebra mascando chiclete. Os verdadeiros problemas de nossas vidas sempre serão coisas que nunca passaram por nossa cabeça preocupada."

2. Compramos um Zoológico (We Bought a Zoo, 2011)

Cameron Crowe é o típico diretor que poderia ter uma lista dessas feitas somente para ele. Baseada em um história real, "Compramos um Zoológico" mostra o jornalista Benjamin Mee (Matt Damon, de "Perdido em Marte") tendo que lidar com a morte da esposa e com a necessidade de criar seus dois filhos.

Quando seu filho mais velho é expulso da escola, Mee decide arriscar tudo e comprar um zoológico abandonado, para o qual se muda junto com seus filhos, mesmo sem ter a mínima noção de como administrar um negócio do tipo.O filme é um festival de clichês, porém, todos estes típicos desse tipo de obra e todos muito bem executados, abordando a superação do luto e as dificuldades do relacionamento entre pai e filho.

As atuações estão excelentes, Damon faz o papel de um homem frágil e bem-intencionado, enquanto Scarlett Johansson ("Vingadores: Guerra Infinita") faz uma mulher forte que é muito mais do que sua aparência. O elenco adolescente também é ótimo, com destaque para a adorável Maggie Elizabeth Jones, filha de Benjamin, e a talentosa Elle Fanning ("Malévola"). Um filme para toda a família.

“Sabe, às vezes, tudo o que você precisa é de 20 segundos de coragem extrema. Sério, 20 segundos de bravura vergonhosa. E eu prometo que algo ótimo vai acontecer.”

3. A Felicidade Não se Compra (It's a Wonderful Life, 1946)

Outro diretor que poderia tranquilamente ter vários filmes na lista, Frank Capra dirigiu e produziu este clássico do cinema americano. George Bailey (James Stewart, de "Um Corpo que Cai") é um homem bondoso e querido pelos moradores de Bedford Falls que decide se suicidar na noite de Natal. O motivo? O dinheiro do seguro iria para sua família. Nesse momento, o anjo Clarence é enviado para a Terra para mostrar a George a diferença que ele faz na vida das pessoas e, com isso, receber suas asas.

Poucas coisas são tão feel good quanto o período do natal e poucos filmes são tão natalinos quanto esse. A história de como os pequenos gestos de um homem comum, que coloca os outros acime de si, faz uma grande diferença na vida de todos ao seu redor, é absolutamente inspiradora. Uma obra para ver e rever, sempre que se sentir desencorajado e desesperançoso.

“Lembre-se que ninguém é um fracasso se tem amigos”.

4. Escola de Rock (School of Rock, 2003)

Dono de uma das melhores trilhas sonores de todos os tempos, "Escola de Rock" mostra Dewey Finn (Jack Black), um músico que acaba de ser demitido de sua banda e, cheio de dívidas para pagar, aceita dar aulas como professor substituto em uma escola particular de disciplina rígida. Ao notar o talento das crianças com música, ele decide montar uma banda, sem o conhecimento dos pais delas.

Dirigido por Richard Linklater ("Antes da Meia-Noite"), esse é um filme que não traz atuações marcantes ou licões de moral em excesso. Claro, existe a noção de que devemos ser nós mesmos e fazer o que gostamos, se livrando de certas "amarras" da sociedade. Mas o filme é, acima de tudo, divertido pra caramba e vai te fazer dar boas risadas. Jack Black está muito à vontade e todo o elenco infantil é muito bom, inclusive, tocando realmente seus instrumentos. E, ah, não deixa de ser uma bela aula de rock.

“Matemática não é importante! História não é importante! Geografia não é importante! Só o Rock importa!”

5. O Amor Não Tira Férias (The Holiday, 2006)

Iris (Kate Winslet, de "Beleza Oculta") é uma jornalista renomada que, ao descobrir que o homem que ama irá se casar com outra, decide fazer fazer um intercâmbio de casas. Do outro lado do oceano, Amanda (Cameron Diaz, "Sex Tape: Perdido na Nuvem"), uma bem sucedida publicitária, que foi traída por seu namorado, tem a mesma ideia. Ambas se conhecem e trocam de casas por um período, resultando no envolvimento de Iris com o compositor Miles (Jack Black), e de Amanda com Graham (Jude Law, de "A Espiã que Sabia de Menos"), que é irmão de Iris.

Voltando ao clima de natal, "O Amor Não Tira Férias" é uma daquelas típicas comédias românticas que reúne diversos atores renomados em um roteiro com tramas que se cruzam. Normalmente, essa combinação resulta em filme bem fraco com atuacões no modo automático, no entanto, este não é um desses casos. Dirigido pela especialista em comédias Nancy Meyers ("Um Senhor Estagiário"), o filme brilha na atuação de seu elenco e na abordagem leve, entretanto madura, sobre o amor. Seu defeito? Sua duração podia ser um pouco mais curta, porém nada que tire o brilho e a leveza desta obra.

“Nos filmes existem as mulheres protagonistas e suas melhores amigas.Você,lhe asseguro,é uma mulher protagonista,mas não sei por qual motivo,está agindo como a melhor amiga.”

6. Mensagem para Você (You've Got Mail, 1998)

Estrelado pela rainha das comédias românticas dos anos 90, Meg Ryan ("Armadilhas do Amor") e escrito e dirigido por Nora Ephron ("Julie & Julia"), "Mensagem para Você" conta a história Kathleen (Ryan), dona de uma pequena livraria. Ela é noiva, porém todos os dias troca e-mails com um misterioso amigo. Ao mesmo tempo, uma grande rede de livrarias chega em sua cidade, ameaçando acabar com seu negócio que já dura 42 anos. Mal sabe ela que Joe (Tom Hanks, de "The Post: A Guerra Secreta"), o odiado executivo que comanda esta rede, e seu amigo misterioso são mesma pessoa.

Com uma química impecável entre Hanks e Ryan, o filme possui uma leveza e, ao mesmo tempo, uma maior profundidade ao demonstrar como nós podemos ter diferentes facetas em nossa vida "real" e virtual, bem como podemos nos apaixonar por alguém que sequer conhecemos pessoalmente. Outro curioso aspecto é notar que essa trama seria quase impossível nos dias atuais, com Facebook, WhatsApp e stalkers, já que com cinco minutos de produção os personagens já saberiam tudo da vida um do outro. Há um certo charme e romantismo que somente a ausência de tecnologia pode proporcionar. E ainda sobra espaço para uma leve crítica ao capitalismo e as grandes corporações que tiram o espaço dos pequenos negócios.

“Eu ligo meu computador. Espero impacientemente a conexão. Estou on line e minha respiração fica presa até eu ouvir três palavras: Mensagem para você.”

7. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le fabuleux destin d’Amélie Poulain, 2001)

 

Amélie Poulain (Audrey Tatou, de "O Código da Vinci") é uma menina introvertida que, ao se mudar para uma nova casa, descobre no local uma pequena caixa, pertencente ao antigo morador. Ao entregá-la para o antigo dono, ela fica impressionada com a emoção dele. Nesse momento, Amélie entende que o seu propósito de vida é realizar pequenos gestos para as pessoas que a rodeiam.

Com uma direção de arte impecável e uma fotografia excelente, "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" é um longa, acima de tudo, otimista. A interpretação de Tatou transmite toda a suavidade e leveza da personagem, tornando-a crível, enquanto os personagens secundários são interessantes e possuem arcos relevantes. Um filme inspirador, que enfatiza que a beleza está nos pequenos detalhes e que, para sermos felizes, precisamos agir com amor.

“São tempos difíceis para os sonhadores.’’

8. Voando Alto (Eddie The Eagle, 2016)

Baseado em fatos, "Voando Alto" conta a história de Eddie Edwards (Taron Egerton, de "Kingsman"), uma criança inglesa pobre e com problemas físicos, que sempre teve um único sonho: se tornar um atleta olímpico. Ao ser dispensado da equipe de esqui, em razão de sua condição social, ele percebe que sua única oportunidade de competir seria na modalidade salto sobre esqui, já que a Grã-Bretanha não possuía uma equipe do tipo. Para isso, ele conta com a ajuda do ex-atleta Bronson Peary (Hugh Jackman, de "O Rei do Show"), visando as Olímpiadas de Inverno de 1988.

Baseado em uma história real? Check. Um personagem pobre e carismático em uma trama de superação? Check. Um mentor solitário e em busca de redenção? Check. Já dá para notar que é mais um filme repleto de clichês do gênero. Contudo, a obra se destaca na reprodução dos saltos, transmitindo toda a intensidade e dificuldade daquele momento, culminando em um ápice da emoção, no qual é impossível tirar os olhos da tela. Destaque para a direção de Dexter Fletcher e para a atuação de Egerton, que é muito próxima do Edwards da vida real. Um filme que nos ensina a sempre buscar nossos sonhos, ainda que isso signifique que não será exatamente como planejamos.

"Você e eu… Você eu somos como os ponteiros de uma hora e de onze horas. Sabe, nós estamos mais próximos um do outro do que de outras pessoas. Ganhar, perder, tudo isso é para as pessoas pequenas. Homens como nós, nós saltamos para libertar nossas almas. Somos os dois únicos saltadores com chance de fazer história hoje. Se fizermos menos que o nosso melhor, com o mundo inteiro assistindo, isso nos matará por dentro. Para sempre."

9. Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959)

Dirigido pelo histórico Billy Wilder ("Se Meu Apartamento Falasse"), o filme mostra os músicos desempregados Joe (Tony Curtis, de "Spartacus") e Jerry (Jack Lemmon, de "Um Estranho Casal") que, acidentalmente, testemunham o Massacre do Dia de São Valentim e passam a ser perseguidos pela máfia. Forçados a deixar a cidade, eles se disfarçam vestidos de mulheres e adotam as personalidades de Josephine e Daphne, se juntando à banda Swee Sue e suas Sincopadoras. Posteriormente, Jerry se apaixona por Sugar Kane (Marilyn Monroe, de "O Pecado Mora ao Lado") e um milionário cai de amores por Daphne, e ambos tem que lidar com essas situações sem revelar suas verdadeiras identidades.

Considerado por muitos como uma das melhores comédias da história — inclusive sendo para alguns a melhor — , esse é um filme que se mostra bastante à frente de seu tempo. Repleto de nuances (alô, Rogerinho!) e diferentes interpretações, o longa aborda questões delicadas e profundas, tais como interesse amoroso, mudanças de sexo e identidade de gênero. Tudo isso sempre com muita comédia — afinal, ele foi lançado em 1959 — , mas invariavelmente com muita competência e com diálogos marcantes. O trio de atores principais é fenomenal, em especial a incônica Marilyn. E, a cereja do bolo, um dos maiores finais de todos os tempos, com uma lição universal. Um clássico, para ver, rever e trever.

"- Mas você não entende, Osgood! Eu sou um homem!

- Bem, ninguém é perfeito!"

10. Cantando na Chuva (Singin'in in the Rain, 1952)

Em 1927, Don Lockwood (Genne Kelly, de "Sinfonia de Paris") e Lina Lamont (Jean Hagen, de "O Segredo das Jóias") são uma famosa dupla de atores do cinema mudo e que se odeiam fora das telas. Com o crescente sucesso do cinema falado, ambos precisam se adaptar para se manterem relevantes, porém, Lamont falha em razão de sua estranha voz. Para resolver o problema, o estúdio decide que a atriz Kathy Selden (Debbie Reynolds, de "A Flor do Pântano") irá dublar Lamont.

Eu admito, tenho um fraco por musicais, e foi bastante difícil não fazer uma lista somente com eles. "Cantando na Chuva" traz somente uma das mais icônicas cenas da história do cinema, com Gene Kelly em êxtase, plenamente feliz e sem se importar com mais nada, simplesmente cantando e sapateando — e ele gravou essa cena com 39 graus de febre. A obra não deixa de ser uma representação da própria transição de Hollywood para o cinema falado, situação esta também abordada em outros filmes, como "O Artista" (2011). Um filme simples, mas competente como poucos.

“Não há nada entre nós. Nunca houve nada entre nós. Apenas ar.”

11. Meia Noite em Paris (Midnight in Paris, 2011)

Embora condenável como pessoa, Woody Allen é um diretor e roteirista consagrado, sendo responsável por diversas obras marcantes. Em "Meia Noite em Paris", acompanhamos o escritor e roteirista Gil (Owen Wilson, de "Marley & Eu"), que sempre idolatrou os grandes artistas da década de 20. Ao chegar em Paris com sua noiva e a família dela, Gil vai sozinho passear pela cidade e, quando menos espera, misteriosamente realiza seu sonho de viver na Paris dos anos 20.

Utilizando-se de um realismo fantástico e sem muitas explicações, Allen nos transporta através de uma viagem pela cidade e pelo tempo, mostrando que o ser humano nunca se mostra satisfeito com sua própria realidade. Com uma marcante fotografia e repleto de ótimas atuações — incluindo um hilário Adrien Brody como Salvador Dalí — , o filme é leve e despretensioso, mostrando que até mesmo aqueles que idealizamos são repletos de inseguranças. No fim, cabe a nós entendermos que a nossa Belle Époque é aqui e agora.

“Um homem apaixonado por uma mulher de uma época diferente. Vejo uma fotografia. Vejo um filme. Vejo um problema insuperável. Eu vejo… um rinoceronte.”

12. A Nova Onda do Imperador (The Emperor's New Groove, 2000)

Kuzco (dublado por Selton Mello) é um imperador mimado e arrogante, que havia planejado derrubar uma vila de camponeses para construir uma casa de verão. Izma (voz de Marieta Severo) é a conselheira imperial que planeja, com a ajuda de Kronk (voz de Guilherme Briggs), assassinar Kuzco e tomar seu lugar, porém, o plano falha e eles conseguem somente transformar Kuzco em uma lhama. Com a ajuda de Pacha, um dos camponeses que perderia sua casa, Kuzco precisa retornar ao palácio para se transformar de novo em humano e retomar seu trono.

Qualquer filme da Disney/Pixar poderia estar nessa lista, porém, para fugir do lugar-comum, escolhi essa pequena jóia esquecida do estúdio. Repleta de humor non-sense e com um dos melhores trabalhos da dublagem brasileira (sério, veja dublado), "A Nova Onda do Imperador" não é um épico, ou mesmo um clássico, mas as gargalhadas são garantidas. E o sorriso ao final da projeção também.

"O camponês. Na birosca. Ele não pagou a conta."


publicado em 06 de Março de 2019, 12:47
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Giovanni Mosena

25 anos. Advogado. Redator no portal Cinema com Rapadura. Aspirante a escritor/jornalista. Cinema, séries, música, política, esportes, tecnologia.


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